Haroldo Barboza
Muitas pessoas não se incomodaram muito quando foram implantados programas de Qualidade nas empresas. Acreditavam que seria mais um modismo do tipo que não emplaca seis meses devido à falta de consistência no seu contexto.
Porém, quando começaram a
perceber que o tempo de duração dos mesmos estava se alongando, já arregalaram
as pestanas e as orelhas. Notaram que a linguagem cotidiana entre setores
estava impregnada de vários termos específicos sobre melhoria nas rotinas.
Passaram a se preocupar com os novos rumos. Comprovadamente, as ideias agora
expostas, tornaram evidentes as formas obsoletas, difíceis, confusas e
caras de realizar tarefas simples, cuja fachada esconde heranças de burocracia
secular e acomodação de um segmento que não pretende dar cultura à maioria,
para continuar se intitulando especialistas na área onde passam a maior parte
do tempo embromando.
Então, mudaram o discurso de
combate. Até passaram a divulgar que estão dispostos a mudar juntos, mas não
encontram apoio gerencial nem existem canais de comunicação para
esclarecimentos sobre o assunto. A seguir, começaram a dizer que tinham de
escolher entre trabalhar e desperdiçar tempo em teorias extensas, sem aplicação
imediata no seu cotidiano. Alegaram que perdiam mais tempo medindo indicadores
e documentando rotinas supérfluas, do que trabalhando (na verdade,
desperdiçando recursos, na maioria dos casos).
É claro que os honestamente
crentes nos benefícios das novas atitudes (baseadas em ideias antigas, mas não
praticadas), também se afobam na ânsia de utilizar novas técnicas e ferramentas
para obter resultados fabulosos em curto espaço de tempo. E como isto não
ocorre na maioria dos casos por se tratar de um processo lento, estes temas
fornecem subsídios aparentemente sólidos aos descrentes.
Na verdade, o que se precisa
internalizar em todas as mentes e corações, é que a Qualidade não é uma tarefa
A MAIS, que se exerce caso haja sobra de tempo. É simplesmente fazer melhor
agora, o que já foi feito nas ultimas dez ou quatrocentas vezes.
Se você tem dificuldade em
perceber alguma melhora pelo fato de estar no centro da tempestade, pode
coletar opiniões dos que estão à sua volta ou dos que fazem uso do seu serviço/produto.
Quem é avesso a medir, comparar, analisar e registrar, tem que se lembrar que o mesmo acontece com os pesquisadores e cientistas, que levam vários anos efetuando testes e análises, que são transformados em elaboradas soluções, dez ou vinte anos depois, por OUTRA geração. Disto também tem que se lembrar quem gerencia e deseja espantosos resultados positivos em curto período, seja por vaidade, pelo desejo de não se sentir atrasado em relação aos demais ou por convicção mesmo.
Os mais comedidos, acreditam
que talvez, pelo bem da própria Qualidade, seja conveniente evitar pronunciá-la
com excessiva frequência, pois suas virtudes falam por si ao longo do tempo. O
importante é convidar cada um para administrar a sua rotina cada dia MELHOR, o
que exige no mínimo, boa documentação das tarefas, para ajudar ao substituto
eventual e permitir que outros possam sugerir MELHORIAS após lê-las,
objetivando atender PLENAMENTE a quem depende delas.
Os mais corajosos e dinâmicos,
acreditam que é necessário intensificar a propaganda em prol dos programas de
Qualidade, massificando (sem tornar maçante) ao máximo, as teorias relativas
aos assuntos, quase que uma lavagem cerebral, para desintoxicar mentes viciadas
após diversos anos de práticas enganosas e danosas apreciadas pelos que nos
governam.
Haveria uma terceira corrente
de equilíbrio, oriunda da junção das duas acima?
Não importa. O que vale é o
esforço transparente no sentido de praticar mais e teorizar menos, para
sensibilizar os ainda indecisos e silenciar os que se escondem nas sombras da
barulhenta incompetência.
Título e Texto: Haroldo Barboza, janeiro de 2005
A "qualidade" é fundamental para o bom funcionamento dos setores empresariais, porém, deve ser trabalhada em "conjunto", individualmente, ocasiona apenas em um "ruído" que a impedem de elencar valor ao serviço ou produto oferecido.
ResponderExcluirBem lembrado por Deusenir!
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