Presidente criticou operação na saída do
Alvorada
Andreia Verdélio
O presidente Jair Bolsonaro
disse hoje (28) que a operação da Polícia Federal (PF)
desencadeada ontem (27), autorizada pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), tem como objetivo censurar as mídias sociais e atingir quem o apoia.
“Estão perseguindo gente que apoia o governo de graça. Querem tirar a mídia que
eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de fake news. Não
teremos outro dia igual ontem, chega, chegamos no limite”, disse, em
pronunciamento à imprensa ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã
desta quinta-feira.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil |
De acordo com Bolsonaro, a
equipe de governo trabalhou ontem o dia todo e, por volta da
meia-noite, entrou com habeas corpus contra a operação. Para
ele, as pessoas alvos dos mandados tiveram sua propriedade privada violada e
sua honra atentada ao serem surpreendidas com a PF batendo em suas casas.
“Nunca tive intenção de controlar a Polícia Federal, pelo menos isso serviu
para mostrar ontem. Mas, obviamente, ordens absurdas não se cumprem. E nos
temos que botar um limite nessas questões.”
Bolsonaro disse que está
à disposição para conversar com os presidentes dos outros poderes e que
respeita as instituições e criticou decisões monocráticas. “Ontem foi o
último dia e eu peço a Deus que ilumine as poucas pessoas que ousam se julgar
melhor e mais poderosas que os outros, que se coloquem no seu devido lugar, que
nos respeitemos. Não podemos falar em democracia sem um Judiciário
independente, um Legislativo independente para que possam tomar decisões, não
monocraticamente, por vezes, mas as questões que interessam ao povo como um
todo que tomem, mas de modo que seja ouvido o colegiado”, disse.
Para Bolsonaro, é preciso que
as autoridades sejam humildes e corrijam o que, porventura, fizeram de errado.
“Eu já errei e me desculpei, os outros devem fazer a mesma cosia. Essa crise,
que está aparecendo aí, não interessa para ninguém”, disse, pedindo que “não
mergulhem o Brasil numa crise política” e usem “a sua caneta ou seu voto para o
bem do nosso país”.
O presidente argumentou ainda
que a operação de ontem foi um atentado às liberdades individuais e à
liberdade de expressão. Segundo ele, as mídias sociais são complementares à
mídia tradicional e o chamado "gabinete do ódio" é uma invenção em
que algumas pessoas acreditam. “Essa mídia social me trouxe à Presidência, sem
ela não estaria aqui. Não gastei nada, nunca tive nada de recurso para fazer
campanha, foi o povo que me colocou aqui”, disse.
De acordo com o ministro
Alexandre de Moraes, o chamado "gabinete do ódio" é apontado, nos
depoimentos de parlamentares ouvidos no inquérito, como a associação criminosa
“dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas
pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal
Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à
quebra da normalidade institucional e democrática”.
Título e Texto: Andreia
Verdélio; Edição: Narjara Carvalho – Agência
Brasil, 28-5-2020, 12h21
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