Tiago Loureiro
Passou um ano desde o protesto
da “geração à rasca” e quem acompanhou a actividade dos seus promotores e dos
movimentos que nasceram como sua consequência percebe facilmente que nenhuma
evolução positiva se verificou no seu discurso. Pior: o caminho foi feito rumo
a uma radicalização crescente, a uma demagogia exasperante e a uma inocuidade
confrangedora. E, para isso, tendo em conta que o conteúdo das ideias é
bastante semelhante, já bastava o Bloco de Esquerda. Hoje, a generalidade
daqueles que deram a cara por um protesto marcante nos números mas vazio na
qualidade das propostas, parecem continuar interessados em esperar que o estado lhes acabe com os problemas, profetizando a fé inesgotável de que sem um
paternalismo estatal de direitos e subsídios nada se faz.
Este ano, por modéstia (ou
talvez por receio de uma provável impossibilidade de replicar a mobilização de
há um ano) os ditos “quinhentoseuristas” da geração à rasca ficaram-se por um
simples convite para que todos escrevam as suas ideias para melhorar o país
numa folha de papel. Eu, que também sou jovem, temendo ser demasiado original
para o discurso repetido desses que se acham a voz de uma geração, não deixo,
ainda assim, de lhes deixar algumas ideias.
Se é a falta de emprego que
vos preocupa, exijam que o estado flexibilize a legislação laboral, facilitando
a entrada de jovens no mercado de trabalho e, acima de tudo, que promovam um
mundo de mérito e em que todos possam, de facto, ser bem sucedidos por serem
melhores e mais competentes, em vez de exigirem “direitos” que, porque
existiram para outros que chegaram antes de nós, nos deixam à rasca.
Se é uma verdadeira hipótese
de emancipação que procuram, se querem sair da casinha dos pais, exijam uma
reforma que se veja nas leis de arrendamento, que não negue a um jovem uma
séria possibilidade de alugar uma casa só porque não encontra um preço justo a
pagar pela sua renda porque tem de pagar parte da renda de outros que chegram
antes de nós e vivem “direitos” que nos deixam à rasca.
Se é salários decentes que
querem, exijam um país que produza e seja economicamente próspero e
competitivo, que saiba ser atractivo para quem quer investir e criar emprego em
vez de se andar sistematicamente a endividar e a onerar a nossa geração e a dos
os nossos filhos, para sustentar um estado que de tão grande e omnipresente nos
deixa à rasca.
Estes são alguns exemplos das
exigências que eu gostaria de ver as cordas vocais dos jovens que gostam de
estar na primeira linha destas manifestações produzirem. Exigências de que o
estado elimine o que está mal em vez de exigir que o estado arranje maneira de
nos beneficiar com o que já não faz sentido. No dia em que saírem à rua para
exigir coisas deste género, é de bom grado que saio também. Até lá, porque
dispenso palhaçadas e indignações comodistas e de circunstância, vou tentando
fazer pela vida.
Título e Texto: Tiago
Loureiro, no blogue “O insurgente”
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