Peter Rosenfeld
Na semana passada, sob o
título MERCOSUL,
abordei a atitude da Argentina, retendo em pontos de entrada daquele país
mercadorias brasileiras, sem se importar o mínimo com o que deveria ser o
procedimento em um mercado comum, em que os produtos circulariam livremente
entre os estados-membros.
Pressionado pelos exportadores
brasileiros, face aos muitos milhões de dólares retidos nas aduanas
brasileiras, o Ministro de Relações Exteriores brasileiro declarou que
considerava a atitude argentina válida, face aos problemas que estão afligindo
aquele País, razão pela qual não tomaria qualquer medida contra nossos
“hermanos”.
A propósito, o Dep. Federal
Osmar Terra (PMDB-RS) publicou, no jornal Zero Hora de ontem, 15/06/2012,
fls. 18, oportuníssimo artigo sob o mesmo título que o deste meu texto.
Permito-me transcrever o
mesmo, sem haver pedido permissão ao Deputado; sei que estará de acordo.
“É espantosa a entrevista do
Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, na Zero Hora de domingo,
especialmente quando fala do bloqueio argentino aos produtos brasileiros.
Com os principais setores de
nossa indústria sofrendo enormes prejuízos, com um bloqueio às exportações que
se arrasta há mais de um ano, o ministro demonstra desconhecer por completo a
questão.
Quando as maiores fábricas de
tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas do Brasil, localizadas no Rio
Grande do Sul, não só não conseguem vender para a Argentina, mas são
constrangidas a transferir sua produção para lá, ouvir o chefe de nossa diplomacia
falar que 'queremos evitar que questões comerciais contaminem o nosso
relacionamento', é mais do que preocupante.
O ministro não deve saber
(mas deveria) que milhares de tratores e de colheitadeiras, aqui fabricados,
estão parados há um ano na aduana argentina, como forma de pressão em cima de
nossas indústrias. Na área calçadista, são 3 milhões de pares de sapatos
parados na fronteira. Nossos frigoríficos não enviam mais produtos para lá.
Isso gera prejuízos e demissões que já chegam a milhares, nos diversos setores.
Quando o bloqueio, em maio do
ano passado, chegou ao setor automobilístico, houve uma pronta retaliação do
governo brasileiro, com bloqueio do lado de cá à produção argentina. Logo
chegaram a um acordo, Mas, em relação aos demais setores, o governo brasileiro
lavou as mãos.
Abandonadas à própria sorte,
as duas maiores indústrias de máquinas agrícolas daqui ficaram sem saída, e já
anunciaram investimentos na Argentina da ordem de US$ 300 milhões. Vão produzir
lá o que já fazem aqui, com sobra para abastecer várias vezes o mercado
argentino. Isso é um absurdo nas regras de mercado e na vida de uma empresa. O
resultado será a redução drástica da produção e empregos do lado de cá.
Diz ainda o ministro: 'Há uma
afinidade entre os dois governos e entre as duas chancelarias. O diálogo é
muito amistoso'. E mais adiante: 'A Argentina passou por crises sérias, começou
a se recuperar'. Faltou dizer que está conseguindo isso às custas, em boa
parte, da produção e de empregos gaúchos e da omissão brasileira. O ministro
Patriota não foi capaz de nem uma palavra de alento para os gaúchos.
Importante lembrar que o Rio
Grande do Sul é o Estado mais prejudicado pela inação do Itamaraty em outras
situações. Há um ano, também, nossos frigoríficos sofrem com a suspensão de
importações por parte da Rússia, o que já acarretou a perda de US$ 1 bilhão na
economia estadual."
E termina: “Esperávamos mais
de um ministro de relações exteriores com este sobrenome.”
De patriota não tem nada, é o
exato oposto.
E os argentinos, com sua
conhecida soberba, devem estar dando risadas por haverem dobrado seu vizinho ao
norte e mostrado quem tem mais “peito”, como se diz popularmente, já que com
seus 41 milhões de habitantes dobrou o Brasil com seus 200 milhões...
Aos argentinos se aplicaria
com perfeição a frase atribuída ao falecido francês General de Gaulle, “o
Brasil não é um País sério”... Não duvido que a tenha usado, mas jamais
publicamente.
E a Sra. Rousseff, que se tem
como parcialmente gaúcha, onde fica?
Por que não chama seu ministro
às falas e lhe dá uma carraspana?
“Falas amistosas”, como diz,
devem ser guardadas para ocasiões mais festivas, descontraídas, mas não em uma
negociação séria, em que se discute a sobrevivência de um Estado importante da
nação brasileira.
Atitudes como as a que me
refiro aqui têm que ser combatidas com o maior vigor; se não for assim, o Brasil
jamais será respeitado!
Lamentável o comportamento do
atual governador do RS, Tarso Genro, que em nenhum momento se manifestou nessa
questão, para apoiar as indústrias gaúchas! Será covardia?
Título e Texto: Peter Wilm
Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 16 de maio de 2012
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