Camilo Lourenço
Não estou no grupo dos cidadãos que morrem de amores pela classe
política. E a razão é simples: um país que em 35 anos passou por três
pré-bancarrotas só pode ter maus governantes (à Direita e à Esquerda). E, por
isso, sou daqueles que acha que precisamos de uma profunda renovação dessa
mesma classe política.
É por isso que estou
surpreendido com o primeiro-ministro que temos. Confesso que nunca tive boa
opinião dele enquanto andou pelas "jotas". Mas o seu comportamento
enquanto chefe do governo tem sido surpreendente. Em 2011, quando proferiu
aquela célebre frase "Que se lixem as eleições!" disse para mim:
"Quando se aproximarem as eleições logo vemos!".
Eu sei que o orçamento de 2015
tem o seu quê de eleitoralismo e disso tenho dado conta nesta coluna. Mas
começo a desconfiar que isso se deve a duas razões: pequenas cedências do
primeiro-ministro ao seu partido e grandes cedências ao parceiro de coligação.
Ainda ontem, no debate quinzenal na AR, Passos Coelho repetiu a mesma
lengalenga que o acompanha desde que chegou a primeiro-ministro: o país tem de
continuar a fazer reformas e não pode fugir ao corte de despesa. Uma lengalenga
que não bate com o que é dito pelos barões do PSD e, sobretudo, pelo CDS…
Numa altura em que já vivemos
em campanha eleitoral, o comportamento de Passos Coelho é de louvar: entrou
para o governo a falar em corte de despesa e tudo indica que vai chegar às
eleições com o mesmo discurso.
É por isso que a coluna de
hoje lhe é dedicada. Repetir que Portugal tem de reduzir despesa corrente
(salários do Estado e prestações sociais) a um ano de eleições é algo que nunca
vi nenhum primeiro-ministro fazer. Clap! Clap! Clap!
Título e Texto: Camilo Lourenço, Jornalista de
economia, Jornal de Negócios, 31-10-2014
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