Queridos colegas,
Finalmente recebi uma notícia
que me trouxe esperança: a justiça marcou uma audiência para ouvir testemunhas
para saber se a Varig falou a verdade quando disse que nunca executou um
serviço de bordo com o apertar cintos ligado e que eu só quebrei a coluna porque
eu desrespeitei uma norma que na Varig sempre foi cumprida rigorosamente.
Gostaria de saber quem de vocês poderia me ajudar a dizer ao juiz que essa
norma só passou a ser respeitada na Varig depois do meu acidente.
Tive uma fratura na coluna
toráxica (T7) por ter sido obrigado a continuar trabalhando com o aviso de
apertar cintos ligado. Dessa fratura adquiri uma doença neurológica que causa
inflamação nas células da medula e que me deixa dias na cama toda a vez que
tenho uma crise de dor. Estou fazendo tratamento há11 anos no Hospital das
Clínicas em São Paulo. Por causa dessa doença perdi a minha licença de voo do
CEMAL e a minha carreira foi interrompida. Fui aposentado por Invalidez
Definitiva por Acidente de Trabalho.
O comandante do voo foi consultado
pelo Chefe de Equipe se poderia interromper o serviço de bordo, mas ele proibiu
que o serviço fosse interrompido e mandou a tripulação continuar trabalhando. A
Diretoria de Operações assumiu que o comandante errou. O Cmte. M.P., na
época Piloto-Chefe de Operações, me enviou uma carta dizendo que o aviso de
“apertar cintos” é para todos e que a Varig estava tentando acabar com esse
“ranço cultural” de alguns comandantes e chefes de equipe ainda insistirem em
não interromper o serviço com o aviso ligado.
Após o meu acidente e a
repercussão do mesmo, a Varig lançou uma campanha interna proibindo a execução
do serviço de bordo com o aviso de apertar cintos ligado. Essa campanha dizia
que após um acidente grave com um tripulante (no caso eu), a partir daquela
data estava proibido a execução do serviço de bordo com o aviso ligado.Ou seja,
após o meu acidente, a posição da empresa mudou totalmente em relação a essa
questão.
Fiz um vídeo depoimento que
foi passado obrigatoriamente em todos os cursos no Centro de Treinamento de
Operações (CTO) a partir dessa data.
O jornal da Acvar (Associação
do Comissários da Varig) fez uma edição exclusiva sobre o meu acidente e a
falha da empresa em não respeitar o aviso de apertar cintos para os tripulantes,
onde foi questionado se a vida do passageiro valia mais do que a do tripulante,
ou seja, o perigo é o mesmo para todos.
O tratamento foi pago apenas
nos 3 primeiros anos e depois não mais. Há 8 anos arco com todas as despesas de
médicos especialistas, fisioterapias e medicações.
A audiência para o juiz ouvir
as testemunhas foi marcada para o dia 10 de novembro de 2011 às 11h40, no Rio
de Janeiro.
Preciso muito da ajuda de
vocês nesse momento. Qualquer colega pode ser testemunha:
- os que estavam comigo no voo
que eu me acidentei;
- qualquer colega que tenha
executado um serviço de bordo com o apertar cintos ligado (acredito que todos
nós passamos por isso).
Peço também a todos que
repassem esse e-mail para todos os nossos colegas da Varig, pois não tenho o
e-mail de todos.
Bem, meus amigos, ficarei
esperando ansioso uma resposta de vocês.
Um grande abraço e muito
obrigado,
Jeff Alcantara![]() |
Comissário Jeff Alcantara. Foto: AD |
Conheci este excelente comissário de voo; tive o privilégio de voar algumas vezes com Jeff Alcantara.
ResponderExcluir