segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A eleição para prefeito do Rio: uma primeira avaliação pós-convenções

Cesar Maia

1. Após a eleição municipal de 2012, uma análise interna do instituto GPP afirmava que os 23% dos votos (incluindo brancos e nulos) conquistados pelo deputado Freixo incluíam os votos anti-Paes pelo efeito voto-útil, na medida em que os demais candidatos perderam fôlego eleitoral. E concluía que o voto efetivo em Freixo estava mais próximo dos 50% que obteve. As pesquisas informadas agora em 2016 confirmaram isso.

2. O efeito-PT-impeachment, por enquanto, afetou destacadamente a deputada Jandira Feghali, que está a menos da metade do que obteve em 2008 para prefeito. E ocupa um modesto quinto lugar. Com as informações de hoje, tenderá a servir como base para o voto útil em Freixo.

3. O deputado Molon precisará desesperadamente que Marina Silva (que continua a mais popular no Rio) o carregue no colo. Ele enfrenta dois problemas:
a) Não ter nunca se aproximado dos temas regionais;
b) Apesar de aparecer muito no noticiário da TV, ainda não desenvolveu carisma. É percebido como um acadêmico. Permanece longe, em último.

4. O senador Crivella continua liderando com folga. A esperada saída de Romário, que este Ex-Blog previa, o favoreceu. Por outro lado, todos os vetores evangélicos expressivos passaram a apoiá-lo, mesmo os que estão em outros partidos. E atraiu o PR, o que dá uma boa exposição na TV. Crivella definiu uma boa coordenação de programa e até criou uma assessoria católica com tradição próxima à Cúria.

5. Bolsonaro, com a marca do pai, mantém-se em terceiro lugar, a dois pontos de Freixo. As análises de institutos ainda não identificaram seu potencial de crescimento. Dependerá da campanha em si. O tema segurança o beneficia mais que o uso por outros candidatos. A chave será convencer o eleitor que prefeito pode mesmo fazer alguma coisa. E tem o voto em corporações conservadoras.

6. Em seguida, Índio, mais de dois pontos a menos que Bolsonaro, e de boa imagem televisiva, não terá mais o apoio do PR, que contava. O tema segurança que tem destacado em comerciais será difícil tirar de Bolsonaro. Pedro Paulo, em sexto, um ponto abaixo de Jandira, terá que torcer pelo impacto dos JJOO em relação àa imagem do prefeito, de forma a recosturar a sua própria imagem. Conta com seu tempo de TV e as imagens projetadas para frente do que a prefeitura fez.

7. Osório vem dois pontos abaixo de Pedro Paulo e quase no mesmo nível que Molon. Conta com Aécio para atrair o PSB, que traria tempo de TV e grife. Disputa o PSB com Índio e Crivella. Leva vantagem pelo fato de o presidente do PSB ser deputado católico orgânico.

8. Um assessor do prefeito dizia outro dia que os números de 2016 vão repetir os de 1992, ou seja, quem chegar aos 15 pontos estará no segundo turno. É provável. Supondo que a situação de Crivella esteja consolidada para o segundo turno (vide as eleições de 2008 e 2014, muito mais competitivas), a briga será pelo segundo lugar. Os candidatos deixarão de olhar para Crivella e disputarão espaço entre eles.

9. Lembre-se da história dos dois homens e o tigre. Um deles disse ao outro:
não quero correr mais que o tigre. Quero correr mais que você.” 
Título e Texto: Cesar Maia, 1-8-2016

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