Luciano Henrique
Aécio termina a fase dos
debates com uma marca: é o debatedor global. Parece que realmente ele deixa o
seu melhor para o debate da Globo. Foi assim no primeiro turno e o mesmo
ocorreu agora.
Para ser sincero, eu achava
que Dilma ia “dar um perdido” e nem aparecer depois da publicação da Revista
Veja. A impressão que se tem é que ela compareceu de má vontade. Estava com
cara de poucos amigos. Parecia mais deslocada que padre na zona.
Foram quatro blocos no total,
sendo dois focados em confrontos (os blocos 1 e 3) e outros dois com perguntas
de eleitores indecisos (os blocos 2 e 4).
Começarei tratando dos
confrontos diretos onde, em linhas gerais, Aécio ganhou quase todos.
Seu estilo era muito mais
sereno do que no debate do SBT, mas com muita contundência. Basicamente ele
parece ter sido orientado a mostrar menos agressividade corporal e maior
assertividade argumentativa. Como o PT tinha lançado o frame “agressivo” sobre
ele, essa foi uma ótima decisão.
Quanto a Dilma, nunca a vi
gaguejar tanto. Se perdia nas respostas. Parecia até alguém com DDA (distúrbio
de déficit de atenção) em estágio avançado. Mas se é assim, devia ter tomado
Ritalina.
Aécio a questionou sobre
corrupção ao lembrar o caso da Veja, mencionando também que a campanha do PT é
uma das mais sórdidas da história. Ela disse que a acusação da Veja é falsa.
Ele lembrou que na delação premiada o réu pode perder o benefício se não
trouxer provas. Quando ele também lembrou que a revista Istoé falava da
campanha de baixarias do PT, Dilma disse que as duas revistas são contra o
governo dela. Patético.
Quando Dilma levou a questão
do mensalão mineiro ao debate, Aécio lembrou que o principal acusado é Walfrido
dos Mares Guia, coordenador da campanha dela. A candidata ainda usou o truque
“todos soltos”, em relação aos casos de corrupção alegados para o PSDB. Aécio
lembrou que o PT está há 12 anos no poder e não conseguiu prender nenhum desses
que estão “todos soltos”.
Aécio lançou outra pergunta
fatal sobre corrupção: “Dilma, você vê os mensaleiros como heróis ou
criminosos?”. Ela não respondeu, mesmo ele tendo cobrado dela a resposta mais
de uma vez.
Sobre inflação, Dilma deu uma
de maluca, ao dizer que se ela entregou o governo com inflação maior do que
recebeu, o governo FHC também. Aécio corrigiu o absurdo dela, lembrando-a que a
inflação do início do governo de FHC era de 916%, concluindo em 12%. Em outro
momento, Aécio a questionou: “A senhora quer dizer que foram vocês que
controlaram a inflação, não nós?”.
Sobre o motivo para os gastos
com o Porto de Cuba serem secretos, Dilma enrolou até não poder mais e… não
respondeu.
No estilo defendido por este
blog, ao ser questionado sobre o Minha Casa, Minha Vida, Aécio lembrou que ela
tem feito terrorismo para dizer que as pessoas não terão mais o programa se o
PT perder. Ele confirmou que o terrorismo do PT é, como sempre, injustificado.
Quando o assunto foi a crise
de abastecimento de água em São Paulo, Aécio foi muito bem ao apontar o
problema do governo federal, pois o PT aparelhou a ANA (Agência Nacional de
Águas), prejudicando a parceria com o governo do estado. Em uma tentativa de
lançar shaming sobre Aécio, Dilma disse que não planejar no estado mais rico do
país é “uma vergonha’. Ela citou o humorista Zé Simão ao falar do “Meu Banho,
Minha Vida” – atenção, pessoal da Internet, isso deve pegar mal para ela em
relação ao eleitorado paulista, pois usar chacota nesse momento é um extremo
desrespeito com uma população sofrendo um problema climático. Aproveitem o
momento. Ainda assim, Aécio lembrou da transposição do São Francisco, obra que
era para 2010 e até agora, 2014, está inacabada. Ele lembrou que a marca do
governo Dilma é a falta de planejamento.
