Maria Lucia Victor Barbosa
As espirais da vida, em que
pese repetirem através da história a essência da humanidade e seus
comportamentos, muitas vezes desnorteiam e apontam para desfechos inesperados.
É como se atirássemos em algo e acertássemos em outro. E isso acontece porque,
como ensinou Nicolau Maquiavel, temos a tendência de imaginar as coisas como
queremos que sejam e não como elas são. Por exemplo, não é incomum
ocorrer frustrações em negócios provavelmente promissores, em previsões de
economistas e videntes que dificilmente dão certo, em expectativas com relação
a pessoas que pareciam uma coisa e reagiram de outro modo.
Evidentemente, as espirais ou
constantes que vem e vão através dos fatos podem ser manipuladas, forjadas para
apontar artificialmente em certas direções e, assim, manejar aspirações e
sentimentos. Nesse aspecto se distingue o poder político, especialmente o
governamental, que é capaz de forma eficiente de utilizar técnicas de
manipulação e táticas de convencimento da opinião pública.
Campanhas são momentos
privilegiados em que as técnicas e táticas se evidenciam com vigor.
O marketing, então, se torna
preciosa arte de construir imagens que agradem aos eleitores e marqueteiros
ensinam candidatos a falar, a se expressar corporalmente, a se comportar e, sobretudo,
a representar no palco iluminado da política.
No caso do PT, além de se orientar pelo marqueteiro funciona com seu próprio modo de ser e sempre utilizou as seguintes táticas: a mentira, a intimidação, a repetição como mantras de certas ideias como aquelas que denigrem o oponente, a atribuição aos outros dos próprios erros, o incitamento ao ódio entre ricos e pobres e entre negros e brancos, o posicionamento petista como único capaz de proteger e salvar os pobres e oprimidos. Enfim, petistas são maniqueístas: nós somos os bons, os demais são os ruins.
E tem as pesquisas usadas como
táticas de campanha, que também podem induzir e confundir eleitores. Nesta
eleição ficou evidente no primeiro turno que os grandes institutos erraram feio
e muito. Naturalmente, eles se defendem, mas tudo indica que se confirmaram as
palavras do ministro e estadista inglês de origem judaica, Disraeli: “a
estatística é uma forma nobre de mentira”.
Façamos, então, um pequeno
cálculo com relação ao primeiro turno para ver se o inglês tinha razão:
A última pesquisa IBOPE/TV
Globo e Estadão de 04/10 mostrava o seguinte resultado:
Dilma 40%
Aécio 24%
Marina 21%
A pesquisa Datafolha/Jornal
Folha de S. Paulo e TV Globo na mesma data apontava para:
Dilma, 40%
Aécio 24%
Marina 22%
Pois bem, 142.822.046 foi o
total de votantes. 104.023.802 foram os votos válidos, ou seja, 38.798.244
brasileiros votaram em branco, anularam o voto ou se abstiveram de votar o que
significa 27,17% dos votos válidos.
De acordo com os votos
válidos, 104.023.802, tivemos a seguinte situação pelo TSE:
Dilma teve 43.267.668 votos,
que representam 41,59% dos votos válidos.
Aécio teve 34.897.211 votos
que representam 33,55% dos votos válidos.
Marina teve 22.176.619 votos
que representam 21,32% dos votos válidos.
Tomando em consideração o
total de votantes, 142.822.046, que é base de cálculo dos institutos de
pesquisa teremos o seguinte resultado:
Dilma teve 43.267.668 votos
que representam 30,29% do total de votos.
Aécio teve 34.897.211 votos,
que representam 24,43% do total de votos.
Marina teve 22.176.619 dos
votos que representam 15,53% do total dos votos.
Como se vê, as pesquisas
erraram muito. Mas deixemos a aridez dos cálculos onde se utilizou a regra três
e vejamos algumas notícias da economia:
O Estado de S. Paulo -
30/08/2014: investimento e indústria afundam e o Brasil entra em recessão.
O Estado de S. Paulo –
11/09/2014: prévia da FGV indica piora no emprego.
Folha de S. Paulo –
01/10/2014: economia do governo desaba para 10% da meta deste ano.
O Estado de S. Paulo –
09/10/2014: com a inflação tendo atingido 6,75% em doze meses o secretário de
Política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, recomendou ontem o
seguinte: “os brasileiros têm uma série de outros produtos substitutos para a
carne, como frangos e ovos, que vêm representando comportamento benigno este
ano”.
Na Revolução Francesa a rainha
Maria Antonieta mandou dar brioche ao povo que pedia pão e acabou guilhotinada.
As espirais da história às vezes se repetem com outras formas e com sinais
trocados, mas sempre com a mesma essência humana. A presidente/candidata que se
cuide.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, Socióloga,
10-10-2014
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