Carina Bratt
Dizem os entendidos e as
entendidas em problemas de nós, mulheres, que depois dos conflitos primitivos
oriundos da infância e as loucuras holocausteanas da adolescência, chega aquela
fase ou o período de realização sexual para a maioria das pessoas. Pessoas,
aqui, no sentido geral e abrangente da palavra. Entre os vinte e os sessenta,
as pessoas estão em forma física e são muito mais atraentes. Os problemas
sexuais eventualmente existentes já foram identificados e talvez resolvidos pela
maioria.
Há boas perspectivas para uma
vida sexual bem-sucedida. Depois dos trinta (meu caso, por exemplo), segundo a
minha ginecologista, doutora Érica de Souza (que também é infectologista), as
mulheres amadurecem. Só não caem do pé.
Observa ela, com muita propriedade: “começamos a superar nossas
inibições, conhecemos nossos corpos o suficiente para sabermos o que nos dá
maior prazer, ou não. No mesmo patamar, conhecemos os homens o bastante para
lhes darmos satisfação sexual plena e estamos próximas do auge da sensibilidade
sexual”.
O auge sexual, por seu turno,
como está no livro “Urgências e Emergências em Ginecologia e Obstetrícia” de
Almir Antonio Urbanetz se dá para o homem numa ocorrência mais cedo, “Antes dos
trinta anos. É quando o nível de testosterona e a produção de espermatozoides
estão no ponto máximo e ele é capaz de uma breve pausa entre orgasmos. Depois
dos trinta, a sua capacidade sexual começa gradualmente a declinar. Talvez por
isso seja comum a mulher escolher um amante mais moço nessa etapa da vida”.
Assim devemos levar em conta
que a combinação é ideal, do ponto de vista sexual. Ambos estão na plenitude de
suas vidas sexuais e tem capacidade para longas sessões de sexo, com múltiplos
orgasmos tanto para a mulher, como para o homem. Em cima desse assunto, Bruno
Bastos Godoi, no seu “Casos Clínicos em Ginecologia e Obstetrícia”, pela
Editora Sanar, brochura com 402 páginas, vai pelo mesmo caminho e ensina que
“um homem mais jovem não pode satisfazer a
mulher de trinta anos em outras áreas: pode muito bem ser menos
sofisticado e sensível que ela. Maior energia sexual significa que o homem
jovem tem menos controle sobre o orgasmo, por isso, às vezes, ele não é o
parceiro sexual habilidoso que a mulher madura deseja”.
Tratando do mesmo assunto,
agora, entretanto no trilho dos quarenta anos, Edmund Chada Baracat e Nilson
Roberto de Melo em seu livro “Ginecologia Baseada em Casos Clínicos”, chamam a
nossa atenção esmiudando que “Homem e mulher são sexualmente parceiros na
adolescência e mais diferentes por volta dos quarenta anos. Muitas mulheres
sentem que sua sexualidade cresce e sua necessidade aumenta à medida que os
anos passam. Isso acontece porque, nessa altura da vida, ela já não tem mais a
maioria dos bloqueios psicológicos relacionados ao sexo. Quer mais assistência
vaginal porque tem menos inibições. Se antes resistia, agora está disposta a
tentar a perseguida em todas as suas formas concebíveis, seja papai e mamãe,
seja sexo oral, nasal, ou alguma outra forma ainda não ventilada ou difundida de
canguru perneta”.
Voltando a Doutora Érica de
Souza, ela afirma peremptoriamente que “quando a gente entra na menopausa,
nosso nível hormonal geralmente diminui, tornando a vagina mais seca, mas
adverte que esse pequeno problema pode ser tratado eficientemente com um regime
sob supervisão médica de substâncias contra a corrida do envelhecimento. Em
resumo, a vida sexual da mulher pode continuar a melhorar nessa fase
menopauseana”.
No mesmo contrafluxo, no meu
entendimento leigo, o homem com mais de quarenta está igualmente na menopausa
masculina e geralmente sente uma diminuição do desejo sexual. Isso é provocado
por uma combinação de fatores. Há um acabrunhamento, ou dito de forma mais
amena, há um declínio do nível hormonal, embora pequena na maioria dos machos.
Tratamentos com testosterona podem restaurar rapidamente o equilíbrio adequado.
