segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Desapareça, minha senhora

Rui A.

A senhora da fotografia, que dá hoje uma entrevista auto laudatória ao Diário de Notícias (e quem mais se sujeitaria a isto?…), foi ministra da Administração Interna do governo que assistiu impotentemente à maior tragédia humana do Portugal democrático. Uma tragédia que aconteceu uma vez, e nela morreram 65 pessoas, e, poucas semanas depois, outra vez, tendo então falecido mais 45. Pelo menos, 110 vítimas, em consequência de acontecimentos que lhe competia – a si, ao seu ministério e aos serviços sob a sua dependência – evitar. Mas estes mortos, que pesam sobre todo o país, parecem importar-lhe pouco.

Do que ela mais cuida, poucos meses passados sobre a tragédia, é da sua imagem pública, fazendo-se entrevistar para se colocar no lugar de vítima, disparando para todos os lados, até mesmo usando a tão em voga «discriminação» de género («Senti que se tivesse sido um homem a passar pelas mesmas circunstâncias talvez tivesse merecido mais respeito»).

Pois bem, minha senhora, caso não tenha ainda entendido, as pessoas comuns não querem saber de si para nada. Não lhes interessa saber se é uma joia de moça, se é ou não é «calculista», se agiu ou não «a pensar no sound byte». O que as pessoas comuns querem saber é o que, de facto, ocorreu nesses dois dias trágicos de junho e de outubro, e por que é que morreram tantas dezenas de pessoas que os serviços do estado, ao seu cuidado, deviam proteger.

Vir para a comunicação social que não seja para exigir o cabal esclarecimento de tudo o que ocorreu sob a sua responsabilidade, quando ainda pairam muitas nuvens a respeito, é de um profundo mau gosto, de um egocentrismo exacerbado e de uma falta quase autista da proporção das coisas, que só podem revelar um carácter. Por isso, minha senhora, pense mais nos outros e menos em si. E se não for capaz disso, desapareça da ribalta por uns tempos. 
Título, Imagem e Texto: Rui A., Blasfémias, 7-1-2018

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