Aparecido Raimundo de Souza
“No meu tempo era NENEM. Fazíamos a prova na cama e, nove meses
depois, víamos as questões acertadas ao vivo e a cores. Ou não. Em dias atuais rotularam
essas trepadas às escuras, de ENEM”.
Tompson de Panasco
O TEMA DO
ENEM
(Exame Nacional do Ensino de Merda), deste ano, foi o seguinte: “DESAFIOS PARA
FORMAÇÃO EDUCACIONAL DE SURDOS NO BRASIL”. Legal. Joia! Em primeiro lugar, carecemos de entender o
que significa ser SURDO. Não só ser surdo. O tema nos leva um pouco além. Ser
SURDO NO BRASIL. Comecemos pela definição. O que é ser SURDO? Existem duas
modalidades distintas. 1) SER SURDO DE NASCENÇA e 2) SER SURDO NO BRASIL. Segundo
Doris Ruthy Lewis, fonoaudióloga e professora auditiva na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, “a SURDEZ DE NASCENÇA é um distúrbio que
pode acometer pessoas de todas as idades. Algumas crianças já nascem com perdas
auditivas que variam de grau de intensidade e o decréscimo da audição parece
ser regra nas pessoas que teimam em viver muitos anos. A meningite é uma das
principais causas de perda de audição adquirida, tanto na infância, quanto nas
outras faixas etárias. Qualquer um que tenha tido essa doença, precisa passar
por uma avaliação auditiva”.
Existem, evidentemente, outras causas, como surdez
congênita, aquela transmitida durante a gravidez em face da má nutrição da mãe,
ou em consequência da ingerência de bebidas alcoólicas, fumo descomedido e uso
indiscriminado de drogas. Em dias atuais, ouvir músicas acima do volume normal,
como fazem nossos jovens, eles podem, em pouco tempo, ficarem totalmente privados
de sons. SER SURDO DE NASCENÇA é estar completamente alheio a barulhos e estrondos.
São aquelas criaturas que vieram com os ouvidos desprovidos de ruídos. Grosso modo, os que vivem às margens dos
banzés e fuzarcas e demais zoeiras cotidianas, sem nada captarem do mundo
exterior.
Não devem esses filhos de Deus, jamais, ser confundidos com a
segunda hipótese, qual seja o ser SURDO NO BRASIL. NASCER SURDO é um distúrbio.
SER SURDO NO BRASIL é estar divorciado do que acontece ao seu redor. Dito de
outra maneira, o sujeito vivencia os erros, sabe que eles existem, ao mesmo
tempo os ignora, asseverando “não tenho nada a ver com o problema, o resto que
se exploda”. Esse pormenor aparentemente insignificante, caros leitores, nos
leva a concluir que o brasileiro, de um modo geral e equivocado, não está nem aí
para as questiúnculas que envolvem a sua gente.
Qualquer lado que o barco seguir navegando, para ele e sua cegueira, ou
melhor, para a sua surdez, estará tudo azul. Os sofrimentos sociais, as mazelas
e infortúnios de seus consanguíneos, não lhe fedem, nem cheiram.
Esmiudados esses pequenos e insignificantes empecilhos, partamos
para a proposta educacional para a formação deles. Em nosso entendimento, a
coisa deveria ser séria, mas não é. Percebam, até a ministrinha, com cara de
Dolores Gonçalves Costa (ou seria de Maria Odete de Miranda Marques??!!)
proferiu decisão proibindo zerar as redações que ferissem os direitos humanos. Não
entendemos, sinceramente, a ligação dos desafios para a formação educacional
dos surdos, com os direitos humanos. De qualquer forma, vamos tentar chegar a
um consenso lógico. Já que falamos em Direitos Humanos, vamos abrir um
parêntese para digerir, como a um saboroso prato de arroz com feijão o entrave.
Esses supostos DIREITOS HUMANOS, de
fato, existem? A resposta é SIM. Entendam SIM, senhoras e senhores, como a
sigla para “SEM INTIMIDAR OS MAIORAIS”. E quem são eles? Os MAIORAIS não são
outros, senão os nossos ministros, senadores, governadores, prefeitos,
presidentes, ex-presidentes, os ladrões suspeitos de receberem propinas, os
vagabundos envolvidos com as várias faces odiosas da corrupção e outras
encrencas de nomes engalanadores.
Direitos humanos existem para quem enfia nos bolsos o
dinheiro público, ou quem o lava em máquinas de fundo de quintal usando sabão
em pó de marcas duvidosas. Direitos humanos se faz pujante para os que possuem
caixinhas com empresários, desfrutam de foros privilegiados, para os que gozam
de vantagens e, notadamente para aqueles que acreditam em julgamentos sérios e
a mais ampla e irrestrita defesa dos seus direitos, direitos estes comprados
com dinheiro vivo.
