No dia 15 de novembro deixei
um comentário no fórum “DefasagemTarifária” sobre a recorrente menção à vaidade e desunião no grupo de ex-trabalhadores
da Varig. Na verdade, um comentário pela metade (menos da metade), pois nele eu
dizia que continuaria o comentário no dia seguinte. Não aconteceu, por vários
motivos, sendo os principais a preguiça e a incompetência. Peço desculpas.
O que lembrarei a seguir é de
responsabilidade única da minha quase septuagenária memória. Não será nada de
novo, nem desconhecido para os leitores de O cão que fuma, porque estes já leram aqui mesmo na revista.
Antes de agosto de 2006
aconteciam manifestações e atos promovidos e convocados pela então TGV –
Trabalhadores do Grupo Varig; depois da intervenção no Instituto Aerus, em
abril de 2006, o SNA convocou manifestações – normalmente nos aeroportos, nada
de enfrentar o governo federal; surgiu um movimento, “Camisas Pretas”, que se
propunha a estar presente durante o dia todo no saguão do aeroporto Santos
Dumont...
Um dia, dezembro de 2008, a
COBAP e a FAAPERJ convocaram uma manifestação em favor dos aposentados brasileiros,
da Candelária até à Cinelândia. Pensei que seria uma ótima oportunidade para os
aposentados do Aerus mostrarem à população fluminense o drama que vivíamos há
dois anos. Providenciei duas faixas (as primeiras de muitas), enviei um e-mail
à minha lista e lá estivemos nós. O SNA e a APRUS não compareceram. A APRUS
soltou um “esclarecimento” que dizia que não deveríamos “misturar as
estações”...
Dias depois convocamos uma
vigília para a noite de 17 a 18 de dezembro. Nem o SNA, nem a APRUS, nem
“associações” compareceram. Nessa vigília nasceu a ideia de irmos para o
aeroporto Santos Dumont em vigílias diárias. Assim nasceu o grupo “Camisas
Pretas”. A primeira vigília foi no dia 15 de janeiro de 2009. Nem sinal de
sindicatos, fentaques, associações...
Mas, antes de prosseguir,
quero relembrar eventos logo depois de 12 de abril de 2006:
“Começa a corrida aos
advogados. Fui um dos 'corredores'. E no dia 19 de abril, salvo engano, a gente
foi a uma reunião no escritório Siqueira Castro Advogados. Representantes e
seguidores da TGV, capitaneados pelo presidente da ACVAR, lá estiveram. Para
demover os presentes de virem a utilizar os serviços desse escritório de
advocacia. Lembro-me bem dos discursos dos representantes e de algumas
seguidoras. Não tiveram êxito em politizar a nossa necessidade de corrermos
atrás dos prejuízos pessoais através de advogados independentes. A maioria dos
presentes àquela reunião sabia o que queria: cair fora das lutas políticas, não
queria ser usada, queria resolver (tentar) os seus problemas pela via técnica,
sem ruídos demagógicos e ao abrigo de ódios tribais.”(Porque hoje é sábado!).
Como no dia 15 de abril de
2009, o Lula estaria no Hotel Intercontinental, em São Conrado, mandei um
e-mail convidando o pessoal. Convidei “ex-trabalhadores da Varig, Aposentados e
Pensionistas do Aerus”. Compareceram, além deste signatário, quatro pessoas.
Nascia o Movimento ACORDO JÁ!
Bom, depois desse dia foi um
trovejar de recomendações, conselhos, e-mails sabotadores – tipo “a
manifestação foi adiada” – e e-mails (do SNA/SAO, por exemplo) solicitando que
não participassem em nossa manifestação
convocada para São Paulo.
Foi o falecido advogado,
Castagna Maia, na reunião no salão da OAB, Avenida Marechal Câmara, Rio de
Janeiro, queixando-se da demora do trâmite da Ação Civil Pública por causa de
outros advogados que pediam vistas do processo e tiravam fotocópias...
Posteriormente, em seu blogue, continuou a desaconselhar manifestações outras
que não as promovidas ou tuteladas pelo SNA. E aconselhava a que tivéssemos
cautela e tomássemos caldos de galinha...
A presidente do SNA, Graziella
Baggio, saía pedindo numa reunião no SNA/RIO que não se informasse ou contatasse
a imprensa...
Os organizadores do MovJÁ! sempre que sabiam da presença de uma
autoridade ou da realização de um evento internacional no Rio de Janeiro,
convidavam os colegas para, juntos, segurarmos umas faixas lembrando às
autoridades e à população fluminense o DRAMA dos ex-trabalhadores da Varig.
Foram muitas as manifestações e atos nas ruas e praças do Rio de Janeiro, sem
nunca, eu disse, NUNCA, ter tido o apoio, muito menos a participação, de
sindicatos e “associações”.
(NOTA: o atual presidente da APRUS, Thomaz Raposo,
participou de algumas manifestações no ano de 2010.)
