Nuno Gouveia
"Médico socialista obriga
Governo a mudar nomeação" ou "Ministro da Saúde cede a pressões
de Eduardo Barroso e retira convite para nomeação hospitalar". Se esta noticia do i tivesse acontecido
há três meses e com diferentes protagonistas, estaríamos certamente perante um
escândalo nacional e que teria direito a capas de jornais e de telejornais, com
pedidos de demissão do Ministro em causa e diversas horas de comentário
político nas televisões. Pacheco Pereira diria que é a prova que o Governo é
incompetente e teríamos o Partido Socialista a destacar que o Ministro da
Saúde não tem força política para o cargo. PCP e BE, como é evidente,
pediriam a sua demissão. Nas redes sociais, destacados activistas
de esquerda não se calariam por esta ingerência inadmissível de um
destacado e conhecido membro de uma família do partido do governo. Manuela
Ferreira Leite diria que tem muito respeito pelo médico em questão, mas que
isto é um verdadeiro escândalo e tem de haver consequências. Como isto se
passou com o actual governo, apenas temos esta noticia do i e uma outra do
Observador há uns dias.
Mas vivemos um "tempo
novo", como tem repetidamente afirmado Sampaio da Nóvoa, o candidato
apoiado oficialmente por Arnaldo Matos, aka Espártaco. E o que é este
"tempo novo", que Nóvoa não conseguiu explicar ainda? Talvez a
resposta esteja mesmo aqui: agora, os escândalos são fait-divers sem
direito a grande cobertura mediática. As más notícias são enterradas numa
qualquer nona página dos jornais. Quem critica o Governo é
"raivoso" e tem mau perder. Nos programas de comentarismo, com
honrosas excepções, apenas há direito a elogios ao novo governo e a palavras
que destacam o quão maldosos foram os membros do governo anterior.
Neste tempo novo, Costa é o messias invencível e nada o pode atingir. Lembro-me
que já vivemos um tempo semelhante. Depois veio a bancarrota.
E a Ana Lourenço, no Jornal das 10, na SIC, faria a chamada para a matéria:
"Médico do PSD obriga ministro da Saúde a recuar!"
"Médico do PSD obriga ministro da Saúde a recuar!"
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