Cesar Maia
1. Itália: Conte
O primeiro-ministro italiano discursou no Senado, defendendo a redução da
dívida pública, mas sem recorrer à austeridade.
"Hoje, estamos diante de vocês para vos pedir a confiança não só
numa equipe de governo, mas também num projeto para a mudança de Itália",
disse o novo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, num discurso no
Senado. "A verdade é que criamos uma mudança radical e estamos orgulhosos
disso", acrescentou, defendendo que Itália deve reduzir a sua enorme
dívida pública, mas através do crescimento e não recorrendo a medidas de
austeridade.
A coligação de governo, formada pelo Movimento 5 Estrelas (M5E,
antissistema) e a Liga Norte (extrema-direita) conta com uma maioria de dez
votos no Senado e ainda maior no Congresso dos Deputados, onde amanhã haverá um
novo voto de confiança.
Conte, um professor de Direito de 53 anos, discursou ao lado dos dois
vice-presidentes: o líder do M5E e ministro do Trabalho e Indústria, Luigi di
Maio, e o líder da Liga Norte, Matteo Salvini, que ficou também com a pasta do
Interior.
![]() |
Foto: Andreas Solaro/AFP |
"As forças políticas que formam este governo têm sido acusadas de
ser 'populistas' e 'antissistema'. Se 'populismo' significa que a classe
governante ouve as necessidades das pessoas e se 'antissistema' significa
querer introduzir um novo sistema, que remove velhos privilégios e poder
incrustado, então estas forças políticas merecem ambos os epítetos",
referiu.
A dívida pública italiana é a segunda maior da zona euro, depois da
grega. "É hoje totalmente sustentável, mas deve, contudo, ser reduzida,
numa perspectiva de crescimento econômico", referiu o novo
primeiro-ministro, alegando que é preciso reduzir a diferença de crescimento
entre a Itália e a Europa. "É o nosso objetivo."
"A Europa é a nossa casa", assegurou ainda Conte, que lidera a
coligação que quer também melhorar as relações com a Rússia. O
primeiro-ministro defendeu "uma Europa mais forte, mas também mais
justa". Na sua opinião, as regras fiscais que geram a zona euro devem ter
como objetivo "ajudar os cidadãos", uma discussão que Itália quer
liderar.
Conte indicou que a prioridade do governo será a introdução de um novo
rendimento universal para os mais necessitados, uma das promessas eleitorais do
M5E, assim como travar a entrada irregular de migrantes, uma promessa da Liga.
Conte disse que quer acabar com "o negócio da imigração, que cresceu fora
de proporção, sob o manto da falsa solidariedade. Antes, Salvini defendera que
a Itália vai deixar de ser "o campo de refugiados da Europa".
Depois de garantir os votos de confiança, Conte irá viajar para o
primeiro compromisso internacional: a cimeira do G7 no Canadá, que começa na
sexta-feira.
2. Espanha: Rajoy
Mariano Rajoy comunicou que abandona a liderança do Partido Popular (PP)
e também a política. O anúncio surge apenas três dias após o socialista Pedro
Sánchez tomar posse como chefe do Governo espanhol.
“Senti-me muito reconfortado pelo vosso apoio nestes dias que não foram
fáceis para mim”, disse Rajoy. “Chegou o momento de colocar um ponto final
nesta história. O PP deve avançar sob a liderança de outra pessoa. É o melhor
para mim e para o PP”, acrescentou. “E creio que também para Espanha. Todo o
resto não importa nada.”
Rajoy discursava num encontro do Comitê Executivo do PP, que terá agora
de organizar um congresso extraordinário para escolher o novo líder. “Cumprirei
o meu mandato até que elejais a pessoa que vai suceder-me.”
Diante dos seus pares, que o receberam com uma ovação, Rajoy passou em
revista os seus anos no Palácio da Moncloa e mostrou-se pessimista em relação
ao futuro do Governo atualmente em funções. “Hoje Espanha é governada por quem
não ganhou quaisquer eleições gerais, o que é um grave precedente. E para o
fazer faz-se acompanhar por independentistas e pela esquerda radical e
populista. É um projeto débil, incerto e instável”.
Mariano Rajoy assumiu a presidência do PP em 2003, designado por José
María Aznar. Desde então, perdeu duas eleições gerais (2004 e 2008) e venceu
três (2011, 2015 e 2016). Presidiu ao Governo de Madrid durante quase sete anos
(2011-2018).
Título e Texto: Cesar Maia, 7-6-2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-