Vitor Cunha
Não tem havido dia sem uma ou
outra notícia do acordo, o tal que não só não é acordo como nem sequer existe
além do desejo humano de explicar o desconhecido sem recorrer ao paranormal.
Temos discorrido centenas de páginas sobre um assunto meramente burocrático: a
forma para-legal para que uma insalubre vara de zuretas chegue ao poder, poder
que considera seu por declaração de zelo pelo que é belo e justo, quer a plebe
o queira – e não quer, houve eleições –, quer não queira – que não quer, houve
eleições.
Leio explicações sobre o
brilhantismo deste ou daquele indivíduo ligado à “esquerda”, a perpétua
meretriz puérpera de todos os abusos e sagradas autocracias, e, entre os
elogios às resplandecências de méritos académicos e vastos conhecimentos
demonstrados na endógena máquina de afago em libertina sincronização do
movimento das carruagens do comboio, percebo que, pouca-terra, pouca-terra, a
ilusão vai penetrando na penumbra do túnel ávido por ritmada zoeira que lenta e
continuadamente o escacha por anuência num combate perdido contra o
entorpecimento.
Não há protagonistas bons na
novela. Triste sina a de uma mãe que, após anos de dedicação, provimento e
agasalho, encontra o filho a “unir as esquerdas”. Avancem lá com isso mas não
aborreçam mais a plebe: já há muito que percebemos que os fins justificam os
meios. Temos uma vidinha para viver. Saqueiem lá o que têm que saquear, só, por
piedade, não nos aborreçam mais com esforços desnecessários de desconexas
justificações.
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