Aparecido Raimundo de Souza
OS MAIS DE CINCO MIL AMBULANTES que atuam clandestinamente nas linhas
da CTPM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em São Paulo, no TRENSUB
(Trens Urbanos), em Porto Alegre, bem como no BRT (Bus Rapid Transit and
System), no Rio de Janeiro e no CETURB- GV (Companhia de Transportes Urbanos da
Grande Vitória), no Espírito Santo, poderão, agora, ter uma profissão
legalizada e partirem para novos mercados de trabalhos qualificados. Em
conjunto com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), as quatro entidades acima darão uma verdadeira aula de cidadania.
Pelo menos é o que se espera. Pois bem. Com essa medida, ao invés de
simplesmente expulsarem os vendedores de dentro de suas plataformas, esses
Estados decidiram investir neles, oferecendo vários cursos de qualificações
profissionais. Os “Manos”, alcunhados de camelôs, agora, terão uma ocupação e
não precisarão ficar correndo dos fiscais (os famosos rapas), tendo em vista
que a venda de quinquilharias nos trens, coletivos e metrôs, notadamente nas
estações, como nos terminais das linhas alimentadoras, é considerada proibida.
Os dados para a inclusão do PQV (Programa Qualidade de Vida) foram
obtidos junto às pesquisas realizadas pela USP (Universidade de São Paulo) e
UFB (Universidade Federal de Brasília) sobre mercado informal, partindo, aliás,
de um processo copiado de Curitiba, no Paraná, considerada a cidade modelo e
pioneira em implantações de novidades em várias trajetórias e compassos junto à
sociedade. Esses levantamentos, além de oferecerem subsídios para as
elaborações da cacetada inaugural, ainda traçou um perfil dos usuários.
Nos questionários aplicados em mais de cem estações das várias linhas
permanentes implantadas em São Paulo, como na terra dos gaúchos, dos cariocas e
dos capixabas, ficaram cindiamente constatados que 99% dos passageiros reclamam
da sujeira dos vagões. Desse total, 53,8%, acreditam que os “passadouros” ou
“peregrinos” emporcalham os comboios, enquanto 26,2%, afirmam que não são os
viandantes ou os romeiros, mas os mascates que proliferam pelos corredores
desses meios de transportes. Nessa via de mão perigosa, dos 3.500
entrevistados, 1200 atribuíram as sujeiras e as imundícies, à falta de educação
e civilidade das pessoas.
Dizem ainda, que para manter a higiene, a faxina e o alinho ideais,
seria conscientizar os transitórios, aumentar o número de funcionários das
faxinas e retirar os agenciadores, além de organizá-los em áreas demarcadas
fora das composições, dos ônibus e das plataformas. Esses seguimentos não são
vistos como “agressivos”, ou “ultrajosos”, entretanto, boa parte da grande
massa, considera ruim a presença deles nesses locais, que deveriam ser
restritos somente aos ligeiros e sucintos em posição de intermitência
constante.
Objetivando solucionar o impasse para ambas as partes, as companhias
das quatro capitais acordaram aplicar em cursos. Pode-se dizer, portanto, que a
CTPM como a TRENSUB, a BRT e o CETURB, encontraram a maneira politicamente
correta para resolverem a questão. E o mais importante, de forma
definitiva.
Trilho paralelo, seria retirá-los dos coletivos e trens,
apreender-lhes as mercadorias, ou multá-los, mas optaram por acreditar no
potencial dessas criaturas, profissionalizando-as. Quem dera exemplos como
estes fossem seguidos à risca por outros órgãos e empresas país afora.
Acreditamos, todavia, ter chegado a hora de enobrecer e catequizar o
desenvolvimento insustentável que aí está nos sufocando a todos.
Passo inalterável, veio à baila, o primeiro pontapé. Torcemos para que louvores iguais, ou
melhores, venham a ser alinhavados nas demais metrópoles desse brasilzão afora
e, claro, sigam embasados nessa teoria, pelo mesmo palmilhar em direção a um
futuro que se afigura imensamente florido e promissor.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista. Da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de
Janeiro. 7-11-2017
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