Alberto Gonçalves

Na tarde de 11 de Setembro de
2001, sofri um portentoso ataque de ingenuidade e, por momentos, presumi que os
atentados nos EUA explicariam enfim ao mundo a legitimidade da resistência de
Israel ao terrorismo. Voltei ao normal em dias ou horas, o tempo suficiente
para que certo mundo desatasse a "compreender" as dores da
"rua" islâmica, a reforçar a repulsa pelos EUA e a redobrar o
anti-semitismo, perdão, o anti-sionismo. À semelhança da cegueira ideológica, a
má-fé não aprende nada, excepto a evitar a realidade.
Excepto para os viciados em
metanfetaminas que a bem do colesterol hesitam em ingerir uma morcela, o
arrependimento não é para aqui chamado. Se o país não erradicou o comunismo
após os arremedos revolucionários de Cunhal, Otelo e Vasco Gonçalves (por
pudor, não falo do rastro de sangue e miséria que a conversão dos povos à
felicidade espalhou - e espalha - pela Terra), a que propósito ficaria
"vacinado" por causa de novo assalto ao poder, uma pequenina supressão
das liberdades e a trivial bancarrota? O razoável PS faliu-nos em três ocasiões
e nunca se viu remetido para a obscuridade que merecia. Depressa atribuída aos
"mercados", à Sra. Merkel, a Passos Coelho e às conspirações do
costume, uma quarta falência não fará grande diferença, e a diferença que fizer
custará demasiado.
Além de enganadora nas
expectativas, a "vacina" é desaconselhável nos efeitos: no fundo,
sugere a resignação de todos os cidadãos que ainda não endoideceram, de
Novembro em diante condenados a consentir uma burla e a contemplar um desastre.
Embora banhada nas melhores intenções, a ideia da "vacina" acaba por
tornar o desastre consolador e a burla tolerável, dois equívocos que pagaremos
com juros.
Isto tudo para dizer que
Cavaco Silva não deve ceder a chantagens e nomear o Sr. Costa. Pretextos
"técnicos" não lhe faltam, desde a inexistência de um acordo de facto
(na quinta-feira, o Sr. Jerónimo assumiu o carácter fictício do mesmo) às
promessas implícitas e explícitas dos partidos comunistas em remover-nos do
Ocidente rumo à balbúrdia exótica que estiver em voga. Mas a verdadeira razão
prende-se com a Sagrada Constituição, cujo artigo 120.º informa que o
Presidente da República garante "o regular funcionamento das instituições democráticas".
A "frente popular" nem ganhou eleições nem é democrática. A
"vacina" é a própria doença, está nos livros. E estaremos feitos.
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