Rodrigo Constantino
Terminou agora o último debate antes das eleições. Aécio Neves estava afiado, demonstrando firmeza e segurança, enquanto Dilma se mostrou nervosa, chegando a gaguejar, com voz trêmula. Provavelmente abatida pelas denúncias recentes que Alberto Youssef, doleiro do PT, fez ao delegado da Polícia Federal, reveladas por Veja.
Foi logo o tema da primeira
pergunta do tucano, para mostrar a que veio. Acusou a adversária de ter
protagonizado a campanha mais sórdida desde a redemocratização, citando
inclusive a reportagem de capa da revista Isto É.
Dilma cambaleou, acusou o golpe, preferiu atacar a Veja em vez de comentar o
conteúdo que a mensageira apenas disponibilizou, cumprindo sua função jornalística.
A segunda pergunta de Aécio
foi outro golpe duro na adversária: nossa infraestrutura capenga, enquanto o
governo dela prefere financiar porto bilionário… em Cuba! E pior: sob sigilo,
com prazo bem acima do normal de mercado, e sem garantias comumente exigidas!
Por que tanto privilégio ao regime ditatorial? Silêncio e tergiversação da
petista.
Repetindo sua palavra
aparentemente preferida, Dilma só se dizia “estarrecida”. Mas estarrecidos
ficamos todos nós, sem as devidas respostas! Foram perguntas importantes,
objetivas, que demandavam uma explicação. Nada. Dilma fugiu, como de praxe.
Atacou com outras questões secundárias para não ter de enfrentar fatos
incômodos.
O terrorismo eleitoral com o
Bolsa Família não foi tão explorado dessa vez pela candidata petista, mas bem
que tentou. Aécio se saiu muito bem ao afirmar que o povo carente merece
subsídios, mas que os ricaços do Bolsa Empresário via BNDES não. Ouch! Dilma, a
candidata do “povo”, é na verdade a camarada dos bilionários.
Houve ainda a oportunidade
para uma alfinetada cruel de Aécio, ao insinuar que Dilma não conhece bem o
Congresso, pois confundiu seu papel como líder do partido, e não do governo.
Mostrou mais confiança nas propostas também. Afinal, como bem colocou, quem já
fez tem mais autoridade para dizer que vai fazer. Dilma se apresenta como uma
candidata praticamente de oposição a ela mesma, ignorando que governou pelos
últimos quatro anos, e seu partido por doze.
Ao defender no discurso
punição mais severa para corruptos, Dilma deveria ter sido mais cautelosa.
Dependendo do andar da carruagem nas investigações do escândalo da Petrobras,
ela pode acabar alvo das medidas que prega. Foi implicada diretamente no caso,
segundo o doleiro. Ele diz que ela não só sabia, como se beneficiou do esquema.
O ponto alto da noite foi
quando Aécio, ainda no tema da corrupção, disse que a medida mais eficaz de
curto prazo para acabar com tanta corrupção é tirar o PT do poder. Foi
ovacionado no local, e sem dúvida por milhões de residências Brasil afora.
Nem mesmo as cartadas na manga
de Dilma surtiram efeito. Tentou, claro, falar sobre a crise de água em São
Paulo, mas foi lembrada por Aécio de que a crise afeta boa parte do país,
especialmente o nordeste; que não houve ajuda devida do governo federal; e que
o diretor a Agência Nacional de Água, apontado por Rose (por onde anda?), foi
para o presídio em vez de ajudar no planejamento. Alckmin, por outro lado, foi
reconhecido pelos paulistas como bom gestor, tanto que acabou reeleito no
primeiro turno.
Outra provocação legítima de
Aécio foi sobre o tema da reeleição, quando perguntou diretamente: quem está
governando o Brasil, candidata? Mostrou, antes, que ela praticamente não esteve
no Palácio do Planalto nesses últimos dias todos, assim como seus ministros
estiveram ausentes, atuando em sua campanha.
Dilma, sobre reforma política,
bateu na tecla do financiamento empresarial. Que bola levantada para
Aécio! Dilma, do PT, condenando financiamento empresarial depois de
arrecadar mais de empreiteiras e bancos do que todos os outros partidos juntos,
é como Beira-Mar condenando o tráfico de drogas…
O tucano rebateu bem a
insistência de Dilma na comparação, distorcida, com o governo FHC, sempre
tirando do contexto aquela época. Quem olha muito para o passado é porque
quer fugir do presente ou não tem nada a apresentar para o futuro, jogou na
cara da petista.
Uma grande gafe da presidente
foi quando uma economista de 55 anos, desempregada, quis saber o que o governo
pretendia fazer para ajudá-la. Dilma, que só sabe repetir o Pronatec nessas
horas, acabou recomendando um curso técnico. Pronatec para uma economista
formada, com 55 anos e sem emprego? Aécio perdeu a chance de mostrar o
quanto Dilma se mostrou perdida na questão ao recomendar uma qualificação de
primeiro e segundo grau, a do Pronatec, para uma mulher que tem curso superior
em economia. Talvez a sua equipe da Unicamp devesse mesmo fazer um curso no
Senai e mudar de ramo de atividade…
Por fim, Aécio cobrou aquilo
que William Bonner já havia cobrado na entrevista para o Jornal Nacional, sem
resposta: o que Dilma, a cidadã e candidata, pensa sobre a condenação de José
Dirceu? O chefe do mensalão é um “herói nacional”, como querem os membros de
seu próprio partido, ou um criminoso, como diz o STF? Ficamos, uma vez mais,
sem saber a resposta. Dilma fugiu. Negou-se a responder.
Como quem cala consente, e
como Dirceu continua bem próximo de todos aqueles que estão com Dilma, fico com
a opção número um. Vote em Dilma e leve o “herói” Dirceu junto…
PS: Na fala final, Dilma
“paz e amor” falou de um Brasil do amor, da união e da solidariedade. Mais
cedo, na campanha da televisão, mostrou uma cara bem mais raivosa. Vamos
depredar essa maldita Veja que ousa expor fatos, em nome do amor e da
solidariedade? Dilma e o PT são mesmo os ícones da incoerência.
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino,
25-10-2014
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