Seria bom ter um líder
sindical que percebesse como é que o mundo funciona e trabalhasse com base
nisso em vez de uma ficção criada por um Alemão distante (Marx)
1. Cá está ele, Arménio
Carlos, o Carvalho da Silva 2.0! 56 anos, eletricista de formação. Integrou uma
qualquer subcomissão de trabalhadores da Carris com apenas quatro anos de
profissão. Pelos seus 30 anos torna-se dirigente do Sindicado dos Transportes Urbanos
de Lisboa. Pelos 34 integra a direcção da União dos Sindicatos de Lisboa,
tornando-se seu coordenador por volta dos 41 anos, momento em que passou a
integrar também o Conselho Nacional e Comissão Executiva da CGTP. Aos 56
torna-se o novo líder da CGTP. Paralelamente é membro do Comité Central do PCP
desde 1988.
Mais um a denunciar a
“ofensiva capitalista, patronal e governamental” e a defender os “direitos
adquiridos” dos trabalhadores. Um homem que pouco trabalhou como eletricista a
fazer-se passar por um de “nós”.
Seria bom ter um líder
sindical que percebe de facto os problemas dos trabalhadores. Que não tentasse
fazer-se passar por um de “nós” num ano tão complicado como 2012. Que olhasse
para as diferentes entidades na economia no papel que têm e não no papel de um
qualquer teatro comunista. Patrões como empregadores; capital como
investimento, seja de que nacionalidade for; sindicatos como um grupo
(importante) de interesse e não como uma Madre Teresa dos trabalhadores (mas só
dos empregados). Seria bom ter um líder sindical que percebesse como é que o
mundo funciona e trabalhasse com base nisso em vez de uma ficção criada por um
alemão distante!
Cá está ele, Arménio Carlos, o
Carvalho da Silva 2.0, tão diferente que quase dá vontade de dizer que esta
nova versão tem muito poucas novas funcionalidades.
Isto é um erro. É um erro de
quem passa muito tempo a pensar nas observações e pouco tempo a pensar nas “não
observações”. A esperança média de vida em Portugal ronda os 79 anos (2009). Em
1972, pouco tempo antes de Portugal se tornar uma “democracia ocidental”,
rondava os 68. A idosa mais velha morreu acamada de velhice aos 80, a irmã
tinha cancro e 74 anos. Claro que o que está em questão aqui não é a idade
delas aquando da morte, mas o facto de ninguém ter dado conta destas mortes e
por isso culpa-se o Estado, os media, os familiares e agora a “democracia
ocidental” – seja lá o que isso for!
Claro que qualquer pessoa que
tenha estudado o mínimo de estatística (ou que pense realmente acerca do
assunto com honestidade) tem de se perguntar o seguinte: Quantos idosos
morreram em condições semelhantes mas com alguém a “dar conta” nas “democracias
ocidentais”? São estes milhares de “não observações”, que temos por normal, que
realmente contam o sucesso das democracias (ocidentais ou não).
Título, Imagem e Texto: Pedro Fernandes Antunes, jornal “i”,
30-01-2012Relacionados:
CGTP - Intersindical
Reforma laboral
Gente, é ph... o que acontece em Portugal...
“Concertar” Portugal
Os fantasiados "comentadores" televisivos...
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