Pilotos da TAM protestam contra falta de segurança de voo
Funcionários criaram blog com série de reivindicações e prometem seguir
estritamente os manuais – o que pode gerar atrasos em voos e prejuízos para a
companhia. Manifestação deve seguir durante todo o mês.
Em protesto por melhores
condições de trabalho e segurança de voo, pilotos e comissários da TAM
iniciaram uma operação de “não-colaboração” à empresa. Para chamar a atenção da
companhia aérea, os funcionários criaram um blog chamado “Aviador Anônimo TAM”. Os
manifestantes dizem que mais de 10.000 funcionários que trabalham na área de
segurança de voo (entre pilotos, comissários e mecânicos) estão insatisfeitos
com a companhia.
“Não é prudente que uma empresa aérea mantenha justamente as pessoas
mais envolvidas em segurança sob estresse”, diz um dos textos publicados.
Eles reclamam das escalas de trabalho, da falta de planejamento das jornadas,
da redução dos salários e do péssimo trato da chefia com os subordinados. “O rigor na escala torna quase impossível
nossa volta para casa”, disse um piloto ao site de VEJA.
Os funcionários prometem
seguir rigorosamente os manuais das aeronaves – o que pode ocasionar atrasos em
voos e aumento de consumo de combustível. “Iremos
emitir diretrizes aos tripulantes, que deverão ser seguidas durante o mês de
maio. Serão coisas simples como fazer o procedimento completo, enfim, trabalhar
em cima do que está escrito”, diz um dos textos publicados no site.
Em carta encaminhada ao
presidente da TAM, Marco Bologna, em abril, os pilotos fazem um alerta: “Seremos como robôs, cumpriremos estritamente
as normas escritas pela empresa e deixaremos que os outros departamentos façam
o trabalho deles. Vai ser como cortar na carne, mas não vemos outra alternativa”.
Gastos - O objetivo do movimento é pressionar a companhia sem
greves, mas de forma a causar possíveis prejuízos para a TAM. Segundo um
piloto, metade dos gastos da empresa é proveniente de combustível e as medidas
adotadas pelos aviadores podem pesar no bolso da TAM. A assessoria da companhia
confirmou que o combustível é o principal custo operacional da empresa.
"Se cada comandante deixar de economizar 100 quilos de combustível por
etapa, com uma adesão de 50% dos pilotos, teríamos um aumento nas despesas na
ordem de 5 milhões de reais ou mais, só em maio”, estima um comandante que
preferiu não se identificar.
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Airbus A330-200 aterrissando no aeroporto de Heathrow, Londres, agosto de 2007. Foto: Adrian Pingstone |
Nesta quarta-feira, o blog “Aviador Anônimo TAM” recebeu mais de
cem comentários sobre o início da manifestação. “Basta seguir o que está escrito que iremos chamar a atenção. O consumo
daqui a algum tempo vai aparecer, vamos causar estrago. Vai virar uma bola de
neve: aeronautas regulamentados, voos atrasados, aí o bicho vai pegar.”
Outro manifestante diz: “Minha parte estou fazendo. Limpeza só entra
depois do desembarque encerrado, embarque só ocorre depois de a limpeza ter
saído. Comissária não chegou? Problema da base. Contagem não bateu com a do
despacho? Paciência, só fecho a porta quando bater. Fechar a porta com
passageiros em pé? Não, não, não!”.
Até o meio-dia desta
quarta-feira, a companhia registrou atrasos em 17,8% dos voos – a média de
atrasos de todas as empresas foi de 15,1%. “O índice de atrasos de hoje é
padrão para as companhias”, informou a assessoria da TAM ao site de VEJA.
“Todos foram prejudicados pelo mau tempo, principalmente em Porto Alegre.”
Resposta – A assessoria da TAM informou que a segurança é
prioridade para a companhia: “Cumprimos rigorosamente toda a legislação do
setor aéreo e os procedimentos de operação das aeronaves sugeridos pelos
fabricantes”.
A empresa também negou
eventual excesso na jornada de trabalho dos tripulantes. "A média de horas
de voo por tripulante, na TAM, é inferior a setenta horas por mês, para um
limite mensal regulamentar de 85 horas. Além disso, a remuneração dos
tripulantes da empresa está em linha com o praticado nos mercados brasileiro e
internacional".
A TAM nega que haja um
“movimento” entre os funcionários da companhia, mas admite que o departamento
de recursos humanos da empresa enviou uma carta ao blog em resposta aos
“supostos” manifestantes. Diz uma parte do texto encaminhado pelo RH aos
blogueiros: “Pertencemos a uma única empresa e esse espírito deve permanecer.
Somente por meio do diálogo sincero e aberto entre nós é que poderemos
encontrar, juntos, as respostas e soluções”.
Colaboração: Pierre Pereira
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