quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Filosofando...

Valdemar Habitzreuter
Que tal, velhinhos e velhinhas do Aerus, uma pausa em nossas animosidades pelo infortúnio do caso Aerus, aproveitando o intermezzo entre a concretização de pagar aos aposentados do Aerus e os trâmites da burocracia?

Vai aí, então, aos amantes da Filosofia mais uma reflexão minha sobre a rica filosofia de Henri Bergson [foto] a quem estudo com interesse e me alivia as agruras da existência. (Quem sabe, nosso amigo Rubens de Freitas se reconcilie com seu “INIMIGO”, seja ele exterior ou interior).

NO CORAÇÃO DO VISÍVEL, O INVISÍVEL
Bergson, laureado com o prêmio Nobel de Literatura, nos oferece em prosa a imagem do espetáculo da criação em seu livro ‘A Evolução Criadora’ (1907). Podemos dizer que neste livro Bergson pinta artisticamente com palavras o big-bang qual fogos de artifício. O mundo (ou mundos, multiverso) é um sempiterno devir. Há um movimento indeterminado de evolução criadora sem finalismo em que há somente o dinamismo da ação criadora.



Tem por finalidade este artigo demonstrar que muitos autores da literatura criam verdadeiras obras de arte, assim como grandes pintores com seus famosos quadros. Bergson foi um artista da palavra escrita. Além de artista da palavra foi também um grande filósofo. Nele a palavra escrita, disposta com rigor filosófico, torna-se, igualmente, um arranjo artístico de rara beleza. Pulsa em suas veias o fluido da arte escrita.

Em sua obra, A Evolução Criadora, assistimos fascinados ao espetáculo da Criação onde tudo é minuosamente descrito através de uma verve artisticamente elaborada. Valho-me da seguinte citação neste livro para admirar a beleza literária e filosófica de Bergson:

“Tudo é obscuro na idéia de criação se pensarmos em coisas que seriam criadas. (...) Não há coisas, há apenas ações. (...) Se é a mesma espécie de ação que se realiza por toda a parte, quer ela se desfaça, quer tente refazer-se, exprimo simplesmente esta provável semelhança quando falo dum centro de onde os mundos jorrariam como os foguetes dum imenso fogo-de-artifício, - contanto que eu, todavia, não tenha esse centro como uma coisa, mas como uma continuidade jorrante. Deus, assim definido, nada tem de já feito; é vida incessante, ação, liberdade. A criação assim concebida não é um mistério, é em nós que dela temos a experiência logo que agimos livremente”[1].

Esse quadro verbal cima, através de palavras visíveis entrelaçadas umas nas outras, suscita um estado de fascínio, face ao invisível aí contido que o leitor, num relance intuitivo, torna visível. Qual o estado que se forma nessa consciência intuitiva? O dinamismo da vida: a criação. Uma criação inacabada que se submete à força da ação em busca de engendrar o novo irrepetível, num infindável processo de autocriação. Essa pintura verbal é capaz de enlevar nossa consciência ao introduzir-nos na realidade que o escritor Bergson vivencia.

Proponho-me neste artigo, pois, fazer a experiência do que visualizo no dito de Bergson: “não há coisas, mas apenas ações” oriundas de uma força criadora jorrando de um centro (centre de jaillissement) de onde brotam a vida e a liberdade.

O QUADRO DA EVOLUÇÃO CRIADORA
As palavras acima, num primeiro momento, nada me dizem, estão aí embaralhadas sem sentido. Olho, mas não vejo. Não vejo o quê? O invisível do visível das palavras. Fixo o olhar e apenas retenho uma imagem de letras, palavras, intervalos e linhas. Seu conjunto me dá a figura de um quadro, um quadro de palavras. É tudo muito estranho em apenas olhar sem o espírito, sem simpatizar, sem sentir que também estou sendo olhado. 

A ânsia de decifrar algo do quadro, que as palavras formam, se impõe. Ele não está diante de meus olhos em vão. Eis que me aproximo dele com mais atenção e inicio a leitura. Não é o bastante. Ainda subsiste apenas o quadro ante meus olhos que não quer identificar-se, ou mostrar sua essência. O quadro de palavras esconde algo que ao mesmo tempo se mostra. E por que não o vejo? Há algo que falta no meu olhar: a simpatia.

