Rodrigo Constantino
"Os males desesperados são
aliviados com remédios desesperados ou, então, não têm alívio." (Shakespeare,
em Hamlet)
Sou “carioca da gema”, então posso
criticar o meu “querido” Rio de Janeiro à vontade. E como considero o
provincianismo um dos males que assolam o estado, estou aqui para isso mesmo:
não ataquem o mensageiro!
Vimos que a economia
brasileira está em recuperação após as reformas de Temer. Foram criadas quase
80 mil vagas em outubro, a maior criação em quatro anos. Uma grande exceção: o
Rio, onde foram perdidas quase quatro mil vagas. Sou
implicante?
Se os escândalos de corrupção
não param no país todo, especialmente em Brasília, no Rio a coisa consegue ser
ainda pior: o câncer está em metástase, segundo o juiz Bretas. Os milhões são
distribuídos em propinas como se fossem trocados, e quase todos parecem
envolvidos. Nunca se roubou tanto desde Cabral!
Se o PMDB é ruim no país todo,
no Rio é ainda pior. Se o PT é podre em todo lugar, o carioca é mais assustador
ainda, à exceção do Rio Grande do Sul, nosso maior concorrente. Foi no Rio que
Dilma ganhou com mais folga. Foi no Rio que Heloísa Helena teve mais voto. São
do Rio os deputados Jean Wyllys, Chico Alencar e Glauber Braga, do PSOL
defensor do regime venezuelano. É do Rio Marcelo Freixo, da mesma seita.
É no Rio que a esquerda caviar
se cria, que os fãs de Chico e Caetano se espalham feito cupins.
É no Rio que o Projaquistão
prega o desarmamento da população, enquanto os bandidos possuem fuzis e os
globais andam com seguranças em carros blindados. É no Rio que há uma guerra
civil “velada” nas favelas, na Baixada.
Nada do que aponto é
exclusividade carioca. São mazelas nacionais. Mas no Rio é tudo turbinado. Em
linguagem de mercado: o Rio é “beta alavancado”. E que ainda por cima se acha o
máximo!
O jeitinho é uma doença
brasileira, mas o Rio é a capital nacional da malandragem. De onde é o Zé
Carioca, afinal? É no Rio que temos mais “artistas” confundindo arte com
pedofilia e mamando na Lei Rouanet. É no Rio que temos a maior Parada Gay, com
muito atentado ao pudor, confundindo libertinagem com liberdade e baixaria com
respeito ao próximo. Várias estatais estão no Rio, assim como máfias sindicais
poderosas.
Ah, mas como é bela a
natureza! De fato, só que o homem conseguiu destruí-la, e tem medo constante de
explorar os visuais paradisíacos. A maior concentração de maconheiro por metro
quadrado deve estar no Rio, posso apostar. Enquanto isso, as empresas vão para
São Paulo, terra de “otários” que só querem trabalhar.
Diante disso tudo, vale notar
que é do Rio também a reação chamada Bolsonaro. Conhecer
melhor o Rio pode ajudar a compreender o fenômeno que assusta tanta gente na
elite e na mídia. Sair da “bolha progressista” é necessário. Se o Rio é o
Brasil mais “avançado”, ou amanhã, então é apenas natural esperar uma resposta
similar em nível nacional. Bolsonaro foi o deputado mais votado no estado. O
Rio é um experimento fracassado, e a população está cansada, desesperada.
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 21-11-2017
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