terça-feira, 21 de novembro de 2017

Política no Rio de Janeiro

Cesar Maia

Como você vê a política no Rio projetada para 2018?
Cesar Maia: Muito difícil fazer previsões dado o quadro confuso existente. E não falo apenas do PMDB, que enfrenta graves problemas de imagem, que atingem alguns de seus dirigentes. Mas vamos tentar desenhar esta confusão pelo PMDB. O que fará o ex-prefeito Eduardo Paes? Com sua boa relação com a imprensa, conseguiu destaque para a separação entre caixa 2 e propina. Vai insistir na candidatura? Vai mudar de partido? Mas o PMDB tem muitas vidas. Tem o segundo maior tempo de TV, que serve para organizar "alianças" com ele, dentro ou fora da cabeça. E o PMDB nacional conta com dirigente seu no Planalto. Como ele se movimentará? O tempo não será um alívio para o PMDB, mas poderá ajudar ao redesenho de sua estrutura eleitoral no Rio e alianças.

E o prefeito Crivella?
CM: Provavelmente sua rejeição no segundo semestre, com as ações de clientela e dinheiro em caixa, será bem menor que hoje. A elasticidade de Crivella/PRB/IURD é muito grande. Uma semana atrás fizeram um acordo com o PMDB na prefeitura, participando de seu secretariado. Uma semana depois, seus deputados estaduais votaram a favor da detenção dos deputados do PMDB. E sua importância em 2018, em nível federal, continua muito grande. Interessa aos candidatos a presidente. E, portanto, têm suas decisões centralizadas quando quer.

O que se propaga aqui é que Crivella já tem candidato a governador, o secretário Indio, do PSD.
CM: Será? O PSD quer lançar o ministro Meirelles candidato a presidente. E, para isso, precisa ter capilaridade nacional em função da pouca mobilidade do ministro. Como agregará apoio e tempo de TV na eleição presidencial? Provavelmente cedendo seu apoio em eleições estaduais. Não se deve dar aquilo como resolvido.

Como o PSDB e o DEM se movimentarão aqui para governador e senador?
CM: Pelo que tenho ouvido, vão esperar passar as "águas de março" pós "janelas". Não acredito que fechem questão antes disso.

E a chamada esquerda?
CM: O PT ainda não sabe o que vai fazer. E tem o maior tempo de TV. A candidatura de Lula no primeiro turno lhe dará impulsão. O PSOL já sabe: repetirá seu candidato a governador e formará uma chapa com dois candidatos a senador. Com pouco tempo de TV e pouca capilaridade, até sua estrela nos telejornais poderá ver frustrada sua candidatura a senador.

E o candidato de Bolsonaro, já que ele lidera as pesquisas no Rio?
CM: Nem ele sabe. Talvez esteja esperando o quadro eleitoral se pré-desenhar para propor uma troca de tempo de TV, apoiando alguém no Rio e recebendo esse tempo de TV em nível presidencial. A capilaridade de Bolsonaro não virá de seu partido, mas dos "comitês" nos quartéis, batalhões e igrejas agregadas. Mas o filho lidera as pesquisas para senador. Mesmo com o pai perdendo gordura, esta situação deverá permanecer até a campanha.

E Romário e Bernardinho?
CM: Curiosamente são candidatos similares para a massa do eleitorado. Ambos são vistos como esportistas não-políticos. Ambos são populares. Mas a dúvida -inclusive para Romário- é se a popularidade transferida para senador se transfere para governador, que é visto de outra maneira. Tanto é assim que os mais de 25% de Romário, quando se foca a lista para governador, cai a 15%. Bernardinho abriu com 5%. Interessante é que personagens vistos pelo andar de cima de forma tão diferente são vistos de forma semelhante pelo amplo andar de baixo: esportistas, não políticos.

Qual o maior problema dos dois?
CM: O mesmo. Pouco tempo de TV para candidatura majoritária. E pouquíssima capilaridade por ausência de candidatos a deputado federal e estadual com pouquíssimos espalhamentos. Romário tinha dois e expulsou em função da recente votação na ALERJ. Podemos e Novo são de visibilidade mínima. 
Texto: Cesar Maia, 21-11-2017

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