Simpatia (sin+pathos) é o co-sentimento que me insere no quadro para nele vivenciar o que ele tem de único e indizível, ou seja, o invisível da pintura verbal. Com a simpatia estabeleço uma interação: a realidade a me olhar e falar, e eu a contemplá-la e aceitar o que tem a me dizer, e assim num uníssono quedar-nos mudos para simplesmente ser, sem os disfarces do simbolismo das letras e palavras estáticas em seu aspecto visível.

O quadro que visualizo: um imenso fogo de artifício e seu foguetório, produzindo fragmentos para todas as direções, inculcam-me, ou impelem-me, simpaticamente a intuir um movimento que se expande na medida em que os foguetes explodem. Essa pintura verbal, então, me mostra o invisível movente. Capto o movimento que o quadro das palavras suscita. Os efeitos das explosões dos foguetes extrapolam a pintura verbal, movimentam-se para fora do quadro e sentenciam a CRIAÇÃO. As palavras deram lugar ao invisível, agora perceptível.
            
Mas, essa criação descrita por Bergson eu não a percebo como um criar de coisas que aparecem a minha frente concreta e estaticamente, porque o quadro não me sugere coisas criadas; os estilhaços dos foguetes não caem estáticos dentro do quadro a se quedarem aí. Os próprios estilhaços são outros foguetes a explodirem continuando o movimento criativo e, assim, indefinidamente. A única realidade aí descrita é o movimento do devir. Realidade movente! Que estranha realidade para quem está a lidar com coisas concretas, com o mundo da ciência empírica, com a técnica! Por isso, o quadro pintado por Bergson diz: “tudo é obscuro na idéia de criação se pensarmos em coisas que seriam criadas”. Não há coisas criadas neste quadro de Bergson. As próprias palavras, embora estáticas no quadro, já sugerem movimento quando o leitor põe-se a ler. O leitor ao deitar seu olhar na primeira palavra movimenta-se para a palavra seguinte e assim sucessivamente, seguindo o fluxo movente que as palavras impõem.

A AÇÃO CRIADORA
O espírito artístico e filosófico de Bergson nos dá a entender o que é o movimento ao expressar-se que não há coisas que seriam criadas na idéia de criação. Movimento é ação. É, pois, ação que se vê em toda parte, nada é estático, mas tudo está em constante movimento, em constante explosão e transformação.

O quadro que Bergson nos pintou é um quadro em que a ação é o elemento fundante. Nele, o invisível é um fluxo de vida que cria, agindo, o novo irrepetivel. Ao olhar o quadro, me é impossível a fixidez do olhar; o quadro está carregado de movimento que se traduz em ação; meu olhar também é movimento, se movimenta conjuntamente com as palavras do quadro e cavalga no lombo do movimento, faz-me participar da realidade movente; sou instado a inserir-me no quadro e auscultar uma realidade que não são coisas, mas ação, movimento.

Não há coisas criadas no sentido estrito no ato de criar, na temática de Bergson. A única coisa real é o movimento criativo, e a coisa que supostamente temos em conta como concreta ou palpável é a rigor uma solidificação (matéria) da força criadora como que um decaimento dessa mesma força, servindo ela como canal para imprimir o movimento evolutivo. O real é a ação criativa e a matéria é o meio através da qual transita esta força (élan vital) na sua trajetória evolutiva. A força criativa, pois, contém em seu íntimo dois movimentos opostos. Para o alto desemboca na consciência, para baixo cria a matéria como habitáculo e necessidade para a ação.

Eis me, pois, fazendo parte desse quadro, participando do movimento que jorra de um centro indeterminado em constante atividade criadora. Esse centro de jorramento é uma espécie de ação primária que se realiza em toda a parte, fazendo-se e desfazendo-se, que nomeamos criação. Já não enxergo mais as palavras do quadro, mas o invisível das palavras: a ação criadora que brota dum centro que não tenho como uma coisa, mas como uma continuidade jorrante. Como nomear essa continuidade jorrante? Deus? Talvez, mas prefiro simplesmente: impulso criador.

