segunda-feira, 12 de março de 2012

Geração à rasca um ano depois


Tiago Loureiro
Passou um ano desde o protesto da “geração à rasca” e quem acompanhou a actividade dos seus promotores e dos movimentos que nasceram como sua consequência percebe facilmente que nenhuma evolução positiva se verificou no seu discurso. Pior: o caminho foi feito rumo a uma radicalização crescente, a uma demagogia exasperante e a uma inocuidade confrangedora. E, para isso, tendo em conta que o conteúdo das ideias é bastante semelhante, já bastava o Bloco de Esquerda. Hoje, a generalidade daqueles que deram a cara por um protesto marcante nos números mas vazio na qualidade das propostas, parecem continuar interessados em esperar que o estado lhes acabe com os problemas, profetizando a fé inesgotável de que sem um paternalismo estatal de direitos e subsídios nada se faz.
Este ano, por modéstia (ou talvez por receio de uma provável impossibilidade de replicar a mobilização de há um ano) os ditos “quinhentoseuristas” da geração à rasca ficaram-se por um simples convite para que todos escrevam as suas ideias para melhorar o país numa folha de papel. Eu, que também sou jovem, temendo ser demasiado original para o discurso repetido desses que se acham a voz de uma geração, não deixo, ainda assim, de lhes deixar algumas ideias.
Se é a falta de emprego que vos preocupa, exijam que o estado flexibilize a legislação laboral, facilitando a entrada de jovens no mercado de trabalho e, acima de tudo, que promovam um mundo de mérito e em que todos possam, de facto, ser bem sucedidos por serem melhores e mais competentes, em vez de exigirem “direitos” que, porque existiram para outros que chegaram antes de nós, nos deixam à rasca.
Se é uma verdadeira hipótese de emancipação que procuram, se querem sair da casinha dos pais, exijam uma reforma que se veja nas leis de arrendamento, que não negue a um jovem uma séria possibilidade de alugar uma casa só porque não encontra um preço justo a pagar pela sua renda porque tem de pagar parte da renda de outros que chegram antes de nós e vivem “direitos” que nos deixam à rasca.
Se é salários decentes que querem, exijam um país que produza e seja economicamente próspero e competitivo, que saiba ser atractivo para quem quer investir e criar emprego em vez de se andar sistematicamente a endividar e a onerar a nossa geração e a dos os nossos filhos, para sustentar um estado que de tão grande e omnipresente nos deixa à rasca.
Estes são alguns exemplos das exigências que eu gostaria de ver as cordas vocais dos jovens que gostam de estar na primeira linha destas manifestações produzirem. Exigências de que o estado elimine o que está mal em vez de exigir que o estado arranje maneira de nos beneficiar com o que já não faz sentido. No dia em que saírem à rua para exigir coisas deste género, é de bom grado que saio também. Até lá, porque dispenso palhaçadas e indignações comodistas e de circunstância, vou tentando fazer pela vida.
Título e Texto: Tiago Loureiro, no blogue “O insurgente

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