Luciano Henrique
O debate do SBT desta quinta-feira
foi o dia em que a jurupoca piou. E com certeza será um dos eventos mais
comentados desde o último debate do primeiro turno, que decididamente fez a
campanha de Aécio subir como um rojão.
A verdade é que na guerra
política o lado mais combativo (ou “agressivo”) geralmente prevalece. O
eleitorado sabe disso, pois percebe que o seu candidato realmente combate o
“mal”, que está, neste caso, na situação. Este aliás, não é nem um juízo de
valor, mas uma constatação técnica.
O que podemos dizer é que foi realmente
um massacre de Aécio para cima da atual presidente, que em certo momento foi
avisada pelo tucano que “a partir de primeiro de janeiro terá que procurar
emprego”.
Como eu havia comentado há
poucos dias, a campanha de TV de Aécio não está sendo assertiva o suficiente.
Nos debates, porém, Aécio tem se transformado em um leão. Se no anterior, ele
ganhou por uns 7×5, hoje a coisa fica bem por uns 9×4 em favor dele.
Dilma fugia das propostas o
tempo todo, enquanto Aécio definiu sua estratégia de debate de forma simples:
apresentou-se para o debate limpo, para falar de propostas, mas, assim que
Dilma ia para as acusações, ele rebatia a maior parte delas, e lançando bons
ataques. Aí é claro que ele também passava a usar perguntas mais contundentes.
Para que você tenha uma ideia,
Dilma falou de maneira indireta sobre pessoas que provocam acidentes de
trânsito. Até neste ponto de vulnerabilidade, ele conseguiu se sair
razoavelmente bem ao falar para a presidente parar de “rodeios” e dizer as
coisas diretamente. Em seguida, ele confessou que cometeu um erro no passado a
respeito da questão do bafômetro, desculpando-se. Ele poderia também ter dito
que a presidente já foi pega dirigindo uma moto no Palácio da Alvorada sem
habilitação, e que o presidente Lula era conhecido por gostar de uma
branquinha. O repórter Larry Rother virou persona non gratta por ter apontado
este fato, em um caso gravíssimo de censura. Mas não se pode ter tudo.
De resto, Dilma lançava
ataques dizendo que Aécio “não estava informado” ou “não estudou o assunto”,
sendo que alguns desses ataques atingiram o alvo. Mas nada de muito impactante.
Um momento grotesco foi quando
Dilma disse o seguinte: “Ora, é importante que a dona de casa que está nos
escutando saiba, vou falar para ela, o que acontecerá se ela for para 3%? Nós
vamos ter uma taxa de desemprego de 15%. Ele está se queixando de uma taxa de
desemprego de 5%”. Como lembrou Reinaldo Azevedo, é uma afirmação de estupidez
galopante, que deve ser desconstruída no horário eleitoral.
Lá pelas tantas, quando Aécio
se indignou com as distorções de Dilma ao tentar jogar sobre Minas Gerais uma
situação muito pior do que o estado realmente tem. Ela deu uma estocada
razoável ao dizer que “falar de Aécio não é falar de Minas”. Em um próximo debate,
pode valer a pena citar os elogios de Dilma a Aécio feitos há algum tempo atrás.
Em outro momento, Aécio
comentou sobre uma frase absurda de Dilma em outra ocasião, na qual ela
disse que “corrupção pode ocorrer com todo mundo”. Aécio demonstrou que esse
discurso é descabido e inaceitável, já que não podemos aceitar a ideia de que
corrupção é algo comum. Dilma até que fez um discurso empolgado, mas as frases
de Aécio serão poderosas se usadas na propaganda.
Mas foquemos agora em Aécio.
Ele acertadamente foi
contundente ao apontar o caudal absurdo de mentiras da propaganda de Dilma. Ele
citou várias mentiras da campanha da presidente, como, por exemplo, usar cenas
de uma escola no fim de semana para fingir que estava inativa, ou dizer que
Aécio foi contra reajustar o salário mínimo para R$ 545, quando na verdade ele
queria um aumento maior, ou mesmo quando ela disse no Twitter que Minas Gerais
teve a menor redução da taxa de mortalidade infantil do Brasil, quando ele
mostrou que os índices foram os melhores do Sudeste. Dilma não rebateu nenhuma
dessas acusações de que mentiu. Acertadamente, Aécio usou o termo “fraude”.
Quando ela levou à mesa o
assunto do nepotismo, a rebatida foi um espetáculo. Veja: “Agora, candidata, a
senhora conhece Igor Rousseff, seu irmão foi nomeado pelo prefeito Fernando
Pimentel no dia 20 de setembro de 2003, e nunca apareceu para trabalhar,
candidata. Essa é a grande verdade, lamento ter que trazer esse tema aqui, a
diferença entre nós é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada, o seu
irmão recebe e não trabalha nada, infelizmente agora nós sabemos por que a
senhora disse que não nomeou parentes no seu governo. A senhora pediu que os
seus aliados o fizessem.”
A grande mensagem que ficou
neste debate é que Dilma é uma candidata mentirosa, desonesta e que pratica uma
campanha suja. Com certeza a pior da história da política nacional. Como disse
um leitor, hoje foi um dia de shaming jogado sobre Dilma. Em uma próxima ele
poderia usar o termo “do nível do esgoto” para a campanha, citando as coleções
de mentiras refutadas pela Internet, lembrando que isso é tática do nazismo,
como ele disse em outra ocasião ainda hoje.
Nas considerações finais
pós-debate ocorreu um momento até patético: Dilma passou mal enquanto falava
com a repórter. Há pessoas que mencionam a tese de que foi tudo fingimento,
para que ela arrume uma desculpa para fugir dos dois últimos debates. Também
existe a tese de que ela tenha passado mal de verdade. Independentemente do que
for, os memes já estão se multiplicando pela Internet, com um resultado péssimo
para Dilma.
Mas se você quiser ter uma
verdadeira noção de como Aécio goleou Dilma neste debate, basta saber que
vários blogueiros da BLOSTA estão dizendo que neste debate “ambos perderam”.
Ora, quando Dilma perde por pouco eles dizem que ela trucidou o adversário. É
óbvio que quando dizem que foi empate, podemos ter mais uma evidência de que
Aécio se deu muito bem.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 17-10-2014
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