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Bonés da John John e tênis da
Osklen: eis os fuzis dos revolucionários de Maria Rita Kehl
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Reinaldo Azevedo
Os playboys vermelhos do
Complexo PucUsp e da imprensa acabaram com o barato da meninada. O rolezinho
nunca mais será o mesmo. Era para fazer umas fotos, beijar na boca, botar
depois no Instagram, causar… Mas a Maria Rita Kehl não quer que seja assim. A
psicanalista de esquerda (isso é possível? Se um analisando mostra tendências
de direita ela faz o quê? Tira o cara do divã a pontapés ou exorciza?), percebi
por uma declaração sua à Folha, acha que pobre em shopping está reivindicando.
Declarou o seguinte:
“Toda inclusão econômica exige, em um segundo momento, o reconhecimento da pertença a uma nova classe social. Claro que os jovens da periferia não pertencem a essa classe que compra nos shoppings, mas chegaram mais perto dela. E muitos deles hoje podem comprar algumas mercadorias que estão ali. A performance dos rolezinhos funciona como denúncia da discriminação, mas não sei se eles fazem isso conscientemente ou apenas movidos pelo mal-estar de saber que não são bem-vindos nos templos do consumo de uma sociedade que, até o momento, só promoveu inclusão via consumo — e não via cultura, acesso a serviços públicos de qualidade etc.”
“Toda inclusão econômica exige, em um segundo momento, o reconhecimento da pertença a uma nova classe social. Claro que os jovens da periferia não pertencem a essa classe que compra nos shoppings, mas chegaram mais perto dela. E muitos deles hoje podem comprar algumas mercadorias que estão ali. A performance dos rolezinhos funciona como denúncia da discriminação, mas não sei se eles fazem isso conscientemente ou apenas movidos pelo mal-estar de saber que não são bem-vindos nos templos do consumo de uma sociedade que, até o momento, só promoveu inclusão via consumo — e não via cultura, acesso a serviços públicos de qualidade etc.”
Quando um especialista diz
“etc.”, sempre penso que ele não deu o melhor de si ao argumentar. Vai ver não
aposta na nossa inteligência. Petista militante, notem que Maria Rita precisa
reconhecer a “inclusão econômica” ou estará negando um dos pilares da campanha
de seu partido, certo? Aí ela avança com aquela ignorância desassombrada de que
só psicanalistas falando sobre economia são capazes… Mentira! Os jornalistas
são ainda mais capazes… Releiam esta enormidade: “Claro que os jovens
da periferia não pertencem a essa classe que compra nos shoppings, mas chegaram
mais perto dela!”.
Maria Rita Kehl acha que só
rico compra no Shopping Campo Limpo.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Aricanduva.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Norte.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Metrô Itaquera.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Penha.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Lapa.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Ipiranga.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Mooca.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Pirituba.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Metrô Tucuruvi.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Aricanduva.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Norte.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Metrô Itaquera.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Penha.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Lapa.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Ipiranga.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Center Mooca.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Pirituba.
Maria Rita Kehl acha que só rico compra no Shopping Metrô Tucuruvi.
Maria Rita Kehl acha que todos os shoppings do Brasil são o Iguatemi, o JK Iguatemi e o Higienópolis. A razão é simples. Maria Rita Kehl só conhece pobre de ouvir falar e, quando tem de ir a um shopping, vai ao Iguatemi, ao JK ou ao Higienópolis — igualmente abertos, diga-se, para receber pobres, ricos, brancos, pretos, homens, mulheres, gays, crianças… Cadê o histórico de discriminação praticado por esses centros de compras?
Maria Rita Kehl nunca
conversou com Renilda Pereira dos Santos. Quem é Renilda? É uma senhora que
integrou um “rolezão” organizado pelas extremistas do MTST no Shopping Campo
Limpo (que fechou a porta antes que eles conseguissem entrar para fazer bagunça
lá dentro). A mulher deu a seguinte declaração: “É um absurdo eu não
poder entrar no shopping hoje. Eu sempre venho, assim como meus filhos, e a
gente gasta muito dinheiro. O direito de entrar no shopping é de todo mundo,
não só dos ‘filhinhos de papai’”. Ela só estava na manifestação porque
mora numa área invadida e quem manda no lugar é o… MTST.
