sábado, 25 de outubro de 2014

Avaliação do debate na Globo, 23 de outubro

Luciano Henrique
Aécio termina a fase dos debates com uma marca: é o debatedor global. Parece que realmente ele deixa o seu melhor para o debate da Globo. Foi assim no primeiro turno e o mesmo ocorreu agora.

Para ser sincero, eu achava que Dilma ia “dar um perdido” e nem aparecer depois da publicação da Revista Veja. A impressão que se tem é que ela compareceu de má vontade. Estava com cara de poucos amigos. Parecia mais deslocada que padre na zona.

Foram quatro blocos no total, sendo dois focados em confrontos (os blocos 1 e 3) e outros dois com perguntas de eleitores indecisos (os blocos 2 e 4).

Começarei tratando dos confrontos diretos onde, em linhas gerais, Aécio ganhou quase todos.

Seu estilo era muito mais sereno do que no debate do SBT, mas com muita contundência. Basicamente ele parece ter sido orientado a mostrar menos agressividade corporal e maior assertividade argumentativa. Como o PT tinha lançado o frame “agressivo” sobre ele, essa foi uma ótima decisão.

Quanto a Dilma, nunca a vi gaguejar tanto. Se perdia nas respostas. Parecia até alguém com DDA (distúrbio de déficit de atenção) em estágio avançado. Mas se é assim, devia ter tomado Ritalina.

Aécio a questionou sobre corrupção ao lembrar o caso da Veja, mencionando também que a campanha do PT é uma das mais sórdidas da história. Ela disse que a acusação da Veja é falsa. Ele lembrou que na delação premiada o réu pode perder o benefício se não trouxer provas. Quando ele também lembrou que a revista Istoé falava da campanha de baixarias do PT, Dilma disse que as duas revistas são contra o governo dela. Patético.

Quando Dilma levou a questão do mensalão mineiro ao debate, Aécio lembrou que o principal acusado é Walfrido dos Mares Guia, coordenador da campanha dela. A candidata ainda usou o truque “todos soltos”, em relação aos casos de corrupção alegados para o PSDB. Aécio lembrou que o PT está há 12 anos no poder e não conseguiu prender nenhum desses que estão “todos soltos”.

Aécio lançou outra pergunta fatal sobre corrupção: “Dilma, você vê os mensaleiros como heróis ou criminosos?”. Ela não respondeu, mesmo ele tendo cobrado dela a resposta mais de uma vez.

Sobre inflação, Dilma deu uma de maluca, ao dizer que se ela entregou o governo com inflação maior do que recebeu, o governo FHC também. Aécio corrigiu o absurdo dela, lembrando-a que a inflação do início do governo de FHC era de 916%, concluindo em 12%. Em outro momento, Aécio a questionou: “A senhora quer dizer que foram vocês que controlaram a inflação, não nós?”.

Sobre o motivo para os gastos com o Porto de Cuba serem secretos, Dilma enrolou até não poder mais e… não respondeu.

No estilo defendido por este blog, ao ser questionado sobre o Minha Casa, Minha Vida, Aécio lembrou que ela tem feito terrorismo para dizer que as pessoas não terão mais o programa se o PT perder. Ele confirmou que o terrorismo do PT é, como sempre, injustificado.

Quando o assunto foi a crise de abastecimento de água em São Paulo, Aécio foi muito bem ao apontar o problema do governo federal, pois o PT aparelhou a ANA (Agência Nacional de Águas), prejudicando a parceria com o governo do estado. Em uma tentativa de lançar shaming sobre Aécio, Dilma disse que não planejar no estado mais rico do país é “uma vergonha’. Ela citou o humorista Zé Simão ao falar do “Meu Banho, Minha Vida” – atenção, pessoal da Internet, isso deve pegar mal para ela em relação ao eleitorado paulista, pois usar chacota nesse momento é um extremo desrespeito com uma população sofrendo um problema climático. Aproveitem o momento. Ainda assim, Aécio lembrou da transposição do São Francisco, obra que era para 2010 e até agora, 2014, está inacabada. Ele lembrou que a marca do governo Dilma é a falta de planejamento.

