Vitor Cunha
A neo-tradicional hipocrisia
ocidental, a da “chega de austeridade”, tem a vantagem de purgar sentimentos de
culpa por barreiras necessárias à imigração descontrolada. Da mesma maneira que
“não se aguenta mais” o corte na pensão do Dr. Bagão Félix, algo manifestado
nos media com histórias hiperbolizadas de fome que automaticamente
desaparecerão quando o Dr. Costa proceder ao milagre da multiplicação do
crescimento, lamenta-se o tratamento desumano que consiste em erguer barreiras
que evitam milhares de novos beneficiários do Estado Social, o tal que é
declarado morto sempre que o PSD está no governo. Em Espanha é igual.
Na visão mais benignamente
humanista-porque-sim-e-parece-sempre-bem, estaríamos dispostos a permitir a
entrada de toda a gente oriunda de África que quisesse entrar e, em simultâneo,
conseguiríamos manter o discurso do aumento do salário mínimo “pela dignidade”?
Certamente que sim: a lógica nunca foi abundante nos auto-consagrados
detentores da moral. O que isto demonstra é que este povo retratado pelos media
ainda não sabe o que quer: não é possível defender o proteccionismo dos
privilégios que já não conseguimos pagar e alargar a base de protecção social a
um número crescente de imigrantes em busca do mesmo.
As barreiras são feias mas
necessárias. Quem não aguenta a sua presença, se tiver um único neurónio
funcional, em segredo agradece ao tipo cujo trabalho é manter essa feiura.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
30-10-2014
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-