Nessa altura da caminhada, o homem frequentemente devota a maior parte da sua
energia ao trabalho e ao bem bom, e o sexo (que deveria ser ótimo) acaba
ficando em segundo plano.
As responsabilidades
familiares, tiro essas conclusões baseadas em meu velho pai, as
responsabilidades são particularmente pesadas, com crianças na escola,
prestações da casa e do automóvel e assim por diante, de modo que no conjunto,
o homem de meia idade é um forte candidato à ansiedade e a depressão. Muitas
vezes suas condições físicas deixam muito a desejar. Talvez por isso meu velho
genitor tenha morrido mais cedo do que devia. Os doutores Jessy M. Brown e Rita
Almeida no fabuloso “Psicologia da Perda do Peso” explicam numa linguagem bem
simples, o seguinte:
“É fato comprovado que as
pessoas com excesso de peso de qualquer idade experimentam uma mudança do
metabolismo do organismo que provoca uma diminuição de interesse na atividade
sexual. No homem de meia idade, o problema do peso combina-se amiúde, com uma
perda geral de forças e vigor, o que o torna menos capaz de exercer atividade
sexual. Outros fatores médicos associados à idade podem afetar a performance
sexual, a saber: abuso de álcool e drogas, por exemplo ou diabetes”.
E concluem: “Assim, enquanto a
mulher sente mais desejos, o homem sente menos. Essa diferença pode tornar a
criatura temporariamente impotente. A mulher, com seu apetite sexual e sua
liberdade recém conquistados, pode parecer ameaçadora para o homem que vê suas
ereções chegando mais devagar que antes - e não tão firmes – e que precisa de
mais estimulação direta para ficar excitado – em especial quando antes uma
fantasia bastava. Esse é o período em que todos carecem de muita compreensão”.
O homem de quarenta anos – no
pensar de Drauzio Varella, “geralmente superou suas inibições e aprendeu a ser
mais sensível as mulheres. Dessa forma, é um amante habilidoso e arrebatador,
embora um pouco lento, quase a passos de tartaruga”.
Nessa altura da vida, como
ficam os cinquentões e os sessentões? Se as minhas amigas e os meus amigos
nessa faixa etária tiverem interesse em saber mais sobre esse assunto, sugiro
ler “O Jogo da Atração” de Diney Costa. Diz ele, à guisa de explicação: “A
sexualidade da mulher diminui um pouco depois dos cinquenta anos, o que a
recoloca num estágio de compatibilidade sexual com os homens de sua idade. Um
dos principais problemas que agora podem afetar a vida do casal é a
possibilidade real de o homem sofrer um ataque cardíaco.
E emenda: “Vai fazer, ou
tentar, e vapt-vupt. Passa dessa para melhor, além de ficar com os testículos
nas mãos e o pau a ver navios. Hoje, a opinião médica sobre o tratamento de
doenças coronárias recomenda um rápido retorno a todos os tipos de atividades
físicas como uma forma de fortalecer o coração e evitar a repetição do
problema. Aconselha-se que o paciente comece a caminhar assim que possível e
prescreve–se um programa de exercícios diários.
Muito bem, amadas e amados. A
partir do momento em que o homem recebe permissão médica para retomar um grau
relativamente normal de exercício físico, como bem disse Diney Costa, em geral
ele também pode e deve reconquistar as atividades sexuais, sem achar que vai
fazer feio à sua companheira, na hora de balançar os esqueletos. Tem algumas
figuras tão afoitas, que chegam a quebrar a cama. Outros conseguem não só
quebrar a alcova, como deixar a parceira furiosa e o mais degradante, subindo
pelas paredes... Chamando “urubu de meu loiro”.
Enfim... Cada caso é um caso.
Por tudo o que aqui deixei dito, devo concluir que naturalmente todas nós (e
isso vale também para os homens) todas nós devemos tomar cuidados para não
exagerarmos. O ataque do coração é um sinal de alerta. Evidentemente caríssimas
e caríssimos, não precisa ser uma luz vermelha para o futuro do prazer sexual
do casal. Se faz necessário estar em dia, em forma, tranquilo, relaxado, para
saber a hora exata de entrar no túnel. E
sair inteiro, do outro lado.
Título e Texto: Carina
Bratt, do Rio de Janeiro. 1-3-2020
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