Quando o assunto foi financiamento empresarial de campanha, Aécio lembrou que o PT é o partido que mais recebeu verbas para fazer campanha, chegando a fazer um aporte de 40 milhões no fim do segundo turno.

Como Dilma não aparece no Planalto há mais de 30 dias, Aécio perguntou: “Quem está governando o Brasil, candidata?”. Pânico. Essa foi a expressão de Dilma neste momento. Ela ainda tentou dizer que “está fazendo todas as obrigações”, mas é fato que ela está dedicada à campanha.

Você já deve ter notado que para Dilma o mar não estava para peixe, certo?

Mas a coisa piorou ainda mais no momento em que os indecisos puderam fazer perguntas para os candidatos, pois Dilma simplesmente não sabe lidar com o povo. Ela ficou nitidamente mais nervosa, ao passo que Aécio estava se sentindo em casa.

Foi aí que surgiu um dos grandes momentos de Aécio, ao dizer que a melhor medida contra a corrupção não depende de nenhuma lei, nem do Congresso: basta tirar o PT do poder.

Em outro momento Dilma surgiu com um argumento bizarro, que, se devidamente explorado, pode queimar definitivamente sua imagem. Ocorre que uma economista, qualificada, disse que aos 55 anos não conseguia arrumar colocação. Acredite se quiser, Dilma recomendou um curso no SENAI. Uma mistura de falta noção com ausência de sensibilidade. Seria cômico se não fosse trágico.

O placar do debate foi Aécio 9 x 3 Dilma. Considerando o mar de lama no qual o PT está se afogando depois das revelações da Veja e o ótimo desempenho de Aécio no debate, a situação petralha se complicou.

Uma referência final se faz necessária: ao avaliarmos o desempenho de Aécio Neves nos debates vemos uma grande diferença em comparação com José Serra e Geraldo Alckmin. Era irritante vê-los tomar sova atrás de sova de Lula e Dilma. Já Aécio se porta realmente como alguém de oposição, capaz de deixar Dilma em maus lençóis. Aécio foi muito, mas muito melhor que a equipe responsável por seu programa eleitoral.

Se eu faria outras perguntas? Faria. Se eu seria mais contundente? Com certeza. Mas não podemos ter tudo. Entendo que pelo domínio dos assuntos que tinha, se ele não foi perfeito, ao menos venceu o debate mais importante do segundo turno com uma confortável vantagem.

Agora ainda temos um trabalho pela frente: selecionar os melhores momentos do debate (e os piores de Dilma, como o momento grotesco onde ela sugere o SENAI para uma economista qualificada à busca de emprego) e torná-los virais na Internet.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 25-10-2014

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Um comentário:

  1. Perfeita a descrição do senhor Luciano Henrique sobre o que aconteceu ontem no debate da Rede Globo. Aécio Neves venceu de goleada o que deve lhe ter rendido muitos votos de eleitores indecisos. Dilma mais parecia um carro rateando, tal a gagueira que atrapalhava a sua dicção. E o resultado final do debate deve ter ficado mais terrível ainda para o PT, depois que vândalos petistas quase destruíram o prédio da Revista Veja, materializando aquela ameaça do Lula: "Eles não sabem o que seremos capazes de fazer para manter Dilma no comando da nação." Gostei também da resposta do Aécio rebatendo a acusação da Dilma, de que foi o PSDB o criador do Fator Previdenciário e não eles, escutando o que não queria (o que também não me canso de falar para quem ainda não entendeu): > de fato foi FHC que implantou o Fator Previdenciário num momento crítico da Previdência. Mas este Fator já tinha sido derrubado pelo Congresso, sendo que o presidente Lula vetou! < Amigos eleitores, principalmente aposentados: Esqueçam FHC e vamos amanhã às urnas para dar uma oportunidade a Aécio de tentar concertar este país, porque mostrou ser capaz de ser um presidente íntegro,com espírito de liderança, que há muito vem faltando ao Brasil.
    Almir Papalardo.

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