O tempo em que nos dedicamos
ao exercício da palavra escrita dentro do jornalismo, através de artigos e editoriais,
e na labuta da edição de livros, desde 1977, ensinou-me que a humildade é
predicado indispensável, uma vez que não há nada mais difícil que a
unanimidade, quando a questão se prende à livre expressão de pensamento ou
exposição de análise crítica.
Aprendemos a não nos embevecer
diante do elogio e, igualmente, não nos deixar cair em desânimo perante
colocações antagônicas às nossas opiniões, pois a principal meta de quem
escreve é levar o leitor à reflexão.
Lamentamos de maneira profunda
o avanço de pendores ditatoriais mundo afora, com muitos governantes tomando o
sistema democrático como uma maneira eficaz de legitimar a sua vocação
autoritária, transformando a sua administração em ato discricionário abençoado
pela unção das urnas.
A mentira costuma ter dono,
pois todos partem em busca da descoberta do mentiroso, mas a verdade dispensa
proprietário. Ou seja, quando qualquer pessoa se nos apresenta verdadeira, ela
nos passa o sentimento de estar falando por todos. Contudo, a história nos
ensina que, se a empáfia e a mentira são travestidas com o manto da verdade,
elas têm o poder de fazer os déspotas capazes de mover perseguições exacerbadas
e disseminar o vírus mórbido da discórdia entre os seus governados, como se o objetivo
administrativo fosse, diabolicamente, governar no caos.
Visualizamos a opção pela
“partidarização” (sinônimo de nociva seletividade ao noticiar escândalos
políticos) da mídia brasileira como uma iniciativa que em nada auxilia o
aprimoramento de nossa ainda tênue democracia, que constantemente se vê diante
do risco de que maus políticos, sedentos de poder, ousem recorrer a formas
espúrias de ascensão. Se no passado bateram às portas dos quartéis, hoje podem
lançar mão de outros meios, podendo ser até a mais alta corte de nosso
Judiciário.
Preocupamo-nos com a baixa tolerância de nossa sociedade em lidar com forças contrárias, transformando adversário político em inimigo figadal e de tal forma malquisto que todas as armas e todos os meios são válidos na tentativa de dele se livrar.
Preocupamo-nos com a baixa tolerância de nossa sociedade em lidar com forças contrárias, transformando adversário político em inimigo figadal e de tal forma malquisto que todas as armas e todos os meios são válidos na tentativa de dele se livrar.
Procuramos evitar, por todas
as maneiras, não nos deixarmos seduzir ou nos levar pela intriga política, pois
afinal somos ligados à humanística área da palavra escrita, não nos cabendo
contribuir para a cizânia e a divisão entre os homens de má ou boa vontade,
semeando a erva daninha da ignorância, que só existe e progride quando a
semeamos com nossas próprias mãos.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e
jornalista, Secretário de Cultura de Santo Antônio do Monte/MG
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