quinta-feira, 14 de março de 2013

O governo já está a disparatar

Camilo Lourenço
Na última década, o PIB cresceu à média de 0,7%, apesar de todo o "investimento" que fizemos nesse período. Porquê? Porque foi para o sítio errado. Leia-se para sectores como a construção.
Em 2011 a Troika obrigou-nos a mudar de vida, o que provocou uma retracção violenta do investimento e do consumo. Daí ao disparo do desemprego, sobretudo no sector da construção, foi um passo: em dois anos desapareceram 30% dos empregos deste sector.
Deveria ser de outra maneira? Não. O modelo da nossa economia estava errado: consumia demasiados recursos, nos sectores errados, e não produzia riqueza. Ora se alguma coisa não está bem, o melhor é… mudar. E quanto mais depressa, melhor.
O problema é que a rapidez da correcção começou a fazer estragos na frente política: no PSD e CDS, nervosos com um provável desastre nas autárquicas; no PR, que meteu o diploma de Economia na cave, para vociferar, qual líder partidário, contra a queda da procura interna; em Tó Zé Seguro, que se agarrou ao argumento "não há mais cortes" como um náufrago a uma bóia.
Tanta pressão tinha que dar para o torto. E lá veio o anúncio de duas obras de peso: um terminal de contentores na Trafaria e um programa de apoio ao sector da construção, que envolve a reorientação de 3,7 mil milhões das verbas do QREN…
Mas Portugal quer mesmo mudar de vida? Não foi a obsessão com o mau investimento que nos levou à bancarrota? ‘Cadê’ as juras de apoio aos sectores virados para a exportação? E o crédito? Os tais 3,7 mil milhões não fariam maravilhas pelas PME, muitas delas exportadoras, violentamente afectadas pela falta de crédito? Caro leitor, está a ver por que a Troika não pode sair de cá em 2014?
Título e Texto: Camilo Lourenço, Jornal de Negócios, 13-03-2013

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