
Como não sou nem economista,
nem sociólogo, o que é uma desvantagem na compreensão plena e na análise da
actual situação, mas um ponto a meu favor quando se trata de rejeitar o
pessimismo, pensar que posso ser mais eficaz no meu trabalho ou apostar na
sobrevivência – da UE, do euro, do estilo de vida ocidental, do estado social e
da soberania nacional –, acredito que os nossos maiores trunfos estejam tanto
na capacidade de resistência à adversidade e na recusa em jogar a toalha ao
chão, como no espírito empreendedor e na determinação na regeneração do tecido
empresarial.
Sem mais empresas, novas e
renovadas, e especialmente a funcionar melhor – muitas, mesmo muito melhor –
não diminuiremos os níveis de desemprego, não cobraremos mais impostos, não
recuperaremos a economia, não sairemos deste buraco. E como 2012 não poderá ser
ainda, infelizmente, um ano de criação de emprego, seria bom, seria decisivo,
que gestores e empresários se empenhassem a sério no emagrecimento saudável das
suas organizações, e que os sindicatos se dedicassem enfim a proteger quem
trabalha, desistindo da perniciosa protecção aos parasitas que pagam quotas.
Quando refiro um emagrecimento
saudável, sei do que estou a falar. Em Portugal, e ao contrário do que por
vezes se julga, não foi só o Estado que engordou. Há imensas empresas
superendividadas, algumas já sem hipótese de recuperação, porque não se focaram
nos resultados, porque não quiseram substituir o compadrio pela competência,
porque se deixaram iludir na contratação de vendedores de ilusões, porque foram
vulneráveis à intriga dos quadros e à criação de poderes paralelos, sempre
imobilizadores, porque lhes faltou coragem a eliminar privilégios, combater
vícios, identificar inutilidades, afastar amigalhaços. Eis o drama: sem que
essa mudança de mentalidades e de procedimentos se faça, e em todo o lado, o
país não andará para a frente.
Título e Texto: Alexandre
Pais, Sábado nº 401, 05-01-2012
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