Detroit está para se tornar a maior cidade dos EUA a declarar falência
na história do país, depois que um juiz federal decidiu, hoje, terça-feira, que
a municipalidade tomou conhecimento dos critérios legais necessários para pedir
a proteção contra seus credores e conseguir uma concordata.
Francisco Vianna
Um juiz de falências norte-americano,
Steven Rhodes, entregou a declaração de falência à Prefeitura da cidade, um
calhamaço de 140 páginas, depois de quatro meses de disputas legais entre
“gerente de emergência” – indicado pelo Estado de Michigan – e sindicatos
preocupados com o impacto da falência sobre os fundos de pensões. Rhodes
presidiu um julgamento de nove dias para determinar se a cidade cumpriu ou não
os requisitos para a proteção da bancarrota para obter concordata. "Esta
cidade, outrora orgulhosa e próspera, não pode pagar suas dívidas. Tornou-se
insolvente. É candidata a obter concordata pública", disse o juiz Rhodes
de sua cátedra. "Ao mesmo tempo, a cidade pode vir a ter uma oportunidade
para um novo começo".
Detroit, que já foi uma cidade
de 1,8 milhão de habitantes e sede da indústria automobilística americana, vem
sofrendo uma longa queda para dentro de um abismo financeiro. A cidade hoje
conta com uma população de apenas 713.000 pessoas, conforme o Censo de 2010,
uma mera sombra do seu ápice alcançado no pós-guerra. Os custos enormes com
pensões e uma recessão provocada pela saída do grosso das suas montadoras de
veículos em busca de mão-de-obra mais barata em outros mercados provocaram
lacunas financeiras e orçamentárias na vida da municipalidade.
Em 18 de julho último, Detroit
enfrentou o vencimento de cerca de 18 bilhões de dólares em dívidas e outros
passivos e tornou-se a maior cidade na história americana a pedir concordata.
Quase 40 centavos de cada dólar da cidade coletado foram utilizados para pagar
a dívida, com o montante da dívida municipal se preparando para coletar até 65
centavos de cada dólar, sem proteção contra falência, conforme informou a
Associated Press. Detroit disse que deve dinheiro a mais de 100 mil credores
internos e externos.
Nos termos do Capítulo 9 da
Lei de Falências, o ‘gerente de emergência’ – interventor estadual na cidade –
Kevin Orr, irá explorar formas possíveis de pagamento de parte da dívida e
tentar restaurar alguns serviços sociais, tudo sob supervisão judicial. “O
interventor será capaz de considerar cortes nas pensões como parte de sua
proposta final”, determinou o juiz Rhodes. Mas esse juiz disse que só permitiria
os cortes nas pensões se a reorganização final do sistema for justa, como
relatou o jornal “Detroit Free Press”.
Os sindicatos protestaram alegando que a falência poderá ameaçar as pensões dos
aposentados e dos funcionários públicos atuais.
Numa entrevista coletiva, Orr
disse que “vender a coleção de arte da cidade ainda era uma opção”. Disse que
cortes nas aposentadorias e pensões serão necessários para tirar a
municipalidade da concordata, mas que “vai trabalhar para mitigar ao máximo o
impacto que isso trará aos beneficiários”. "Nós estamos tentando ser muito
atenciosos, comedidos e humanos", disse Orr em relação ao trabalho de sua
equipe.
Um advogado da Federação de
Funcionários Estaduais, de Condados e Municípios Americanos, Sharon Levine, disse
à Associated Press, após a decisão, que o sindicato vai recorrer dela no 6º
Circuito dos EUA do Tribunal de Apelações, em Cincinnati. "Vai ser muito
doloroso para uma grande quantidade de pessoas diferentes. Mas, no longo prazo,
o futuro poderá ser brilhante", disse o prefeito afastado Dave Bing
(Democrata) numa coletiva de imprensa após a declaração judicial de falência da
cidade.
A Constituição do Estado de
Michigan não permite a redução de pensões e de aposentadorias já devidas aos
funcionários públicos, salvo nos casos de falência.
O governador de Michigan, Rick
Snyder (Republicano) apoiou o movimento de Detroit. Snyder nomeou o interventor
Orr como “gerente de emergência” para supervisionar a cidade durante o
processo. "Autorizar um ‘gerente de emergência’ para buscar proteção
federal de falências (concordata) foi uma decisão difícil, mas a intervenção na
cidade era a última opção viável para restaurar a municipalidade e fornecer os
pouco mais de 700 mil moradores de Detroit serviços públicos que precisam e
merecem e para os quais contribuem", disse Snyder em seu comunicado.
"Nós sabemos que o retorno de Detroit à normalidade já está em
andamento".
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 03-12-2013
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