domingo, 18 de março de 2012

O bando dos 4+1

Alberto de Freitas
Pespegam os egos em cima da mesa, olham-se olhos nos olhos, aguardam o sinal do 5º elemento e, desatam a verbalizar ideias retiradas de profundas e insondáveis entranhas. E, não esquecendo que estão em televisão, reforçam-nas com condizentes posturas e movimentos gestuais, além dos sempre presentes trejeitos faciais e olhares de frieza polar. Quem não gostam é tratado sem “finuras” nem problemas de consciência. Tal como antigas porteiras a desvendarem a vida dos inquilinos.
Quem perca o programa, para saber o que lá se passou, basta ler o que as criaturas debitam pela imprensa. Porque são 2 em 1: poupam ideias e tempo, falando do que escreveram e escrevendo do que falaram. A imagem de tais personagens tem algo a ver com filmes categoria “B”, em que se é o que se aparenta ser. O único elemento feminino do bando, pela jactância com que se pronuncia, poderá ser confundido com a rainha egípcia Hatshepsut, na versão múmia. Os elementos masculinos incluem-se nas categorias: bolchevique repescado do assalto ao Palácio de Inverno; burguês bem alimentado e atinado ao estilo do filho com que qualquer mãe sonha; estouvado alentejano de graçola forçada. O 5º elemento vigia, com a autoridade de contínuo em pátio de escola, evitando que alguém abandone o estúdio.
No programa deveria predominar a ironia, o sarcasmo e, na hipótese mais desejada: o humor. Nada disso. A misturada de egos e as ideias pré-concebidas fazem com que ninguém arrede pé das posições. Nem nos “painéis” sobre futebol, existe tal irritação. Até as gargalhadas de circunstância têm o sabor da vingança que se serve fria.
A argumentação baseia-se em fazer-de-conta-que-tudo-está-normal. As várias personagens políticas são analisadas sob a dicotomia: bons versus maus. Em que no governo presente são todos maus. Os bons são os que não estão no governo e os que saíram do governo. Considerar o governo mau, é coisa normal e até higiénica. Mas as razões é que se tornam dignas de irem à consulta de psiquiatria: como se o fisioterapeuta fosse proibido de falar no acidente que limita o paciente à cadeira de rodas, tornando-se responsável por tal situação. Todo o odioso recai na cura e não na causa da doença.
Um tal Gaspar é zurzido por não gastar dinheiro, deixando os telespectadores na ignorância da razão do raio do homem não gastar dinheiro. A hipótese de não o ter nunca é colocada, talvez para que as razões para tal… não sejam colocadas. Quando a rainha egípcia, qual oraculo, conclui que este primeiro-ministro não está preparado para o ser, depreende-se que os anteriores estavam. Demonstrando que os excessos, mesmo de competência, são perniciosos. Razão de termos chegado à situação presente. E tudo o que existe há anos é analisado como se fosse de geração espontânea. A crítica aos imbróglios que não se desfazem substitui os aplausos de quando se faziam. Colocam-se no pedestal da superioridade moral, de quem julga os outros sem olhar para os próprios pés. “Vomitam” sobre a ideia do produto Salazar, alegando a causa de tal atropelo, a falta de memória histórica. Esquecendo-se que em muitas praças e ruas são glorificados genocidas. É que mesmo no sarcasmo deve existir coerência; na ironia, honestidade e, na “má-língua, verdade.
As personagens pretendem-se inteligentes, sendo o programa a soma das partes. É algo que, ao estilo “Laranja Mecânica” – impedimento de cerrar as pálpebras – e como profilaxia, todos os jovens inconscientes deviam assistir.
“E-depois-não-digam-que-não-avisei”, mas podem confirmar: “Eixo do Mal”, SICN, às zero horas de Domingo. Às 16 horas do mesmo dia, não se recomenda, sendo preferível optar por um passeio a pé aproveitando o bom tempo.
Título e Texto: Alberto de Freitas
PS: Não posso deixar de realçar o esforço para colocar algum bom senso, por parte do"estarola alentejano" 

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