Vida incessante, criação e liberdade, eis o que está emoldurado no centro do quadro. O movimento que se depreende desemboca em vida incessante, a conseqüência da ação. Vida! Eis a palavra-chave para designar movimento, criação, liberdade, o absoluto. Não é isso o invisível da pintura verbal de Bergson? Palpita aí vida como uma força dinâmica que inventa, que cria. Visualizo um impulso que tende a uma manifestação existencial. A vida como um impulso com tendência a se projetar em direções múltiplas na ânsia de se manifestar em ação criadora. É o centro donde os mundos jorram, quais foguetes de um imenso fogo de artifício.

Bergson não deixa outra alternativa ao leitor a não ser interagir com a vida que transborda de seu quadro verbal. Se essa vida tivesse que ser expressa por um nome, por exemplo, Deus, Ser, Absoluto ou outro qualquer, só se significasse e assumisse a qualidade de movente, não o de um Motor Imóvel que a tudo atrai para fazer mover, mas o de um Motor Móvel que é puro dinamismo de autocriação.

O Motor Móvel é o Absoluto em constante expansão, é o Canhão que se movimenta explodindo e seus estilhaços explodindo por sua vez num movimento infindável. Essa vida é força dinâmica criativa, criando o novo irrepetível, perpetuando-se não em coisas que seriam criadas, mas em ação. É no ser humano que se concretiza mais plenamente essa vida, como ser consciente que é, ao dar ele asas à intuição e ultrapassar a inteligência fabricadora que o prende ao mundo da técnica, da realidade estática que não consegue apreender o movimento vital. O ser humano, como a grande novidade criativa do impulso da vida, possui a potencialidade de imergir na realidade dinâmica da vida.

O olhar para o quadro de Bergson não pode ser adstrito à faculdade da inteligência. Ela não é suficiente para decifrar o enigma que as palavras visíveis propõem. É o olhar instintivo simpatizante que se encontra por detrás da inteligência, transformado em intuição, que pode captar a realidade invisível do quadro. Pelo olhar da inteligência só enxergo o visível das letras e palavras a concatenarem-se e darem-me um sentido lógico do enunciado, sem a riqueza da vida. Mas, a aura instintinal que acompanha a inteligência e que se traduz em intuição pura, esta tem a capacidade de apreender o movimento vital que perpassa o quadro de Bergson.  

Ao considerar a evolução da vida como fluxo criador, podemos anuir que o mundo está se fazendo infindavelmente. É uma dinamicidade em que não há criador nem coisas criadas, mas em toda parte somente criação. Se a isto podemos chamar de Deus, então é um Deus que nos arrasta em sua corrente criadora e não sabe para onde vai, é uma cavalgada fantástica, um Absoluto que dura e cresce. E nessa corrente criadora “todos os seres vivos estão ligados, e todos cedem ao mesmo formidável impulso. O animal tem a planta como ponto de apoio, o homem cavalga na animalidade e a humanidade inteira, no espaço e tempo, é um imenso exército que galopa ao lado de cada um de nós, à frente e atrás, numa arremetida capaz de vencer todas as resistências e de atravessar todos os obstáculos, talvez até a morte”[2].

É essa criação que retenho na minha consciência: uma vida incessante num eterno movimento de criação e expansão ao simpatizar com as palavras de Bergson no quadro acima. Nada é mais visível nesse quadro pintado por Bergson do que vida incessante que pode ser expressa na palavra Deus. A palavra visual “vida” no quadro de Bergson preconiza o invisível, uma realidade que está além do nosso simples entendimento da inteligência, pois a inteligência foca-se na imobilidade, imobiliza a palavra “vida” e torna-a sem movimento. A inteligência, ao querer analisar a palavra “vida”, interrompe o movimento e mantém a vida refém ao que é estático e, portanto, sem vida, sem movimento, sem dinamismo criativo. Não podemos conceber a vida como estática, pois é um fluxo de criação.

Dessa maneira, não é com a inteligência que devemos apresentar-nos perante o quadro verbal da Criação de Bergson. A inteligência apenas procuraria o aspecto funcional das palavras aí colocadas, sem penetrar no invisível que elas propõem. Só poderemos apreender o invisível através da intuição que é capaz de ultrapassar o estático das palavras e intuí-las em seu movimento dinâmico, que têm a propriedade essencial de nos inserir como partícipes de sua realidade: a criação como dinâmica de vida.

