Rodrigo Constantino
A marca da esquerda moderna é
a politização de tudo na vida, até mesmo dos órgãos sexuais de cada um, ou do
esporte. Tudo precisa virar bandeira política, ser encaixado na narrativa de
“opressores e oprimidos”, a ideia de luta de classes marxista que até hoje
seduz aqueles indispostos ao exercício do raciocínio honesto.
Claro que não seria diferente
na Olimpíada. Se Rafaela Silva vence o ouro no judô, não foi a vitória espetacular
de uma menina determinada, que contou com o apoio de voluntários em seu
treinamento (conheço alguns), mas sim a marca da negra pobre que, apesar das
elites, chegou no topo. O discurso precisa ser enquadrado na ideologia,
apesar dos fatos.
O ouro de Thiago Braz no salto
com vara criou, nesse sentido, um desafio e tanto para essa esquerda. Como
adaptar o feito ao discurso de vitimização das “minorias”, se o garoto é
branco, heterossexual e cristão? E pior: o que fazer diante de sua própria
declaração acerca da importância de sua fé em sua conquista?
Esse foi o tema da coluna
de hoje de Carlos Andreazza no GLOBO. Já antecipando toda a patrulha que virá
em cima do rapaz, Andreazza dissecou a múmia esquerdista, que vive do vitimismo
e enxerga golpe em todo lugar, que precisa demonizar os militares para
reacender a chama dos anos 1960, já bem apagada, mas fundamental para mantê-la
– múmia – viva, respirando a asfixia de suas inversões históricas. Diz
Andreazza:
Aos 22 anos, é um vencedor
cuja vida não empresta à exploração política — um ganhador brasileiro que não é
mais sofrido que os outros, que não chegou ao lugar mais alto do pódio apesar
das barreiras impostas pela sociedade, mas por consequência de seus méritos
individuais, do treinamento, da concentração.
Thiago não dá textão. É,
também por isso, o que o Brasil tem de melhor — e representa aquilo que mais
poderosamente pode decorrer do esporte: exemplo. […] A combinação
bem-sucedida entre equilíbrio e coragem demonstra que ainda é possível não ser
adolescente.
[…]
No Brasil, país incapaz de
exame interior, perder cada vez mais é culpa do outro, da elite, do Temer. No
Brasil, ganhar é apesar de. Não se vai muito longe dessa forma. O chororô,
porém, é livre. Assim como livre sou para escrever que Olimpíada não é
assembleia do PSOL.
[…]
Um jovem prestar
continência à bandeira do Brasil é lindo. Feio é marmanjo fazer discurso
nacionalista e se calar ante o assalto à Petrobras.
[…]
A politização de todos os
aspectos da existência é a profissão verdadeira de muita gente influente.
Thiago Braz, entretanto, é enredo impossível, desesperador, para essa galera:
branco, heterossexual, casado, militar e cristão — e do tipo mais corajoso,
aquele declarado, que fala o nome de Deus.
PT, PSOL, Rede, PCdoB, todos
esses partidos de esquerda disputam o mesmo mercado: o da elite culpada,
sensível ao mimimi das “minorias”. E por isso precisam bancar as eternas
vítimas, ou seus representantes. Por isso também politizam tudo, inclusive o
sexo e o esporte.
Mas e quando o vencedor não
aceita essa narrativa sensacionalista? E quando ele não representa nenhuma
dessas “minorias”? Aí bate desespero. E a patrulha vem em cima, pois não
suporta aquele que é seu maior inimigo desde sempre: o indivíduo independente,
que assume a responsabilidade por seus erros, e o mérito por suas conquistas.
Título e Texto: Rodrigo Constantino, 23-8-2016
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