Jonathas Filho
Quando se quer redigir
qualquer situação a ser romanceada, ligada ao amor, mesmo com lances dramáticos
ou tristes, basta deixar o coração falar e tudo fluirá docemente, facilmente, espontaneamente...
Mas se o contexto for sobre
decepções, tristezas, derrotas e revolta, quem
falará por nós?
Mesmo sabendo que o organismo
tem a união de todos os outros órgãos e que a princípio estão bastante “jururus”,
solicitei a todos que explicassem o que sentiram com relação aos acontecimentos
que temos experimentado e que nos tem quase levado ao desespero.
Com o sofrimento estampado, falaram
tão baixo e de uma forma imperceptível que eu não escutei, razão pela qual pedi
que repetissem e então “eles” num tom mais elevado disseram uníssonos: NÓS
MESMOS FALAREMOS, MAIS CEDO OU MAIS TARDE!!!
Sim, todos os órgãos sofrem
quando temos esse conjunto de vicissitudes nos entregando à amargura da
desilusão. Mais uma vez, mais sofrimento e decepção nos são impostos pelo poder
central.
Perguntei aos órgãos vitais,
eles concordaram em falar e me foi explicado por cada um o seguinte:
O fígado disse que passa a
fabricar mais bílis, trazendo um gosto amargo e ruim à boca;
Os rins afirmaram que diminuem
o ritmo de filtragem mantendo uma dosagem de toxidade perigosa no sangue;
O pâncreas exclamou que não
libera a quantidade certa de insulina e compromete a glicose que deve ser
adicionada à célula, criando assim aquela sensação de prostração e falta de
disposição;
Os pulmões, pela respiração
curta e rápida prejudicam a fala que, comprometida, não consegue se expressar a
contento;
A glândula suprarrenal informa
que nesses casos, costuma abrir a torneira da adrenalina com consequente aumento
da pressão arterial;
O coração explicou que isso
tudo faz com que ele aumente a frequência de batimentos e dispara em
taquicardia;
O cérebro, comandante de todo esse
sistema, comenta que mesmo sendo aconselhado pelo hipotálamo, através do
sistema límbico, “vai dar um tempo”, e esquecer das mazelas, porém, entra em
conflito com o lobo frontal que decide pensar em qual atitude deve tomar com
relação aos problemas constantes dessa amargura. Coisas da sinapse: há que se estabelecer
alguma forma de censura aos neurônios fofoqueiros, diria uma “consciência”
autoritária e prepotente.
Outros órgãos também se
pronunciaram:
O estômago disse que ao tentar
digerir tal situação, parece que levou um soco tipo “punch” de um pugilista
peso-pesado;
Os intestinos garantiram que
devido a mais esse sofrimento, entrarão em greve pois já basta de tanta m.... feita
nesse tempo de mais de oito anos;
A língua e as papilas
gustativas declaram que estão com esse gosto, éca;
Os olhos lacrimejantes e
cabisbaixos, dizem tudo, só não entende quem não quer;
As fossas nasais não quiseram
se manifestar porque estão na fossa;
Os ouvidos dizem que são todo
ouvidos, e apesar de terem sido feitos de penico até então afirmam que basta de
blá-blá-blá;
Os dedos, ah... sempre cuidadosos
pedem calma e acima de tudo... tato;
E a bolsa escrotal grita que está de saco cheio!!!
Como sempre, outros órgãos que
deveriam participar e dar sua colaboração, se empenhando para dar mais força a
esse organismo e cerrando fileiras contra os abusos que lhes são perpetrados,
também se fazem de mortos e assim continuam como dentes que nem se apresentam,
mãos que só dão tchau, ainda assim de longe... é claro, unha e carne que só
conversam entre si, veias onde parece não correr sangue, cabelos que se
distanciam uns dos outros não querendo nem fazer par, carecas escorregadias, narizes
empinados que escorrendo, saem correndo, glote que diz que não participa porque
está cansada de engolir sapos, etc etc etc...
Certamente, todos sabem que nossos
corpos respondem a tudo, independentes dos tipos de doenças até mesmo de conflitos
existenciais ou circunstanciais. Esses problemas que estão sempre nos rondando
não são patológicos. São emocionais e nos traumatizam profundamente. E matam!!!
São as concussões cerebrais
causadas pelas pauladas dos recursos indesejáveis;
são engulhos que nos reviram
as tripas, resultantes de pedidos de vistas que não são à vista e sim a prazo,
mas prazo tão dilatado que se perde de vista;
são escoriações com dores
lancinantes das chicotadas em nossos lombos resultantes de embargos nem um
pouco razoáveis enfim, são punhaladas que podem ter levado para o andar de cima
mais de 1.200 participantes nessa luta desigual. Isso tudo é altamente
contagiante e deixa profundas marcas e indeléveis sequelas.
Temos de ser fortes e
equilibrados para aguentar o tranco e não podemos jamais deixar que a depressão
se apodere das nossas mentes nos prejudicando mais do que já estamos. Nossos
corpos e nossos órgãos já falam por nós,
mesmo sem pedirem os bônus das delações premiadas pois, as sequelas que estamos
apresentando expõem tudo, tintim por tintim.
Apesar de nos mostrarmos como
guerreiros, nossos “escudos” precisam ser mais bem cuidados. Vamos nos proteger
pessoal, pois as batalhas continuam e a vitória dessa guerra pode estar bem
próxima.
Se queremos Paz, devemos estar
bem preparados emocionalmente para todos os contratempos.
Mens sana in corpore sano.
Título, Imagens e Texto: Jonathas Filho, 31-10-2014
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