quinta-feira, 7 de abril de 2011

O político brasileiro e o cadáver da honra

José Cândido de Castro
Ao abordar um tema de tamanha verdade e alcance social como este, em nome da justiça e da própria honradez, devo estabelecer as devidas ressalvas que ponham a salvo os autênticos e honrados políticos de nossa sociedade. A bem da verdade, tais políticos são poucos, mas ainda existem e merecem nosso respeito como fecundas sementes que aguardam a oportunidade de melhores tempos para germinarem e produzirem os sazonados frutos de honradez com os quais sempre sonhamos. Os sonhos são atividades do espírito em estado de repouso e não de aniquilamento.
José de Alencar, político brasileiro que viveu longos anos em companhia de seus conterrâneos, dizia, com freqüência e com semblante carregado, que não tinha medo da morte física, mas da desonra como sucumbência da moralidade e da honra. Ele devia ter bons motivos e, mais do que motivos, bons conhecimentos diretos, colhidos da convivência política para externar tal preocupação. Com efeito, a desonra é uma morte, a pior das que mediam entre nós porque é morte da moral. E já que me atrevo a responsabilizar nossos políticos por tão ignominiosa morte, cumpre-se o dever de traçar aqui, o perfil moral destes políticos bem como trazer a público o diagnóstico cadavérico dos mesmos.
As doenças sociais, verdadeiras epidemias que infestam a classe política do Brasil são: 
1 - O EGOÍSMO, amor extremado e exclusivo dos próprios bens e interesses. É a egolatria ou a adoração de si mesmo. Entre os bens da natureza entregues por Deus a todos só há lugar para eles, para os políticos meterem sua mão de gato. 

2A AUSÊNCIA DE ESCRÚPULOS, de remorso ou de arrependimento pelos crimes que cometem. Nossos políticos ignoram os que não pertencem ao seu clã. A impudicícia, o cinismo, o descaramento que despreza as conveniências sociais. É a reedição da figura do grego Diógenes para quem só existia ele e o tonel onde morava com exclusividade.  A hipocrisia ou afetação de uma virtude ou de um sentimento que ele não alimenta por ninguém. É o sepulcro caiado. Por fora demonstra postura impecável, por dentro não passa de matéria orgânica em decomposição. O descaso e o desrespeito pelo direito alheio e pela prática da justiça. A falta de caráter ou de definição da própria personalidade. A incapacidade para assumir e sustentar uma posição. É um vira folha, constantemente agitado pelos ventos da cobiça. O político é um mentiroso inveterado e incorrigível. Nega a verdade como se tudo fosse a mesma coisa ou produzisse os mesmos efeitos. É capaz de sustentar com a mesma impassividade de fisionomia que o cavalo BRANCO de Napoleão era PRETO. O político brasileiro é incontestavelmente ladrão confesso, que rouba até as peças intimas do vestuário feminino para tomar banho de sol em Copacabana.
Deixei por último a relação desta doença porque ela representa a síntese de todas as demais e porque reúne bem os dizeres a serem gravados na sepultura dos supra ditos desclassificados: “Aqui jaz o político brasileiro, ladrão confesso de um povo indefeso”.
A HONRA significa a consciência da própria dignidade expressa por uma vida honesta, objeto de respeito e de acatamento da comunidade. Um homem honrado é um homem digno e honesto, aceito e tido como tal pelos que tem os olhos limpos e fixos na verdade.
A honra pessoal é um bem mais precioso do que a fortuna e a ela todos tem direito, salvo prova em contrário. Ora, a imensa maioria dos brasileiros tem dos políticos o pior dos conceitos, ou seja, uma figura desonrada. Mais vale um pobre honrado do que um político debochado. A honra é um bem moral e perde-se este bem por culpa própria quando se age desonestamente ou quando se aviltando no vicio, perde-se o respeito à própria dignidade. Ela é um bem tão puro como a luz que vemos e o ar que respiramos. Só sentimos sua falta quando deles somos privados. Recuperar a honra perdida é tarefa tão árdua que, muitas vezes, faz-se mister submeter-se a uma cirurgia plástica para mudar totalmente de cara, física e moralmente.
Todos nós conhecemos estes políticos pelo jeitão deles, por seu andar de malandros. Foi esta a resposta que um estudante de entomologia deu ao seu professor que lhe perguntava se aquele besouro que ele tinha diante de si era macho ou fêmea. Ele respondeu que era macho. O professor inquiriu por que. O aluno retrucou: “Olha o jeitão dele”.
Se meu amigo aposentado deseja assistir a um notável desfile de políticos procure um necrotério onde se promove a carpidura de um dos grandes da política. Lá, o amigo terá a invejável oportunidade de assistir, com a dança dos microfones, o mais fantástico espetáculo de cinismo e hipocrisia, onde os moralmente mortos, mas fisicamente ainda vivos, tentam ressuscitar os que inapelavelmente se foram como cadáveres da HONRA e da esperança na prática do BEM.
José Cândido de Castro

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