Na última década, o PIB
cresceu à média de 0,7%, apesar de todo o "investimento" que fizemos
nesse período. Porquê? Porque foi para o sítio errado. Leia-se para sectores
como a construção.
Em 2011 a Troika obrigou-nos a
mudar de vida, o que provocou uma retracção violenta do investimento e do
consumo. Daí ao disparo do desemprego, sobretudo no sector da construção, foi
um passo: em dois anos desapareceram 30% dos empregos deste sector.
Deveria ser de outra maneira?
Não. O modelo da nossa economia estava errado: consumia demasiados recursos,
nos sectores errados, e não produzia riqueza. Ora se alguma coisa não está bem,
o melhor é… mudar. E quanto mais depressa, melhor.
O problema é que a rapidez da
correcção começou a fazer estragos na frente política: no PSD e CDS, nervosos
com um provável desastre nas autárquicas; no PR, que meteu o diploma de
Economia na cave, para vociferar, qual líder partidário, contra a queda da
procura interna; em Tó Zé Seguro, que se agarrou ao argumento "não há mais
cortes" como um náufrago a uma bóia.
Tanta pressão tinha que dar
para o torto. E lá veio o anúncio de duas obras de peso: um terminal de
contentores na Trafaria e um programa de apoio ao sector da construção, que
envolve a reorientação de 3,7 mil milhões das verbas do QREN…
Mas Portugal quer mesmo mudar
de vida? Não foi a obsessão com o mau investimento que nos levou à bancarrota?
‘Cadê’ as juras de apoio aos sectores virados para a exportação? E o crédito?
Os tais 3,7 mil milhões não fariam maravilhas pelas PME, muitas delas
exportadoras, violentamente afectadas pela falta de crédito? Caro leitor, está
a ver por que a Troika não pode sair de cá em 2014?
Título e Texto: Camilo Lourenço, Jornal de Negócios, 13-03-2013
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