segunda-feira, 6 de abril de 2020

"Ver Sousa Tavares a ouvir o primeiro-ministro sem o contestar foi muito mau"

Mário Crespo

Mário Crespo
Precisamos de ser informados sem alarmismo, sem admoestações abusivas nem sensacionalismo

Ver Miguel Sousa Tavares ouvir o Primeiro Ministro dizer que até agora nada falta nos hospitais sem o contestar foi muito mau. Vê-lo, e ao seu partenaire, atento, venerando e obrigado não insistir (ao menos) na ausência de testes, foi assustador.

Ouvir responsáveis da saúde dizer que não se deve usar máscara sem serem confrontados com o facto de o mundo todo achar o contrário, é bizarro para usar um adjetivo suave.

António Costa provavelmente diria que "é repugnante".

O que estamos a receber é uma caricatura do que deve ser informação pública e, sobretudo na televisão, os portugueses estão a ser objeto de vários simulacros do que deve ser o jornalismo em tempo de crise.

E em muitos casos o efeito tem sido pernicioso.

Os surtos de açambarcamento são disso um exemplo. As televisões (todas elas) levaram dias a mostrar a corrida aos supermercados pelo mundo fora.

Uma, a SIC, não podia ter ido mais longe no frenesim tabloidístico. Não havendo, na opinião dos responsáveis editoriais, imagem suficientemente trágica para acompanhar o ímpeto da linha de dramatismo adotada desde o início da crise pandêmica, optaram por recuperar desordens públicas em Londres, filmadas uma década atrás. E transmitiram-nas. Acontecimentos de 2011 (de facto altercações menores numa periferia londrina por altura da promoção de um filme americano) como se fossem imagens da pandemia em 2020.


É o que dá andar a comprar no mercado paralelo coisas que parecem notícias. É o que dá ter muitos contatos com os "consórcios" de mercadores de informação exótica.
Texto: Mário Crespo, Sábado, 5-4-2020

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