mrk
A política muitas vezes parece ser imprevisível,
mas no fundo em grande parte do tempo vemos os padrões se repetindo.
A Revista Veja diz já em sua
nova capa que Luis Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro são “os candidatos que
assustam”.
Veja abaixo:
Mas o problema de cara já
aparece com o fato de que Lula já foi presidente do Brasil por oito anos e teve
uma sucessora governando por mais cinco anos e meio. Ou seja, os motivos para temer
Lula são claros. Ele tentou transformar o Brasil numa Venezuela.
Quanto a Jair Bolsonaro, se há
incertezas em relação ao seu possível governo – que pode ser menos pró-mercado
do que a direita espera – isto ainda é uma incógnita.
O que vemos, então, é a
tradicional equivalência moral: alguém que pertence à extrema-esquerda, com
Lula, é tratado no mesmo patamar que um candidato de centro-direita como Jair
Bolsonaro, que possui tanto pautas claramente direitistas como algumas
capitulações à esquerda (a questão do discurso contraditório sobre as estatais
é um exemplo). Recentemente, Bolsonaro disse que tinha muitas coisas em comum
com Ciro Gomes.
Fica claro que a Revista Veja
tem um alto nível de tolerância à extrema-esquerda, mas nenhum nível de
tolerância a qualquer opção de direita. Compreende-se: como muitos dos meios da
mainstream media, eles sempre gostaram muito dos anúncios vindos de estatais.
Para a Revista Veja, o ideal é
um candidato da esquerda caviar, que também representará grupos de extrema-esquerda na política identitária, mas seria menos estatizante do que faria um
governo do PT. No nível de cinismo e fingimento em que se encontra a mídia
atual, vão tentar vender esse candidato como “de centro”.
O nome é Luciano Huck, adorado
por toda a elite de artistas milionários de extrema-esquerda da Rede Globo,
representante de oligarquias que desejam destruir a concorrência a partir da
regulação e que terá em sua base de campanha muita gente da Rede e do PSOL,
além de movimentos que utilizarão a narrativa do “nem, nem”, ou seja, fingindo
não serem “nem de direita e nem de esquerda”, mas atendendo aos anseios do
estatismo e do politicamente correto, tão caros aos últimos.
Ou seja, a Revista Veja cria
fantasias sobre o candidato de direita Jair Bolsonaro para disfarçar seu
candidato esquerdista Luciano Huck como “centrista”.
Ainda estamos em tempo de
desmascarar o truque.
Em tempo: o ideal, para a
direita, é que o “Macron brasileiro” fosse João Doria, mas ele está fragilizado
pelo alto nível de oportunismo da direita e do centro no Brasil. Isso inclui
principalmente a turma do PSDB (que prefere brigar internamente do que
construir alternativas viáveis de poder), sua própria campanha como também
atitudes vindas de setores da direita, que vem buscando o isolamento por meses.
No centro e na direita, todos estão pisando feio na bola por excesso de
oportunismo. Mas isso não exonera a Veja de sua picaretagem.
Título, Imagem e Texto: mrk, Ceticismo Político, 3-11-2017
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