Uma das iniciativas do MovJÁ! foi uma petição online, posteriormente
entregue à ministra Cármem Lúcia. Tinha quase sete mil assinaturas. Podia ter
alcançado o dobro ou o triplo de assinaturas, não fosse o desprezo das
“entidades” e opiniões de comentaristas “que não ia adiantar nada”. Essa
Petição foi anexada aos autos do Processo RE 571969. Se adiantou, não sei, mas
está lá.
Enfim, depois de quase DOZE anos, quase 4 380
recomendações, conselhos, censuras (quando não insultos) para não fazer, não
dizer, não escrever, não atrapalhar... porque o dono da bola do momento assim
entendia, me causa espécie ainda haver bem pensantes e bem-intencionados a
bater na tecla da união ou unidade! E mencionando egos e vaidades, sem
explicitamente nomeá-las.
Não creio que a “desunião” e os egos e vaidades tenham
causado transtornos maiores à luta dos ex-trabalhadores da Varig. Julgo que
todas as iniciativas, abstraindo-me de comentar o mérito, dos “desunidos”
serviram a, no mínimo, manter à tona a saga dos ex-trabalhadores da Varig.
Portanto, ótimo para todos nós.
Curiosa e coincidentemente, um amigo me manda um e-mail
informando da troca de amabilidades entre Thomaz Raposo e Graziella Baggio na
página do Facebook “Sobreviventes do Aerus”.
O Governo Federal, réu condenado, se algum dia quiser, de
VERDADE, resolver o problema, chamará o Instituto AERUS e todos os sindicatos e
associações – de direito ou de fachada – e lideranças conhecidas e reconhecidas (existe uma diferença), para expor a sua proposta
(de Acordo) e ouvir as contrapropostas. Pode
sair daqui uma Comissão de Trabalho, votada pelos presentes. Depois,
apresentará, em nova reunião, com todos (re)unidos, a proposta final. Que será
ratificada ou não pela maioria. Se ratificada, está legitimado o Acordo entre
Governo Federal e ex-trabalhadores da Varig. Eu aceitarei tranquilamente esse
resultado. Porque TODOS estavam lá. Os bons, os maus e os brutos.
É esse o modus
operandi de um governo quando quer, de fato, resolver um problema: chama
TODOS à mesa de uma só vez. É, bem comparando, a mesma coisa quando o governo
quer concluir uma proposta de lei: chama TODOS os partidos.
No nosso caso, penso que serão necessárias mais de duas
reuniões (assembleias). Assim agindo, como escrito anteriormente, o governo se
escudará na real representatividade desse leque de ‘representantes’ e
legitimará a proposta final.
Aproveitemos que o atual governo não é o PT ou
assemelhados. Estes só chamariam os seus militantes.
Relacionados:
Caro amigo, esperar o que não se pode receber é perda de tempo.
ResponderExcluirMelhor é criar perspectivas do que expectativas.
Não somos bem educados. Em teu ultimo parágrafo, tua observação simples resume o dia-a-dia dos que lutam por justiça e porque ela ainda é apenas um ideal.
Falta educação, processo contínuo de aprimoramento dos modos, conhecimentos gerais e da alma. Falta para mim e para todo simples mortal.
Esperar humanidade e empatia de qualquer governante é pura utopia. Em negociações, entre outras habilidades, é importante saber com quem se está lidando e isto só a experiência pode prover.
Cada um é um universo cheio de coisas escondidas em cantos escuros e muita maqueagem. O que se esconde pelos cantos escuros são infinitas possibilidades de humanidades.
Assim, conseguir do outro o que o outro não quer dar, dependendo do que ser quer pode ser uma negociação de anos. A justiça é apenas mais uma utopia, um norte para que não voltemos a grunhir uns com os outros
Abs e obrigada pela oportunidade.
Circe Aguiar
Com muita humildade não posso concordar com CIRCE.
ResponderExcluirFranqueza não é falta de educação, ó ápice que atingimos no modo de ser.
Só falta conhecimentos gerais a quem não quer aprender.
Não somos simples mortais, somos todos mortais.
Estamos lidando com a casta que quer derrubar um acordo firmado.
Não considero o comentário acima, não assinado, universo de coisas escondidas, mas de verdades não ditas.
Não podemos deixar nada que seja verdadeiro em cantos escuros, ou maquiado, é como esconder do paciente terminal sua doença.
Nos cantos escuros mentirosos escondem-se as mentiras.
A justiça não é uma UTOPIA, pode errar.
Utopia é a polícia não subir nas comunidades e enfrentar a síndrome de Estocolmo que as invade. Utopia é procurar-se por balas perdidas.
Procuro sempre a verdade.
O acordo AERUS VARIG tem que ser cumprido, está tronando-se comprido pelos que não querem que nós do AERUS recebamos.
Maravilhoso desabafo do colega acima.
Simples assim como fui...