Rui Ramos
Quem, em agosto de 2005, congelou as
carreiras da função pública? Um governo em que António Costa era ministro. A
oligarquia sempre soube que quando não há dinheiro, não há dinheiro
Que diferença fazem sete dias
em política: há uma semana, havia um Passos Coelho; agora, parece que há
muitos. É o primeiro-ministro que diz que “tudo para todos já” é uma “ilusão”; é o presidente da república que explica que
não se pode “voltar ao ponto antes da crise”; é o ministro das finanças
que acha que aos funcionários não basta exigir, têm de “merecer”. Por qualquer razão, a oligarquia havia decidido
que esta maneira de ver e de falar não tinha a ver com a realidade ou o bom
senso, mas apenas com Passos Coelho. Era, como ainda diz o Bloco de Esquerda, “retórica da direita”. Mas há uns tempos atrás, teriam sido quase todos os oligarcas
a dizê-lo: alegar que era possível dar tudo a todos, era “neoliberalismo”;
argumentar que não era viável voltar atrás, era “fascismo”; sugerir uma relação
entre rendimentos e mérito, era, sei lá, “insensibilidade social”.
Mas isso era quando a
prioridade era isolar e excluir Passos Coelho. Porque foi isso que esteve em
causa desde outubro de 2015: uma vez que os eleitores, nas legislativas desse
ano, não o fizeram, teve de ser a oligarquia a entender-se para o afastar do
governo. Tivemos assim a atual maioria social-comunista. Esta maioria, porém,
jamais correspondeu a uma verdadeira alternativa. O PS não rompeu com o Euro e
o Tratado Orçamental, nem o PCP e o BE, votando embora os orçamentos, admitiram
que este fosse um “governo de esquerda”. O que António Costa fez foi, até
agora, satisfazer o funcionalismo sindicalizado do PCP. Nunca isso teve uma
lógica económica, nunca foi keynesianismo, mas apenas um expediente político,
compensado depois por “cativações” e cortes de investimento muito
anti-keynesianos.
Por que é que os oligarcas
tinham medo de Passos Coelho? Porque, entre outras razões, viram como deixara
cair Ricardo Salgado e José Sócrates. Pela primeira vez em Portugal, o mercado
e a justiça puderam funcionar sem manipulação política. Os oligarcas ficaram
horrorizados. Não porque gostassem de Salgado ou de Sócrates, mas porque
imaginaram que também eles não poderiam contar com Passos Coelho para favores e
proteções. Era preciso, desse por onde desse, tirá-lo do governo. O PCP e o BE,
ambos em crise, ajudaram.
Com Passos Coelho finalmente
fora de jogo, o mundo mudou para os oligarcas. De repente, a pressão do
sindicalismo comunista começou a ser uma irresponsabilidade, e a possibilidade de
o BCE descontinuar o financiamento dos défices e dívidas, uma realidade a ter
em conta. Viu Costa finalmente a verdade? Não brinquemos. Quem, em agosto de 2005, congelou a progressão automática nas carreiras da função pública? Um governo em que António Costa era ministro.
A oligarquia sempre soube o que agora finge ter descoberto: quando não há
dinheiro, não há dinheiro. Com o dinheiro do BCE, o turismo e o efeito de
arrasto do crescimento econômico europeu, qualquer governo teria feito
reposições. Aliás, esse era o grande perigo para os oligarcas em 2015: deixarem
que fosse Passos Coelho a aproveitar a folga.
Para se livrarem do líder
político que mais os incomodou nos últimos vinte anos, a oligarquia teve de
fingir acreditar que o ajustamento da troika teria sido apenas “ideológico”,
isto é, desnecessário, e que, portanto, bastaria afastar Passos para entrarmos
num mundo em que era possível voltar atrás e dar tudo a todos. Talvez tenha
havido gente iludida. Mas os oligarcas, pela sua parte, nunca tiveram ilusões.
Isto foi sempre um exercício do mais frio cinismo. Terão os portugueses
percebido que foram vítimas, nos últimos dois anos, de uma enorme fraude
política?
Esse "tininho" Costa parece um AFRICANO de pura merda!
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