A LIBERDADE CRIADORA
Não é difícil perceber, concomitantemente à ação ou dinâmica da vida, o elemento liberdade que desponta ou que aflora em toda parte da criação pintada por Bergson. Por certo não se trata de liberdade no sentido de livre-arbítrio. Bergson, ao pintar o quadro da criação, nos oferece outro sentido de liberdade: não é a liberdade de escolha, é, antes, um inventar do novo. A vida, em sua evolução criadora, engendra o novo irrepetível, não se atém a um estacionamento ou a um movimento circular onde as coisas se repetiriam, mas é uma ação de contínua inovação, rumo à expansão infindável do Absoluto.

Portanto, não podemos prescindir da liberdade no quadro da criação. Ela expressa em si mesma a ação da vida. Só a liberdade pode ditar o ritmo do movimento da vida que, por sua vez, traduz-se em criação. Bergson muito bem a retrata como o elemento cabal por onde a criação se expande. Sem a liberdade não haveria ação. Sem ação não haveria criação. Sem criação não haveria vida. É a alma da evolução criadora. Onde a liberdade é obstruída aí há estagnação, estacionamento, que é o inverso de movimento, de criação.

A beleza da pintura do quadro da criação de Bergson é captada pela faculdade intuitiva do leitor, de que só através da liberdade há criação, criação essa que podemos observar em nós mesmos quando agimos livremente.

A criação, como fluxo vital de infinda energia, é pura liberdade. Essa liberdade pode ser aferida e presenciada em cada um de nós quando intuímos o impulso vital que age em nós e o deixamos ditar as regras da vida que quer criar e inventar.

O ser humano é o êxito dessa trajetória evolutiva do élan vital pelo surgimento da inteligência, da consciência. No ser humano o élan vital encontrou sua plena liberdade de evolução. “O esforço criador só passou com êxito na linha de evolução que chegou ao homem. Ao atravessar a matéria, a consciência adquiriu, como um molde, a forma da inteligência fabricadora. E a invenção, que traz em si a reflexão, expandiu-se em liberdade”[3].

Bergson tem, pois, uma concepção de liberdade em que há um impulso de vida que quer realizar-se livremente. Não é o mesmo que livre-arbítrio, esta indiferença ou hesitação entre dois possíveis e igual possibilidade de um e de outro, mas antes a liberação de nossa mais íntima e original preferência. Para ele, liberdade é criação, invenção, é poder criador. Quando fazemos a experiência interior da liberdade, nós descobrimos o que somos no fundo de nós mesmos: um dinamismo criador, um impulso vital. É assim que se conduz o ser humano quando se conscientiza de que é portador do impulso vital: autorrealizando-se na liberdade, expandindo-se livremente na dinamicidade criadora.

Assim, liberdade que Bergson transmite em seu quadro é um esforço de interiorização nosso. Assim que a interiorização é estabelecida e, mais e mais, aprofundada, uma nova dimensão de liberdade aparece: não se trata mais de optar entre duas direções, mas, no mais íntimo de si mesmo e na mais total fidelidade de si mesmo, criar o absolutamente novo.

CONCLUSÃO
Embora composto por palavras, o quadro de Bergson nos apresenta todo um cenário visual que toca a alma pela infinita riqueza da criação. Não são as palavras que nos transmitem o espetáculo da criação, antes um olhar intuitivo que penetra no visível das palavras e apresenta o invisível nelas contido. “O próprio do visível é ter um forro de invisível em sentido estrito, que ele torna presente como uma certa ausência”[4].

O olhar, segundo Merleau Ponty, é exercido por duas vias. Aquele que olha é ao mesmo tempo olhado. Há uma interação entre vidente e o visível. Há uma inseparabilidade do vidente e do visto. Também nós somos vistos pelas coisas. É um mundo sem sujeito e objeto. Portanto, “quem vê não pode possuir o visível a não ser que seja por ele possuído, que seja dele, que, por princípio, conforme o que prescreve a articulação do olhar e das coisas seja um dos visíveis, capaz, graças a uma reviravolta singular, de vê-los, ele que é um deles”[5].   

Bergson transporta-nos para a visibilidade do invisível em que há o olhar recíproco do vidente e do visível da criação e, então, “o olho [...], pelo qual a beleza do universo é revelada à nossa contemplação, é de tal excelência que todo aquele que se resignasse à sua perda se privaria de conhecer todas as obras da natureza cuja visão faz a alma ficar contente na prisão do corpo, graças aos olhos que lhe apresentam a infinita variedade da criação: quem os perde abandona essa alma numa escura prisão onde cessa toda esperança de rever o sol, luz do universo”[6].
Título, Imagem e Texto: Valdemar Habitzreuter, 30-10-2014

BIBLIOGRAFIA:
BERGSON, H. A Evolução Criadora. Rio de Janeiro, ed. Ópera Mundi, 1971.
Oeuvres. Paris, PUF, 2001.

