segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

[Varig/Aerus] A grande vitória do MMA

Isaías Guimarães
Desde 2006, inúmeras pessoas, que de uma forma ou outra estiveram ligadas à falecida Varig, tais como: sindicalistas, ex-funcionários e respectivos parentes, advogados contratados, políticos em busca de voto, ou simples simpatizantes da causa, todas merecedoras de elogios e agradecimentos, além de promoverem passeatas e eventos de protesto, têm mantido contato freqüente com importantes personalidades de Brasília, como os senadores Paulo Paim e Álvaro Dias, o Advogado Geral da União, e Ministros do STF, dentre outros, pugnando denodadamente para que o governo federal devolva aos aposentados do Aerus o direito do recebimento da aposentadoria pela qual, inocentemente, pagaram durante anos, direito este, que foi objeto de uma verdadeira pilhagem por ex-diretores da malfadada, maltratada, e mal administrada companhia, com anuência explícita do Ministério da Previdência, através de sua mui benevolente Secretaria de Previdência Complementar (SPC), e que converteu-se com sua quebra, ou talvez em função dela, em um verdadeiro butim, dividido entre si, pelos ladrões, que, se justiça houvesse neste país, deveria ser devolvido aos verdadeiros donos ou seja, os aposentados do Aerus.
Pois bem, apesar das ações movidas pelos prejudicados haverem sido acolhidas pelo poder judiciário, o Governo, useiro de maus exemplos, desobedeceu acintosamente, liminar concedida por uma desembargadora  que reconhece a culpa da SPC e obriga o Governo Federal a repor os valores das aposentadorias. Por outro lado, o aparente sucesso em se conseguir o apoio dos já ditos senadores, tornou-se de fato, um grande fracasso, já que seus acalorados discursos têm obtido tanto sucesso, quanto os apelos do papa pela paz mundial.
As alvissareiras novas que aqui anuncio, por ironia do destino, não provêm deste grande esforço dos amigos, nem da interferência política inútil dos senadores, ou mesmo do senso de justiça que norteia os nobres ministros do Supremo. As alvíssaras têm como nascedouro, uma grande tragédia, e a posterior atitude do atual presidente do país, Dr. Paulo Ventura; aliás, o primeiro presidente honesto, que ocupa tal cargo em nosso país, desde a proclamação da República, há 123 anos.
O causador, e ao mesmo tempo vítima da citada tragédia, chamava-se Mané Pato IV, e fazia parte da comunidade MMA (Miseráveis que Morrem Andando), apelido carinhoso e bastante significativo dado aos aposentados do Aerus, lesados pelo governo.
Amargurado pela situação de penúria, e sem perspectiva de solução para o caso Aerus, Mané Pato IV, decidiu acabar com a própria vida, porém achou que sua morte deveria servir para alguma coisa mais, além de fazer cessar seus sofrimentos! Depois de muito matutar, decidiu se tornar um mártir em prol da causa de todos os MMA’s do país. Seu suicídio deveria ocorrer em grande estilo, sob as vistas do presidente do país, e de outras autoridades.
Mané Pato IV aguardou paciente, até que a ocasião surgiu, quando os noticiários televisivos anunciaram que o Presidente Paulo Ventura faria um discurso comemorativo de sua recente vitória, ao fazer aprovar a já famosa “Lei da Responsabilidade”, que obriga apuração dos crimes financeiros cometidos por servidores de todos os níveis, no prazo de 90 dias e estabelece pena dobrada aos autores, quando condenados.
O presidente falaria ao povo, desde a sacada do palácio presidencial, como era seu costume, e assim, todos poderiam vê-lo e ouvi-lo.
Mané, ajudado por alguns amigos preparou o local de seu holocausto, em frente ao palácio, porém a uma distância razoável. Com algumas peças de madeira, construiu uma espécie de patíbulo, porém de forma que as pessoas pensassem tratar-se de um recurso a ser utilizado na obtenção de uma melhor visão durante o discurso do Presidente.

Courtesy Keystone/Getty Images
A ação foi rápida e fulminante! Assim que o Presidente iniciou seu discurso, Mané subiu no patíbulo, e já com as roupas encharcadas de gasolina, ateou fogo às próprias vestes! Não houve tempo de socorrê-lo, e Mané Pato IV, um MMA, perdeu a vida diante de todos, inclusive do Presidente Paulo Ventura, que teve em mãos, logo após a trágica ocorrência, um panfleto que havia sido distribuído, e que esclarecia com detalhes, as razões do gesto tresloucado cometido.
Diante da situação inusitada, após serem promovidas as investigações determinadas, o Presidente Paulo Ventura emitiu decreto presidencial de caráter urgente, determinando a retomada dos pagamentos aos aposentados do Aerus, esclarecendo no próprio decreto, que por se tratar de reparação de atos ímprobos cometidos por empresários e servidores contra idosos, a ação carecia de extrema urgência, podendo, pois, ser coberta com recursos da DRU, e ao mesmo tempo, determinou que os culpados pelas ações ou pelas omissões, fossem investigados e responsabilizados pecuniariamente, independente das eventuais sanções criminais.

Que bom seria se, neste caso, a vida pudesse, de fato, imitar a arte!

Título e Texto: Isaias Guimarães, 22-01-2012
Isaías é autor do livro “Vale a pena? A história de um Mané Pato”, transcrito neste blogue a partir daqui.
 
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