Luciano Ayan
Desconstrução também é a arte de destruir construções feitas por nossos
opositores. Pronto. Você não precisa mais ler Derrida, até por que os livros
dele são absurdamente chatos.
Enquanto o PT usa essa técnica de Derrida como se fosse uma arte, a
oposição “trava”. Não deveria. Vamos a um exemplo prático de como se usa a
desconstrução com extrema facilidade. Antes, leia um trecho da matéria “Presidente não pode mentir, isso é desvio de caráter, diz Dilma”, da Folha de S. Paulo:
A
presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, subiu o tom nos ataques
à adversária Marina Silva, do PSB, sobre as votações da então senadora na
questão da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Ao
final do ato que participou, nesta terça, 30, na Barra da Tijuca, zona oeste do
Rio, de apoio dos atletas à sua candidatura, Dilma disse que um presidente “não
pode mentir”.
“Errar
é humano, pode até se confundir, mas não pode mentir. Um presidente não pode
mentir. Isso é desvio de caráter”, disse.
As
acusações de Dilma Rousseff sobre Marina Silva tratam da aprovação da lei que
regulamentou o imposto após o processo de discussão em plenário durante o
governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, Marina votou, em mais de
uma ocasião, contra a criação do imposto, seguindo o posicionamento da bancada
do PT.
Durante
o debate entre os presidenciáveis na Band, na sexta, 26, Marina usou a votação
da CPMF no Congresso para falar de sua atuação no Senado e disse: “ainda que
meu partido [PT] fosse contra”.
No
horário eleitoral, a campanha de Dilma Rousseff elaborou uma peça em que diz
que Marina “mente”.
Marina
voltou a ser questionada sobre o tema no debate da Record, no domingo, 28. No
ar, ela falou que votou favorável ao imposto, mas para jornalistas, após o
encontro, a candidata mudou a versão dizendo ter sido favorável apenas na
comissão.
Na
segunda (29), o PSB divulgou nota informando que o PT “distorce a realidade e
mente sobre a questão da CPMF”. O documento segue: ” Não houve qualquer
alteração no projeto que a Câmara aprovou. O único voto contrário foi do
senador Fernando Bezerra (PMDB-RN). A votação foi simbólica, sem registro
eletrônico do voto. A bancada do PT no Senado –e Marina era senadora pelo PT no
período– foi favorável ao projeto, de maneira contrária ao que decidiram os
deputados do partido”, completa.
Vamos então à desconstrução, na prática.
·
Imagem
construída por Dilma: mentir é imoral, inaceitável para quem é presidente ou
candidato, tanto que isso configura falha de caráter, como vemos em Marina
·
Imagem
desconstruída por um opositor: mentir é imoral, inaceitável, para quem é
presidente ou candidato, e ninguém mente mais que Dilma
Note que a afirmação “mentir é falha de caráter” passaria a ser usada
contra Dilma, pois foi desconstruída em relação ao sentido original que a
petista queria.
O PT faz isso contra seus adversários a todo momento. É um absurdo que os
adversários não façam o mesmo contra ela.
Em tempo: Dilma mente ao dizer que demitiu Paulo Roberto Costa (ele é que
renunciou), ao citar os números de desemprego (pelo DIEESE é o dobro do que diz
o IBGE), ao dizer que é contra autonomia do BC (em 2010, ela disse ser a favor
da autonomia, e agora finge ser contra só por politicagem baixa), mente ao
dizer que criou o Bolsa Família (na verdade só renomeou programas existentes) e
daí por diante. Por exemplo, a consultoria Empiricus achou 10 mentiras na propaganda de Dilma. Mas tem muito
mais.
Dona Dilma, quanto desvio de caráter, não?
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 1-10-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-