Direitos humanos servem para esses vagabundos safados (como
os famosos Zezé Esporrela, Lula, Edson Fobão, Jader Caralho, Gleisi Hoffmann,
Marta Eterno Suplicy, Renan Galheiros, Sérgio Petecão, Romeiro de Compostela Jucá,
Delubio Soares, Geddel Vieira Lima, Sérgio Pedro Alvares Cabral, Eduardo Paes e
Filhos, o marqueteiro Repato Pereira, Luiz Fernando Pesão Chulé e Jacob Barata,
entre outros) escaparem das garras da lei. Recentemente surgiu dos quintos do inferno,
um tal de Jair Bolsofunaro. Como os demais da sua laia, nas chamadas Propagandas
Partidárias Obrigatórias (PPO) em horários nobres, esse verme usa as emissoras de
rádio e televisão, para promover lavagens cerebrais irreversíveis nesses enxurros
desnorteadas de Imbecis e Manés, sem eira nem beira, que acreditam piamente em
promessas e se vendem por cestas básicas ou em suborno de uma continha de luz
ou de água atrasadas devidamente pagas.
Essas uberdades são conhecidas por outros nomes, como “CLASSES
BAIXAS” e “BORRA BOTAS”. Direitos humanos existem para os fraudadores do INSS, do
SUS, e de outras repartições, dos que embolsam donativos, dos aliciadores, dos
que se prestam aos promovedores de contas em paraísos fiscais, para os que
praticam evasões de divisas, para os que superfaturam para os que compram votos
e trocam cargos no GRANDE PENICO com a intensão única e exclusiva de continuarem
com os colhões nas cadeiras e sofás palacianos por lá existentes. O GRANDE
PENICO, para os que chegam agora, não é outro, senão BRASÍLIA. A Capital do
País indubitavelmente se transformou, desde que fundada (ou afundada) na maior e
mais completa latrina de bosta do Brasil. Aliás, o Brasil é uma inhaca carniceiramente
fedorenta.
Nos Direitos Humanos, não estão incluídos os miseravelmente
desprotegidos, a saber, os pobres e os pretos. Os pobres e os pretos fazem
parte dessa extensa raia miúda alcunhada de POVINHO. Direitos Humanos são
privilégios de RICOS E ABASTADOS. Os ABESTADOS, portanto, apesar da decisão da
representante da mais “auta corti”, em não permitir sejam anuladas as redações dos
desafios para a formação educacional dos surdos, quando eles mencionarem os
direitos humanos, seja para bem, ou para mal, ao serem corrigidas pelos
examinadores não perderão pontos, tampouco terão as provas anuladas. Os
candidatos poderão meter o ferro ou o pau, sem dó nem piedade nos direitos
humanos. A senhora dona ministrinha Carmem Lúcia, permitiu que esses infelizes,
pobres e fodidos com suas observações (ainda que hilariantes ou desfavoráveis)
continuem em frente, em direção ao NADA. Na prática, estamos carecas de saber, para
toda essa plêiade de alunos só restam os “DIREITUS UMANUS” em via esquerda, na
contramão dos sonhos, evidentemente. Parêntese fechado.
Vistos, discutidos e relatados esses fatos acima expendidos,
partamos para o tema do ENEM “DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS
NO BRASIL”. Por etapas, senhoras e senhores, para que todos entendam. Visando
esclarecer o ponto nevrálgico, achamos conveniente trazer a baila a nossa
redação elegantemente preparada para o famoso exame nacional. “SURDOS, são
aqueles que não enxergam um palmo adiante do nariz. Não confundir com os cegos.
Cegos são os que não querem ser vistos. Nem por eles, quando se pilham diante
de um espelho”.
“Podem, no mesmo patamar, ser considerados surdos, não os
privados da boa audição, todavia os que não querem ser escutados ou incomodados
pelos barulhos ensurdecedores deste mundo de loucos. Surdos, são, ainda, os que
não possuem nenhuma visão do que os cerca. Exemplo disso, os “sem noção” os que
vivem correndo atrás de políticos, os boçais que apoiam candidatos a algum carguinho,
não pela vida pregressa deles, tão somente pelas falas bonitas, pelas retóricas
perfeitas, pelos ternos e sapatos de famosas grifes e, sobretudo, pelas
promessas acrimoniosas e escabrosas que vomitam”.
“Surdos de nascença entendemos os que escutam de ouvidos
cheios de dentes e as emoções escancaradas, a Anitta, o Mc Catra, o Mc Gui, o Mc
Nego do Borel, o Mc Ticão, o Mc Pedrinho (aquele garoto de 12 anos que, em suas
letras, faz menções pornográficas), o Mc Guimê, o Mc Bin Laden, a Tati Zaqui, a
Ludimilla e outros malucos belezas que surgem, a cada dia, a cada hora, a cada
minuto, aos borbotões, como ratos e vermes de esgoto, revestidos com todas as
insanidades mentecaptadas do baiano Raul Seixas”.
