João Bosco Leal
A educação de um povo é,
certamente, a única maneira de fazer com que um país cresça social, política e
economicamente.
Em contrapartida, vemos países
com regimes autoritários, dirigidos por pessoas que fazem de tudo para se
manter no poder e normalmente saqueiam sua nação em proveito próprio e dos
seus, deixando o povo sem saúde, segurança e, principalmente, sem educação para
que, sem cultura, continuem se satisfazendo com o muito pouco que estes
governos lhes fornecem.
Recebendo educação, a
população vai cada vez mais entendendo essas diferenças e passa a escolher
melhor, tanto o regime político a que querem se submeter como também seus
mandatários, democraticamente eleitos pelo povo.
É com a educação que nossas
mentes vão se abrindo para novas experiências, e começamos a enxergar o que
existe à nossa volta e o que poderia existir, seja imaginando coisas ou
observando as experiências de outras pessoas ou povos.
Com ela passamos a entender a
necessidade de lutar contra as injustiças, sejam quais forem, pois ninguém será
plenamente feliz enquanto milhões sofrem por motivos diversos. Em nosso próprio
país, pessoas passam fome, sede, não possuem teto ou um agasalho, vivem sem
acesso à educação e, por isso, se submetem a migalhas fornecidas por coronéis
da política que nada mais querem do que sua permanência no poder.
É inacreditável como o
brasileiro reclama do governo, dele espera tudo, mas não participa
politicamente de nada, não se candidata a nenhum cargo, seja para o de líder de
bairro ou de síndico do prédio. Sem a participação política - ao menos em
protestos públicos sobre o que está reclamando - nada será mudado.
São os políticos que aí estão
que fazem as leis, que anualmente votam o orçamento de quanto da arrecadação
total do governo será gasto, no ano seguinte, em saúde, educação, habitação,
infraestrutura, etc., e com seus salários, verbas de gabinetes, seus asseclas e
suas mordomias.
Assim, sempre faltará dinheiro
para a educação e saúde, mas haverá para a propaganda pessoal e para projetos
espetaculares, de bilhões de dólares, financiados pelo BNDES, inclusive em
outros países, desde que administrados por "companheiros" ideológicos
dos que hoje estão no poder.
Como fazer de conta que tudo
está bem se isso não é verdade? Como admitir que, depois de décadas de
investimentos milionários, nossos irmãos nordestinos continuem sem água, se
todos os estados da região possuem acesso ao mar e há anos a tecnologia de
dessalinização da água é uma realidade e irriga milhões de hectares de terras
em diversos países?
Em Cancún, conheci até uma
fábrica de cerveja fabricada com a água do mar e toda a população lá existente,
além dos mais de 6.000 turistas diários que visitam a ilha, só possuem essa
água para beber e para sua higiene pessoal.
Sem ao menos a educação básica
da população mais humilde e a politização da população mais instruída,
continuaremos, por décadas, vendo estados como o Maranhão dominados por uma
única família que, para ter se tornado milionária - e dessa forma se manter -,
deixou sem cultura e na miséria toda a população de um estado.
Ou nos politizamos e elegemos somente verdadeiros patriotas ou, mais
rápido do que se imagina, o Brasil será uma nova Venezuela.
Título e Texto: João Bosco Leal, jornalista, escritor e empresário, 13-11-2015
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