Ricardo Martins Soares

Filho de portugueses, nasci em
Moçambique onde morei até 1971. Na altura era uma colônia portuguesa, onde além
dos cerca de dez milhões de negros e alguns milhares de indianos, chineses e
mestiços, moravam cerca de 250.000 entre portugueses e descendentes. Com a
independência, a instalação de um regime ditatorial e a guerra civil, tal como
aconteceu aos portugueses de Angola também os de Moçambique tiveram que deixar
a África. Entretanto, milhares de africanos entre angolanos, cabo-verdianos,
guinéus e outros mudaram-se para Portugal onde hoje constituem uma importante
minoria. Residi cerca de 15 anos na Europa, em Portugal e na Itália, onde me
cansei de ouvir e ler comentários em que os portugueses da Africa eram
apontados como "colonialistas", "exploradores dos negros",
etc. Já no Brasil nos manuais escolares a questão da escravatura vem
apresentada como uma barbárie cometida pelos brancos a dano dos negros. Ora,
nestes dias muito se tem falado da imigração em massa de haitianos, na sua
totalidade negros, para o Brasil. Considerando o "histórico" de
exploração a que os negros foram submetidos na Africa e no Brasil, por que
razão eles não escolhem um país africano para viver? Por que não vão para o
Senegal que lhes ofereceu asilo? E os afrodescendentes brasileiros por que não
se interessam por trabalhar e viver na Africa como fazem os italo-brasileiros
que há muitos anos fazem fila nos consulados italianos para se mudar para a
Europa? A razão é simples. Com exceção da Africa do Sul onde há uma minoria
branca digna do nome (10% da população) que mesmo excluída do poder
"toca" a economia daquele país, nenhum outro país africano negro
oferece condições mínimas decentes de vida. Está na hora pois de rever toda
essa literatura esquerdizante que aponta o branco como eterno vilão e o negro
como eterna vítima explorada. Ainda que involuntariamente, ao longo dos últimos
cinco séculos, as duas etnias têm se complementado: o branco com seu espírito
empreendedor e conhecimento técnico, o negro com o auxílio do trabalho braçal,
igualmente necessário ao desenvolvimento de um país. Uma complementaridade que
não existe, por exemplo, entre africanos e asiáticos.
Colaboração: Lilica da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-