O FAT-Fundo de Amparo ao
Trabalhador, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, recebe recursos do
PIS/PASEP que se destinam ao Seguro-Desemprego, à Qualificação e Intermediação
de mão-de-obra, pagamento do abono salarial, empréstimos via Programa de
Geração de Emprego e Renda - Proger e Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar – Pronaf. Quarenta por cento dos recursos do FAT são
aplicados em obras de infra-estrutura intermediados pelo BNDES. É administrado
pelo CODEFAT – Conselho Deliberativo do FAT.
O CODEFAT repassa diretamente,
ou por meio das Secretarias Estaduais de Trabalho, recursos para ONGs, OSCIPs,
sindicatos, igrejas, entidades estudantis entre outras, para realização de
cursos de qualificação profissional. Dentre essas, algumas são sérias, outras
não; algumas simplesmente não existem. São fantasmas.
A grande maioria desses cursos
não pode ser qualificada de eficiente. Muitos nem são realizados. Algumas
entidades sindicais, para não irem diretas ao cofre, criaram Fundações ou
Institutos para fisgar as verbas. Há, da absoluta maioria, grande desprezo por
eficiência e seriedade.
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Carlos Roberto Lupi, Ministro do Trabalho e Emprego. Foto: MTE |
Entre muitos outros
escândalos, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal denunciaram
entrega de R$ 11,5 milhões a quatro entidades fantasmas em Sergipe.
Um procurador da República
ajuizou, em 1º de junho, Ação Civil Pública sobre irregularidades que atingem
R$ 41,8 milhões em repasses do Ministério do Trabalho para realização de cursos
de capacitação profissional. Somente uma entidade de Goiânia recebeu R$ 14
milhões, sem prestar os serviços.
A distribuição de R$ 164,6
milhões para esses cursos, em 2010, é responsável pela letargia da quase
totalidade do movimento sindical e do estudantil. A sobreposição de escândalos,
numa orgia de bandalheiras em diversos níveis governamentais, federal,
estaduais e municipais, em fundos de pensão, em estatais e até em outros
poderes, está banalizando a corrupção e anestesiando a sociedade, que deveria
indignar-se, mas tem apenas observado.
No Ministério do Trabalho e
Emprego, não é diferente. A farra através dos nebulosos cursos de qualificação
profissional é endêmica, vem desde a criação do FAT, há 18 anos. Mas o atual
ministro foi alertado quando lhe entregamos um projeto de criação das Escolas
de Qualificação Profissional, com o poder público assumindo essa função e
cessando o instrumento de corrupção e cooptação dos movimentos sociais. Ele
ignorou e os desmandos aumentaram.
A deficiência em qualificação
de mão-de-obra levou à falta de trabalhadores especializados, como soldadores,
eletricistas, carpinteiros, forjadores, marceneiros entre outros profissionais.
Estamos importando trabalhadores das Filipinas, do Reino Unido, dos EUA e
outros países. É impressionante o número de acidentes do trabalho. Entre os
jovens, o desemprego ultrapassa a 60%. São 10 milhões de jovens sem trabalho e
sem escola.
O MTE criou outra grande
tramoia: a Portaria 186, de 2008. Seria para permitir a pluralidade nos
organismos sindicais de segundo e terceiro graus, isto é, Federações e
Confederações (o que já é um absurdo), mas está sendo o instrumento que permite
também a criação de milhares de sindicatos, numa pulverização das
representações trabalhistas. Não só é uma traição à classe trabalhadora, ao
princípio trabalhista da unicidade sindical, como é também um grande balcão de
negócios. São muitas organizações picaretas com a finalidade apenas de recolher
o Imposto Sindical.
Nasce um sindicato a cada dia.
Nos últimos três anos, foram criados 1.457 sindicatos e há mais 2.410 pedidos
tramitando na Secretaria de Relações do Trabalho. No primeiro semestre deste
ano, foram criadas 182 entidades sindicais. E há impressionantes relatos de
pedidos de propina para concessão da Carta Sindical e da senha que permite
acessar a Conta na CEF para embolsar a grana do Imposto Sindical. Quem não cede
à pressão para pagar a propina, não só vai para o fim da fila, como também,
pouco depois, é surpreendido com a formação de uma entidade similar, na mesma
base territorial, já com registro concedido e dirigido por pessoas que estão à
frente de várias entidades. É o milagre de um indivíduo trabalhar em várias
profissões ao mesmo tempo e dirigir vários sindicatos, concomitantemente.
A revista Isto É de 10 de agosto e o jornal Correio Braziliense publicam dados alarmantes. O jornal O Globo de 19-8-2008 já chamava atenção
para esses escândalos.
É PRECISO DAR UM BASTA NESSA
SITUAÇÃO. ALÉM DA ROUBALHEIRA, É A PRINCIPAL FONTE DE COOPTAÇÃO DE DIRIGENTES
SINDICAIS E ESTUDANTIS.
Título e Texto: Ronald Barata, 17-08-2011
Movimento de Resistência
Leonel Brizola
Rua Sete de Setembro, 112 – 2º
andar – Rio de Janeiro
Tel. 25096338
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