quarta-feira, 16 de maio de 2012

Patriota?



Peter Rosenfeld
Na semana passada, sob o título MERCOSUL, abordei a atitude da Argentina, retendo em pontos de entrada daquele país mercadorias brasileiras, sem se importar o mínimo com o que deveria ser o procedimento em um mercado comum, em que os produtos circulariam livremente entre os estados-membros.
Pressionado pelos exportadores brasileiros, face aos muitos milhões de dólares retidos nas aduanas brasileiras, o Ministro de Relações Exteriores brasileiro declarou que considerava a atitude argentina válida, face aos problemas que estão afligindo aquele País, razão pela qual não tomaria qualquer medida contra nossos “hermanos”.
A propósito, o Dep. Federal Osmar Terra (PMDB-RS) publicou, no jornal Zero Hora de ontem, 15/06/2012, fls. 18, oportuníssimo artigo sob o mesmo título que o deste meu texto.
Permito-me transcrever o mesmo, sem haver pedido permissão ao Deputado; sei que estará de acordo.
É espantosa a entrevista do Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, na Zero Hora de domingo, especialmente quando fala do bloqueio argentino aos produtos brasileiros.
Com os principais setores de nossa indústria sofrendo enormes prejuízos, com um bloqueio às exportações que se arrasta há mais de um ano, o ministro demonstra desconhecer por completo a questão.
Quando as maiores fábricas de tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas do Brasil, localizadas no Rio Grande do Sul, não só não conseguem vender para a Argentina, mas são constrangidas a transferir sua produção para lá, ouvir o chefe de nossa diplomacia falar que 'queremos evitar que questões comerciais contaminem o nosso relacionamento', é mais do que preocupante.
O ministro não deve saber (mas deveria) que milhares de tratores e de colheitadeiras, aqui fabricados, estão parados há um ano na aduana argentina, como forma de pressão em cima de nossas indústrias. Na área calçadista, são 3 milhões de pares de sapatos parados na fronteira. Nossos frigoríficos não enviam mais produtos para lá. Isso gera prejuízos e demissões que já chegam a milhares, nos diversos setores.
Quando o bloqueio, em maio do ano passado, chegou ao setor automobilístico, houve uma pronta retaliação do governo brasileiro, com bloqueio do lado de cá à produção argentina. Logo chegaram a um acordo, Mas, em relação aos demais setores, o governo brasileiro lavou as mãos.
Abandonadas à própria sorte, as duas maiores indústrias de máquinas agrícolas daqui ficaram sem saída, e já anunciaram investimentos na Argentina da ordem de US$ 300 milhões. Vão produzir lá o que já fazem aqui, com sobra para abastecer várias vezes o mercado argentino. Isso é um absurdo nas regras de mercado e na vida de uma empresa. O resultado será a redução drástica da produção e empregos do lado de cá.
Diz ainda o ministro: 'Há uma afinidade entre os dois governos e entre as duas chancelarias. O diálogo é muito amistoso'. E mais adiante: 'A Argentina passou por crises sérias, começou a se recuperar'. Faltou dizer que está conseguindo isso às custas, em boa parte, da produção e de empregos gaúchos e da omissão brasileira. O ministro Patriota não foi capaz de nem uma palavra de alento para os gaúchos.
Importante lembrar que o Rio Grande do Sul é o Estado mais prejudicado pela inação do Itamaraty em outras situações. Há um ano, também, nossos frigoríficos sofrem com a suspensão de importações por parte da Rússia, o que já acarretou a perda de US$ 1 bilhão na economia estadual."
E termina: “Esperávamos mais de um ministro de relações exteriores com este sobrenome.”
De patriota não tem nada, é o exato oposto.
E os argentinos, com sua conhecida soberba, devem estar dando risadas por haverem dobrado seu vizinho ao norte e mostrado quem tem mais “peito”, como se diz popularmente, já que com seus 41 milhões de habitantes dobrou o Brasil com seus 200 milhões...
Aos argentinos se aplicaria com perfeição a frase atribuída ao falecido francês General de Gaulle, “o Brasil não é um País sério”... Não duvido que a tenha usado, mas jamais publicamente.
E a Sra. Rousseff, que se tem como parcialmente gaúcha, onde fica?
Por que não chama seu ministro às falas e lhe dá uma carraspana?
“Falas amistosas”, como diz, devem ser guardadas para ocasiões mais festivas, descontraídas, mas não em uma negociação séria, em que se discute a sobrevivência de um Estado importante da nação brasileira.
Atitudes como as a que me refiro aqui têm que ser combatidas com o maior vigor; se não for assim, o Brasil jamais será respeitado!
Lamentável o comportamento do atual governador do RS, Tarso Genro, que em nenhum momento se manifestou nessa questão, para apoiar as indústrias gaúchas! Será covardia?
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 16 de maio de 2012

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