“Pintinho Amputado”, pensador de rua, 58 anos, atualmente em
Curitiba, no Paraná, tem o tal do meato acústico e os folículos pilosos
danificados. Referido senhor, preconiza que “nossos parlamentares são surdos
dos olhos. Porém, recepcionam com perfeição, quando sentem o faro das mutretas
pululando em derredor de seus bolsos”. O poeta alemão August Graf Von Platen
leciona que “o ideal deve, como os peixes, ter sua vida nas águas e a surdez na
terra dos que nada ouvem”. Leon Eliachar bate na tecla de que “a luz forte da
estupidez pode deixar qualquer um não audível dos sentidos”. Turullipa filho do
palhaço e deputado Tiririca, professa: “sou surdo, logo não escuto”.
Os desafios para formação educacional de surdos em nossa linda
e aconchegante terrinha devem obedecer algumas regras básicas.
1) O cidadão precisa provar realmente ser surdo de nascença,
ou seja, estar munido de um laudo que o identifique como tal. Para tanto, sugerimos
procurar arrancar os ouvidos e, no lugar deles, colocar uma antena parabólica.
2) Promover uma lavagem no aparelho auditivo, a cada trinta
dias, consultando, em paralelo, um especialista em urologia, para o exame de
toque. Somente com esse exame, o toque, poderá o elemento comprovar a sua
incapacidade para os afazeres do dia a dia.
3) Trabalhar em lugares onde o barulho seja rigorosamente
intenso, como pedreiras e escolas de tiro para candidatos pretendentes a portes
de armas.
Na mesma sequencia:
4) Saber como cuidar de cavalos e outros animais, ouvindo
seus queixumes e reclamações.
5) saber manusear instrumentos de corda, como sanfona e
bateria, e,
6) Ouvir atentamente outros surdos-mudos, comunicando-se com
eles, com elegância e humildade. No mesmo sentido, agir com destreza e
perfeição com os surdo-mudezes, ensinando a eles, a arte de ouvir no escuro, na
penumbra, e a distinguir a buzina de um carro da estridência de outros
coletivos existentes.
7) Punir com a perda de audição os impostores que se fingem
surdeadores ou moucos, mutilando definitivamente seus tímpanos para que,
realmente nunca venham a ouvir porra nenhuma.
Para que os desafios acabem, prezados amigos, ou pelo menos cessem
a ferida sangrando, a mídia precisaria divulgar com mais afinco certas
informações que não são repassadas ao público. Alertar, por exemplo, a galera desguarnecida
para o Teste da Orelhinha. Ninguém sabe que esse procedimento existe. O Teste
da Orelhinha detecta possíveis problemas de surdez. O governo pesa a mão com
mais acuidade aos horários políticos que divulgar saídas importantes à
população.
Os programas ao vivo das emissoras conhecidas ou tidas como “de
ponta”, aquelas que dão IBOPE, preferem gerar as propagandas enganosas de Bullying,
falar dos gays, dos trans, bravatear o racismo, pavonear o Neymar de cueca
pousando em Paris, enquanto os surdos e os mudos perdem espaço. Meus caros, a
isso se chama sacanear duramente, golpear a ferro e fogo os consanguíneos. Em verdade,
são esses ignóbeis e tacanhos que mantem esse país em funcionamento.
Arranja se tempo para o circo dos pilantras, em Brasília,
para as maracutáias, para os jantares secretos no Jabucu. Há uma largueza considerável
de tempo para mostrar um colegiado de ministros no STJ (Superior Tribunal das
Falcatruas) depauperados, ultrapassados, maquiavélicos, descompromissados com a
sociedade, e, no mesmo tapa nas fuças dos Josés e Marias, endeusarem uma chusma
de juízes inoperantes, um bando de policiais despreparados, com suas operações
pomposas (como as da policia federal).
Mesma martelada na cachola dos caraminguás, vemos clima para
os ajustes, para as mumunhas e mutretas, enquanto falta tempo para não se falar
das ONGS que poderiam ser mais presentes no acompanhamento aos surdos e mudos. Não
há cursos apropriados de libras, e os poucos existentes sequer são mencionados
ou trazidos às comunidades.
Assistimos nessa torre de babel, nessa putaria sem par, a
total falta de respeito ao povo, consideração e reverência aos cidadãos, acolhimento
e recepção aos seres humanos, aos pisoteados, aos mortos de fome, enfim, a ralé
de comuns e suas chagas expostas, enquanto os reis e as rainhas se banqueteiam
em suas fortalezas as margens de lagos deslumbrantes. E o pior, caros amigos,
com o dinheiro saído, arrancado aos safanões, dos bolsos dos contribuintes que
pagam em dias seus impostos.
Em conclusão, esse é o país em que vivemos. Seguimos, como
vaquinhas de presépio, “sim senhor, não senhor, manda que obedecemos”. Os surdos e seus projetos (que não saem e nem
irão além das folhas de papel, para uma perfeita harmonia de adaptação à
sociedade, ou para serem reintegrados como cidadãos normais, a nosso
vislumbre), estão bastante distanciados e, dessa visão mutilada da realidade,
longe demais para acontecer. Quem sabe um governo comprometido com a sua raça,
daqui uns 500 mil anos, enfim, mostre ao planeta, que a TERRA tem retificação,
correção e regeneração. Um dia seremos todos filhos legitimados do ilustre, Senhor
das Trevas.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza,
jornalista. Da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. 17-11-2017
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