sexta-feira, 14 de março de 2014

Após duas greves de fome, aposentado da Varig comemora decisão do STF


Diana Figueiredo
Demorou 21 anos para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgasse a ação que condenou a União a indenizar a Varig pelas perdas provocadas pelo congelamento de tarifas aéreas durante o Plano Cruzado (outubro de 1985 a janeiro de 1992). Para pressionar a Justiça, o ex-comissário José Manuel da Rocha da Costa, de 67 anos, chegou a fazer duas greves de fome no ano passado, no Aeroporto Santos Dumont. Agora, com a decisão do STF, o aposentado considera a medida uma vitória.

— Vejo como um alívio, mas muita gente morreu esperando essa decisão. Foram 21 anos de espera, e isso, para mim, é a maioridade de uma irresponsabilidade do judiciário. Considero que foi mais uma vitória política do que da Justiça — diz Costa, lamentando os votos contrários e a morosidade dos ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Este último ficou mais de seis meses analisando o processo.

Atualmente, José Manuel recebe cerca de R$ 600 de aposentadoria, mas acredita que deveria receber R$ 8 mil. A esposa, Maria Irene Nunes da Costa, de 60 anos, também ex-comissária ganha R$ 300, enquanto estima que poderia receber R$ 5 mil. Para complementar a renda da família, os dois trabalham em uma loja. No caso de Costa, a aposentadoria do fundo de pensão Aerus deve deixar de ser paga em três ou quatro meses.

— O pagamento das dívidas trabalhistas tem que ser imediato. Sabemos que o dinheiro não vai sair amanhã, e isso vai depender de como nós (aposentados e ex-funcionários) vamos nos posicionar. Pelo estatuto do idoso, temos prioridade nas decisões judiciais, e são de 8 a 10 mil aposentados do fundo de pensão Aerus — explica.

Com esperança de que não precise mais fazer greves de fome, o ex-comissário desabafa:
— Foram dois períodos de 15 dias no aeroporto. Um em julho e outro em agosto no ano passado. Eu tinha que fazer isso para mostrar para o ministro (Joaquim Barbosa) que ele não poderia ficar com o processo parado — diz, acrescentando que agora espera a distribuição do recursos.

Pelos cálculos da União, seriam R$ 3 bilhões. Já segundo os credores, a dívida poderia passar de R$ 6 bilhões. O valor correto será definido quando o processo judicial for, de fato, executado. O Aerus, fundo de pensão dos ex-funcionários da Varig, é um dos credores da companhia aérea que faliu em 2006.

Início do fim - A Varig começou a dar sinais de declínio na década de 1990, após anos de congelamentos de tarifas e má administração da companhia. A situação piorou em 2000, com o crescimento da TAM e a criação da Gol. A Varig entrou em recuperação judicial em 2005.

Falência - Em 2006, a parte boa da empresa foi vendida à sua subsidiária Varig.Log. No ano seguinte, foi repassada à Gol. A parte podre teve a falência decretada em 2010, deixando uma dívida com o Aerus.

Responsabilidade - A Varig renegociou a dívida com o Aerus 21 vezes, com o aval do governo federal. Por isso, a União foi ré na ação.
Título, Imagem e Texto: Diana Figueiredo, EXTRA, 14-03-2014

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