Mas eu quero seguir com Maria
Rita. Kehl. Esta senhora sempre aguça os meus instintos. Disse ela: “A
performance dos rolezinhos funciona como denúncia da discriminação, mas não sei
se eles fazem isso conscientemente ou apenas movidos pelo mal-estar de saber
que não são bem-vindos nos templos do consumo de uma sociedade que, até o
momento, só promoveu inclusão via consumo — e não via cultura, acesso a
serviços públicos de qualidade etc.”
Mentira! Os meninos e meninas
já deixaram claro! Não era denúncia de nada. Também não há mal-estar nenhum.
Quando os shoppings chegaram a Campo Limpo, Itaquera, Penha, Mooca, levaram
mais opções de lazer — em áreas em que, muitas vezes, essas coisas são
escassas. Se o empreendedores que criaram esses centros de compra não quisessem
pobres no estabelecimento, não teriam investido dinheiro naquelas regiões.
Na sexta, na minha coluna na
Folha, escrevi o seguinte: “Os shoppings, chamados de ‘templos de
consumo’ por bocós dos clichês superlativos, seriam a expressão mais evidente e
crua do ‘fetichismo da mercadoria’ (…)”. No dia seguinte, Maria Rita
Kehl chama esses empreendimentos de…“templos do consumo”! Que
coisa! Eu faço a caricatura, crio o estereótipo, e ela vai lá e cumpre a agenda
dos bocós dos clichês superlativos…
Maria Rita Kehl, como toda
esquerdista rosa-chique, que aprendeu, no conforto, a desprezar os bens
materiais, despreza também a inclusão pela via do consumo — ela acha isso uma
coisa menor e, no fundo, meio reacionária. Repete, assim, Marilena Chaui, sua
colega de partido, aquela que “odeia a classe média”. Maria Rita Kehl só
valoriza a integração por intermédio da cultura, entendem? Por que esta senhora
não tenta convencer a molecada a invadir museus, galerias de arte, bibliotecas?
Maria Rita Kehl acha que os meninos só vão ao shopping pra beijar na boca
porque não têm acesso a Dostoiévski.
O que escrevi
Fui dos primeiros na imprensa a dar um tratamento sério a essa história de rolezinhos — aqui e na Rádio Jovem Pan. E quem leu o que andei escrevendo e ouviu o que andei comentando sabe que sempre considerei que esses eventos não passam de uma diversão meio perigosa da molecada, que tem de ser coibida. E tem de ser desestimulada por múltiplas razões de segurança. Só isso. Todos os meus comentários, desde o início, se voltavam contra cretinismos como os de Maria Rita Kehl.
Fui dos primeiros na imprensa a dar um tratamento sério a essa história de rolezinhos — aqui e na Rádio Jovem Pan. E quem leu o que andei escrevendo e ouviu o que andei comentando sabe que sempre considerei que esses eventos não passam de uma diversão meio perigosa da molecada, que tem de ser coibida. E tem de ser desestimulada por múltiplas razões de segurança. Só isso. Todos os meus comentários, desde o início, se voltavam contra cretinismos como os de Maria Rita Kehl.
Para ela e gente como ela,
gozo é para os ricos; a tarefa do pobre é reivindicar. A meninada,
confessadamente, organizava aquelas jornadas para se divertir, mas Maria Rita
Kehl, a iluminada, julga que “a performance dos rolezinhos funciona
como denuncia da discriminação”. E emenda: “mas não sei se eles
fazem isso conscientemente”. Entenderam? Ainda que um rolezeiro diga
para dona Maria Rita que não se trata de protesto — e é o que estão dizendo nas
redes sociais e à imprensa —, esta pensadora responderá: “É que você não tem
consciência do que está fazendo; eu a tenho por você”.