Quando o assunto foi
financiamento empresarial de campanha, Aécio lembrou que o PT é o partido que
mais recebeu verbas para fazer campanha, chegando a fazer um aporte de 40
milhões no fim do segundo turno.
Como Dilma não aparece no
Planalto há mais de 30 dias, Aécio perguntou: “Quem está governando o Brasil,
candidata?”. Pânico. Essa foi a expressão de Dilma neste momento. Ela ainda
tentou dizer que “está fazendo todas as obrigações”, mas é fato que ela está
dedicada à campanha.
Você já deve ter notado que
para Dilma o mar não estava para peixe, certo?
Mas a coisa piorou ainda mais
no momento em que os indecisos puderam fazer perguntas para os candidatos, pois
Dilma simplesmente não sabe lidar com o povo. Ela ficou nitidamente mais
nervosa, ao passo que Aécio estava se sentindo em casa.
Foi aí que surgiu um dos
grandes momentos de Aécio, ao dizer que a melhor medida contra a corrupção não
depende de nenhuma lei, nem do Congresso: basta tirar o PT do poder.
Em outro momento Dilma surgiu
com um argumento bizarro, que, se devidamente explorado, pode queimar
definitivamente sua imagem. Ocorre que uma economista, qualificada, disse que
aos 55 anos não conseguia arrumar colocação. Acredite se quiser, Dilma
recomendou um curso no SENAI. Uma mistura de falta noção com ausência de
sensibilidade. Seria cômico se não fosse trágico.
O placar do debate foi Aécio 9
x 3 Dilma. Considerando o mar de lama no qual o PT está se afogando depois das
revelações da Veja e o ótimo desempenho de Aécio no debate, a situação petralha
se complicou.
Uma referência final se faz
necessária: ao avaliarmos o desempenho de Aécio Neves nos debates vemos uma
grande diferença em comparação com José Serra e Geraldo Alckmin. Era irritante
vê-los tomar sova atrás de sova de Lula e Dilma. Já Aécio se porta realmente
como alguém de oposição, capaz de deixar Dilma em maus lençóis. Aécio foi
muito, mas muito melhor que a equipe responsável por seu programa eleitoral.
Se eu faria outras perguntas?
Faria. Se eu seria mais contundente? Com certeza. Mas não podemos ter tudo.
Entendo que pelo domínio dos assuntos que tinha, se ele não foi perfeito, ao
menos venceu o debate mais importante do segundo turno com uma confortável
vantagem.
Agora ainda temos um trabalho
pela frente: selecionar os melhores momentos do debate (e os piores de Dilma,
como o momento grotesco onde ela sugere o SENAI para uma economista qualificada
à busca de emprego) e torná-los virais na Internet.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 25-10-2014
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Perfeita a descrição do senhor Luciano Henrique sobre o que aconteceu ontem no debate da Rede Globo. Aécio Neves venceu de goleada o que deve lhe ter rendido muitos votos de eleitores indecisos. Dilma mais parecia um carro rateando, tal a gagueira que atrapalhava a sua dicção. E o resultado final do debate deve ter ficado mais terrível ainda para o PT, depois que vândalos petistas quase destruíram o prédio da Revista Veja, materializando aquela ameaça do Lula: "Eles não sabem o que seremos capazes de fazer para manter Dilma no comando da nação." Gostei também da resposta do Aécio rebatendo a acusação da Dilma, de que foi o PSDB o criador do Fator Previdenciário e não eles, escutando o que não queria (o que também não me canso de falar para quem ainda não entendeu): > de fato foi FHC que implantou o Fator Previdenciário num momento crítico da Previdência. Mas este Fator já tinha sido derrubado pelo Congresso, sendo que o presidente Lula vetou! < Amigos eleitores, principalmente aposentados: Esqueçam FHC e vamos amanhã às urnas para dar uma oportunidade a Aécio de tentar concertar este país, porque mostrou ser capaz de ser um presidente íntegro,com espírito de liderança, que há muito vem faltando ao Brasil.
ResponderExcluirAlmir Papalardo.