Diário do Rio
No último dia 24/4, a Amoedo,
uma das principais redes de lojas de materiais de construção do Rio de Janeiro,
demitiu aproximadamente 150 funcionários e não pagou,
no prazo de 10 dias estabelecido pela legislação trabalhista, as
respectivas rescisões.
A informação foi divulgada por
alguns ex-empregados, que relataram, ainda, que a empresa justificou ”não ter
dinheiro para quitar as indenizações” e que a mesma ofereceu um advogado, que
seria custeado pelos próprios ex-funcionários, para negociar o pagamento junto
a eles.
Um dos demitidos, o
ex-operador de loja Matheus Silva, de 22 anos, disse ter ido à sede
da Amoedo para saber quando receberia a indenização, mas acabou saindo de lá
surpreso após ser informado de que teria que arcar com o pagamento do advogado
indicado pela empresa para negociar um acordo.
”Fomos até a sede, e nos
disseram que o advogado entraria em contato conosco. Mais tarde, ele nos disse
que a posição da empresa era a seguinte: ou faríamos um acordo, tendo os
ex-funcionários que pagar o advogado do próprio bolso para receber os valores que
a casa teria a nos pagar, ou deveríamos procurar a Justiça do Trabalho. Em um
momento como esse, isso é surreal. Não sabemos como será o dia de amanhã: se a
empresa vai declarar falência, por exemplo, se vai nos pagar de forma
parcelada… enfim”, disse ele, consternado.
Ainda em relação a Matheus, o
mesmo trabalhou durante 24 dias na Amoedo no mês de abril, e não recebeu o
salário. Devido a isso, as contas estão atrasadas. Ademais, com sua esposa
grávida e previsão de nascimento do filho para o fim de maio, ele diz ter
solicitado à empresa que trabalhasse de casa, para não correr risco da mulher
pegar Coronavírus, mas o pedido foi negado.
”É uma posição muito
covarde da empresa contra quem estava ali até agora, trabalhando. Minha mulher
faz parte de grupo de risco da pandemia. E, ainda assim, eu estava saindo para
trabalhar, pois a empresa não me liberou”, complementou ele.
Já Marcelle Moreira,
ex-operadora de caixa, de 31 anos, além de ter pego um empréstimo para quitar a
casa própria e não saber como vai arcar com as despesas agora que foi demitida,
não está conseguindo sacar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e
tampouco dar entrada no seguro-desemprego.
”Sou casada, e meu marido
recebe um salário mínimo. Tínhamos acabado de comprar nossa casa. Estamos
pagando a parcela da casa mais o empréstimo que fiz. Com a minha demissão,
estou bastante preocupada sobre como vou conseguir organizar minha vida
financeiramente. A empresa não pagou a rescisão, e estou no momento contando
com meu FGTS, que ainda não foi liberado, assim como o seguro-desemprego”,
disse ela.
Em pronunciamento oficial, a
Amoedo, por sua vez, não deu previsão de pagamento das rescisões e disse que,
sobre as demissões, preferiu abrir mão das ”formalidades” previstas em lei e
disse estar negociando caso a caso.
”Em momento algum, a
situação foi imposta ou informado de que os funcionários não receberiam suas
verbas. Esta, definitivamente, não é a postura da empresa, que possui 45 anos
de tradição no mercado carioca. Honraremos com as nossas obrigações, sobretudo
dentro do que faculta a lei e as melhores práticas de gestão de pessoas”,
disse a Amoedo.
Título e Texto: Redação
Diário
do Rio, 10-5-2020
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