terça-feira, 7 de novembro de 2017

Aparecido rasga o verbo] Humanizando o capitalismo

Aparecido Raimundo de Souza

OS MAIS DE CINCO MIL AMBULANTES que atuam clandestinamente nas linhas da CTPM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em São Paulo, no TRENSUB (Trens Urbanos), em Porto Alegre, bem como no BRT (Bus Rapid Transit and System), no Rio de Janeiro e no CETURB- GV (Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória), no Espírito Santo, poderão, agora, ter uma profissão legalizada e partirem para novos mercados de trabalhos qualificados. Em conjunto com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), as quatro entidades acima darão uma verdadeira aula de cidadania.

Pelo menos é o que se espera. Pois bem. Com essa medida, ao invés de simplesmente expulsarem os vendedores de dentro de suas plataformas, esses Estados decidiram investir neles, oferecendo vários cursos de qualificações profissionais. Os “Manos”, alcunhados de camelôs, agora, terão uma ocupação e não precisarão ficar correndo dos fiscais (os famosos rapas), tendo em vista que a venda de quinquilharias nos trens, coletivos e metrôs, notadamente nas estações, como nos terminais das linhas alimentadoras, é considerada proibida.

Os dados para a inclusão do PQV (Programa Qualidade de Vida) foram obtidos junto às pesquisas realizadas pela USP (Universidade de São Paulo) e UFB (Universidade Federal de Brasília) sobre mercado informal, partindo, aliás, de um processo copiado de Curitiba, no Paraná, considerada a cidade modelo e pioneira em implantações de novidades em várias trajetórias e compassos junto à sociedade. Esses levantamentos, além de oferecerem subsídios para as elaborações da cacetada inaugural, ainda traçou um perfil dos usuários.

Nos questionários aplicados em mais de cem estações das várias linhas permanentes implantadas em São Paulo, como na terra dos gaúchos, dos cariocas e dos capixabas, ficaram cindiamente constatados que 99% dos passageiros reclamam da sujeira dos vagões. Desse total, 53,8%, acreditam que os “passadouros” ou “peregrinos” emporcalham os comboios, enquanto 26,2%, afirmam que não são os viandantes ou os romeiros, mas os mascates que proliferam pelos corredores desses meios de transportes. Nessa via de mão perigosa, dos 3.500 entrevistados, 1200 atribuíram as sujeiras e as imundícies, à falta de educação e civilidade das pessoas.

Dizem ainda, que para manter a higiene, a faxina e o alinho ideais, seria conscientizar os transitórios, aumentar o número de funcionários das faxinas e retirar os agenciadores, além de organizá-los em áreas demarcadas fora das composições, dos ônibus e das plataformas. Esses seguimentos não são vistos como “agressivos”, ou “ultrajosos”, entretanto, boa parte da grande massa, considera ruim a presença deles nesses locais, que deveriam ser restritos somente aos ligeiros e sucintos em posição de intermitência constante.

Objetivando solucionar o impasse para ambas as partes, as companhias das quatro capitais acordaram aplicar em cursos. Pode-se dizer, portanto, que a CTPM como a TRENSUB, a BRT e o CETURB, encontraram a maneira politicamente correta para resolverem a questão. E o mais importante, de forma definitiva. 

Trilho paralelo, seria retirá-los dos coletivos e trens, apreender-lhes as mercadorias, ou multá-los, mas optaram por acreditar no potencial dessas criaturas, profissionalizando-as. Quem dera exemplos como estes fossem seguidos à risca por outros órgãos e empresas país afora. Acreditamos, todavia, ter chegado a hora de enobrecer e catequizar o desenvolvimento insustentável que aí está nos sufocando a todos.

Passo inalterável, veio à baila, o primeiro pontapé.  Torcemos para que louvores iguais, ou melhores, venham a ser alinhavados nas demais metrópoles desse brasilzão afora e, claro, sigam embasados nessa teoria, pelo mesmo palmilhar em direção a um futuro que se afigura imensamente florido e promissor.                                                         
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. Da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. 7-11-2017 

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