PONTY, M. O Visível e o Invisível. São Paulo: Perspectiva, 2007.
O Olho e o Espírito. São Paulo, Cosac & Naify, 2004



[1] Tout est obscur dans l’idée de création si l’on pense à des choses qui seraient créées. (…) Il n’y a pas des choses, Il n’y a que des actions. (...) Si, partout, c’est la même espèce d’action qui s’accomplie, soit qu’elle se défasse soit qu’elle tente de se refaire, j’exprime simplement cette similitude probable quand je parle d’un centre d’où les mondes jailliraient comme les fusées d’un immense bouquet, - pourvu toutefois que je ne donne pas ce centre pour une chose, mais pour une continuité de jaillissement. Dieu, ainsi defini, n’a rien de tout fait; il est vie incessante, action, liberté. La création, ainsi conçue, n’est pas un mystère, nous l’expérimentons en nous dès que nous agissons librement (.BERGSON, 2001, p. 705-706)[1].

[2] BERGSON, 1971, p. 267.
[3] BERGSON, 1971, p. 173-174.
[4] PONTY, 2004, p. 43.
[5] Cf. PONTY, 2007. p. 131.
[6] Cf. PONTY, 2004,42.

2 comentários:

  1. Bom dia
    Gosto de ler Bergson, aliás gosto de ler qualquer coisa, diferente de "marimbondos de fogo" ou "Paulo Bostelho".
    Minha filosofia de vida é "viva a vida", quando me perguntam como estou, sempre respondo que vou levando a vida antes que ela se vá'.
    Nunca deixo a vida me levar.
    Certo dia lendo filósofos da vida, um sujeito escreveu que há diversos tipos de teísmos e ateísmos.
    Li, reli, e não encontro conformidades nem congruências nesse pensar.
    Ou se é teísta ou se é ateu.
    Não quero divagar sobre o tal "ser ou não ser".
    Não há de se dizer que o teísta tem diversos tipos, nem que os ateístas também o tenham, isso é divagar e classificar o que não se pode.
    Um acredita em deus, na religião e não importa de maneira nenhuma qual deus e qual religião.
    Outro não acredita em deus e nas religiões, e sinaliza-se o ponto.
    As dualidades universais não podem ser classificadas, ninguém pode menos bom nem mais perverso.
    Isso é quantificar, o quanto se é bom ou mau.
    Classificar por exemplo:
    - Aquele cara é 100% ateu ou neo-ateu como dizem alguns filósofos, mas meu vizinho é um ateu humanista e eu detesto ateus niilistas.
    Continua sendo uma quantificação, não uma classificação os três são ateus.
    Um muçulmano pode ser religiosamente mais fanático que um evangélico, mas não são classes diferentes, é outro modelo de quantificar-se determinadas coisas.
    Assim o quadro de Bergson, não é diferente de outros tantos pensadores, a vida é essa aquarela de pensamentos coloridos pela invenção de um espetáculo de inovações.
    Na realidade Shakespeare definiu muito bem em "SER OU NÃO SER".
    Fica muito difícil dialogar com aqueles que teima em serem o não SER.
    Muitos não admitem o que são, e inovam tentando ser diferentes do que realmente são.
    Eu sou, e não importa as classificações nem as quantificações, sou e ponto final.
    Afinal quem não é?
    Obrigado pelo texto...

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  2. Caro VSROCCHA, de uma maneira ou outra vc se declara um 'existencialista e imanentista'. De fato, o que importa é perceber que existimos e levar esta existência pessoal da forma mais aprazível possível. São vãs as especulações concernente ao Transcendente, uma vez que a nossa razão, segundo Kant, é limitada para alcançar algo fora do mundo material ou que seja atemporal e não se situe especialmente. Ser só tem sentido no tempo. Somos e ponto final, como vc diz. O livro de Heidegger 'Ser eTempo' te dará subsídios às tuas formulações filosóficas.
    Valdemar

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