Os dias enrolam-se uns nos
outros. Como teias de arranha. Como o fio que se dobra e se perde a ponta e se
enreda de tal forma que não tem ponta por onde se lhe pegue. As noites são tão
longas que parecem não ter fim. O tique-taque do relógio acompanha o bater do
coração num silêncio terrível. Negro. Profundo. É assim a vida sem sonhos. É
assim que nos sentimos quando baixamos os braços e temos a certeza de que não
há força alguma capaz de nos mover. A solidão pesa no corpo como um casaco
molhado. Mesmo quando estamos rodeados pelos outros. Nestes tempos de tristeza
apenas a amizade nos pode salvar. Não o amor, não que esse pede meças, pede
explicações e exige saber se o que demos é igual ao que recebemos. E feitas as
contas, no amor saímos sempre a perder. Mas a amizade, quando é pura, quando é
verdadeira, é o melhor bálsamo para a vida. Basta saber que contamos com
alguém. Que existe um ser humano a quem podemos telefonar a altas horas da
madrugada só para dizer nada. Um nada enorme feito do nosso desamparo. Das
ilusões perdidas. Da saudade do que fomos, enfim seja do que for. A amizade é
uma outra forma de amor. É gostar de alguém a tal ponto que nos esquecemos de
nós. É aceitar o outro reconhecendo-lhe todos os defeitos e estar lá. Estar
sempre lá disponível. Os dias que se adivinham, mais aqueles que correm,
necessitam da amizade tanto como o ar que respiramos.
Título e Texto: Luisa
Castel-Branco, Destak,
12-03-2013
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