Desprezo pelo povo
Uma das razões — há uma penca — que me afastaram da esquerda é o profundo desprezo, beirando o nojo, que esquerdistas têm do povo. Eles, no geral, consideram a população um lixo, incapaz de fazer escolhas morais certas, escolhas políticas certas, escolhas estéticas certas… O povo, em nome do qual falam, não é esse que está aí, mas outro, é o “novo homem”, que tem de ser construído para substituir este que conhecemos, que já foi corrompido pelos valores do capitalismo, entendem? Não é nada surpreendente que os tiranos comunistas tenham matado e ainda matem com desassombro.
Uma das razões — há uma penca — que me afastaram da esquerda é o profundo desprezo, beirando o nojo, que esquerdistas têm do povo. Eles, no geral, consideram a população um lixo, incapaz de fazer escolhas morais certas, escolhas políticas certas, escolhas estéticas certas… O povo, em nome do qual falam, não é esse que está aí, mas outro, é o “novo homem”, que tem de ser construído para substituir este que conhecemos, que já foi corrompido pelos valores do capitalismo, entendem? Não é nada surpreendente que os tiranos comunistas tenham matado e ainda matem com desassombro.
O “humano” de que eles gostam
é aquele que foi iluminado pela consciência revolucionária, pela consciência da
libertação. O humano com o qual se importam é aquele que serve a uma causa, que
carrega bandeira. Vejam lá o texto que escrevi sobre a ministra Maria do
Rosário. Mais de 50 mil pessoas são assassinadas todo ano no Brasil. Ela não
diz nada. Um garoto gay, infelizmente, aparece morto — muito provavelmente,
jogou-se de um viaduto. Sem esperar perícia, nada!, ela saiu acusando “crime de
homofobia” e tentou faturar politicamente com o cadáver. Nojo. Por que é assim?
Porque aqueles 50 mil não são nada, não têm pedigree, não permitem proselitismo
— ao contrário: eles só provam a falência do governo nessa área.
Da mesma sorte, Maria Rita
Kehl e outros que pensam desse modo têm um profundo desprezo pelos meninos e
meninas que fazem rolezinhos por rolezinhos. Para eles, isso é coisa da
sociedade de consumo, entendem? Maria Rita Kehl deixa claro, ainda que não diga
com todas as letras: ela só se interessa pela coisa porque vê nela “a denúncia
da discriminação”. Para dona Maria Rita Kehl, pobre tem de carregar bandeira ou
não merece respeito. É assim que interpreto a sua fala.
E de igual modo atuam todos os
militantes que falam em nome de “minorias”. Ou não é verdade que Joaquim
Barbosa, ministro do Supremo, chegou a ser chamado de branco e feitor de
escravos só porque condenou os pistoleiros do mensalão? “Ora, como um negro
ousa condenar esquerdistas? Então não é um bom negro!” Atenção! Um ex-ministro
da Igualdade Racial, Edison dos Santos, um negro, disse algo semelhante sobre o
ministro do STF. Aquele garoto que caiu do viaduto ganhou visibilidade porque
era gay e negro. Fosse branco e hétero, seria mais um dos mortos anônimos.
Maria do Rosário ignoraria o caso solenemente.
Esses subintelectuais não
gostam do povo que há, não, senhores! Na verdade, odeiam! O povo que
reverenciam é outro, saído dos manuais revolucionários do fim do século
retrasado.
De resto, reparem: os
rolezinhos, tudo indica, tendem mesmo a arrefecer. As meninas e meninos, os
“excluídos” de Maria Rita Kehl, que compravam blusas e bermudas novas para se
exibir; que marcavam manifestações para mostrar seus tênis da Osklen, suas camisetas
da Hollister e seus bonés da John-John foram substituídos pela turma que
conserva aquela estética sujinho-universitária. Sai a molecada com vistosas
correntes no pescoço e cabelos cuidadosamente desenhados, e entram os
Remelentos & Mafaldinhas que fazem a linha “pensador ensebado”.
Título, Imagens e Texto: Reinaldo Azevedo, 19-01-2014
Leitura complementar:
Rolezinhos: “Eu não quero ir no seu shopping”
A ideia de que os rolezinhos
são “protestos” e de que seus integrantes querem invadir os “shoppings dos
ricos” é de quem não conhece a periferia. Os rolezeiros querem é se divertir,
namorar e comprar roupas de marca. Tudo bem longe da “playboyzada”.
(…)
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