O acesso à educação de
qualidade, acompanhado por ampla proximidade com produtos culturais, como
literatura, poesia, artes plásticas, teatro, atividades esportivas etc., é
fator exponencial para a formação de cidadãos conscientes da necessidade de
trabalhar em prol de uma convivência social pacífica e sob o signo de amor e
respeito pelo próximo.
Assistimos ao clamor da
população brasileira pela eficiência dos órgãos envolvidos com segurança
pública, mas a realidade é que, independentemente do aumento do número de
policiais nas ruas, não há como executar a missão de conter a avalanche de
violência, quando nos vemos diante da decisão, por parte de grande contingente
de pessoas, pela afronta aos preceitos legais, exigindo a impraticável
materialização de colocação de um policial em cada rua, em cada esquina.
Protágoras, filósofo grego
(480 a.C.), afirmava que o Estado que não educa a criança é obrigado, mais
tarde, a castigar o adulto. E é exatamente isso que está ocorrendo com a
juventude brasileira, que se encontra no fulcro da violência, que ceifa a vida
de 11 jovens a cada dia e, ao mesmo tempo, provoca a superlotação de presídios,
solicitando investimento de dinheiro público (economizado na gestão do setor
educacional) na ampliação do sistema presidiário.
Atenta e verdadeiramente, não
podemos denominar como violência apenas a tortura, o espancamento, a
intolerância, o racismo, o preconceito, a pedofilia, o estupro, o roubo, o
assalto, o sequestro, o assassinato e a marca de sangue nas calçadas, pois
temos a nos macular os atos de violência promovidos pelo próprio Estado, que
deixa abandonada, em explícita lição de menosprezo pela vida humana,
significativa gama de brasileiros, que morre de inanição ou à porta de
hospitais e unidades de atendimento público de saúde, sem qualquer oportunidade
de assistência ou socorro médico.
Preocupados e atônitos, indagamos sobre a
porcentagem que cabe às entidades constituídas no tocante ao descalabro da
violência que nos assola. Não conseguimos sequer imaginar o dano psicológico
experimentado pelos que perdem seus entes queridos devido à inoperância do
Estado nas questões de segurança pública e garantia a atendimento médico digno
aos mais pobres e desprovidos de renda suficiente para arcar com planos de
saúde.
Ao passo que as agremiações
partidárias – cada qual se proclamando mais proprietária da democracia que a
outra – se digladiam por cargos e poder –, avança em nós o sentimento de que
problemas como educação, saúde e segurança pública não podem ser revestidos com
cores partidárias e tomados como bandeiras temáticas para inócuos discursos em
palanque eleitoral, uma vez que país embebido no vermelho da sanguinolência e
na letargia da ignorância e do baixo nível educacional de sua gente transforma
o voto democrático e o sufrágio eleitoral em simples ato de unção de
administrações e regimes autoritários, que usam as instituições públicas como
mecanismos de coleta e maquiagem de antigas mazelas e corpos esquálidos, como
se o Estado não passasse de entidade recicladora de miséria, desigualdade,
mesmice, incompetência, indolência, desfaçatez e corrupção generalizada.
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