domingo, 24 de maio de 2020

O cinema militante e manipulador de Ruy Guerra

Foi num ano entre 1968/1971. Aconteceu em Brazzaville, capital da então República Popular do Congo – em 1992 “perdeu” o “Popular”. Num edifício ao lado do cinema VOG.

Cinema VOG
Meu pai, dentro da sua Renault 4L, passando em frente, eis que vê a larga faixa num edifício ao lado do cinema.


!?!Que porra é isto?!? 
(NdE: naquela época, apesar das guerras pela independência ou pelo poder, espalhadas pelo mundo, gozava-se da liberdade de proferir palavrões, em voz alta, baixinha, ou em pensamento, dentro da sua privada propriedade).

Aí, eis que de dentro do edifício surgem dois homens brancos segurando com rispidez uma mulher negra. (?!)

Tudo filmado e fotografado pelo aparato em frente ao edifício em causa.

Meu pai, ao contar o ocorrido ao jantar, apesar da grande surpresa, disse que imaginava que iriam utilizar aquelas imagens falsas para denegrir Portugal.

Anos depois, já em Portugal, ele entendeu de vez. Porque eu contei a ele.

Vivia eu no Rio de Janeiro e trabalhando na ex-Varig quando vi na revista VEJA uma crítica a um filme do cineasta (e militante) Ruy Guerra, obviamente vencedor de um prêmio num festival em Brasília.

(Ruy Guerra [foto] nasceu em Moçambique em 22 de agosto de 1931, e chegou ao Rio de Janeiro em 9 de julho de 1958).


O filmete, ou documentário, tinha por título “Moçambique 25”. (A independência de Moçambique aconteceu no 25 de junho de 1975).

Pois bem, distraído, começo a ler a avaliação do documentário... eis que leio, algo assim ou parecido (já lá vão mais de quarenta anos!):

Ruy Guerra nos mostra a brutalidade com que a polícia portuguesa tratava os cidadãos negros moçambicanos. Numa pungente cena assistimos a uma mulher negra, grávida, ser arrastada por dois agentes da polícia portuguesa...” Poim!!

Foi o que contei ao meu pai anos depois, na Madalena, Vila Nova de Gaia, Portugal.

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