João Caetano Dias
A Quarta Vaga de Emigração
Cubana ficou conhecida como Crise dos Balseros. Em 1994, milhares de cubanos
arriscaram a vida em minúsculas e precárias embarcações, as balsas, com o objetivo
de alcançar a costa da Florida. A crise durou algumas semanas e durante esses
dias centenas de cubanos desapareceram no mar.
A debandada terminou quando as autoridades americanas, cumprindo ameaças anteriores, decidiram transportar de volta à ilha todos os imigrantes encontrados no mar. A razão dessa recusa em aceitar os migrantes nada teve a ver com políticas de imigração.
A situação de debandada da
Cuba socialista para a América capitalista era uma robusta demonstração da
falência do socialismo, mais efetiva que mil discursos, debates ou artigos de
opinião.
A razão pela qual os EUA
devolveram os emigrantes a Cuba foi apenas uma: era preciso que a torrente
estancasse. Enquanto os candidatos a balseros acreditassem que a probabilidade
de sucesso era significativa, continuariam a arriscar a vida no mar. O que o
presidente Clinton fez na altura foi erigir um muro no Estreito da Flórida.
O que se passa atualmente no
mediterrâneo mostra que a lição não foi aprendida. A única política que poderá
pôr termo à mortandade no mar é a Tolerância Zero. Todos os
imigrantes devem ser recolhidos e salvos do mar, mas de imediato devolvidos ao
país de origem. Só quando a convicção generalizada nos países emissores for que
a probabilidade de sucesso é nula é que o Mediterrâneo deixará de ser um
cemitério.
Repare-se na hipocrisia
ocidental: fecham-se os aeroportos aos imigrantes, mas se eles se atiram ao mar
em barcaças recebemo-los de braços abertos. E ainda lhes oferecemos dinheiro e
diz-se em voz alta que são bem-vindos. A mensagem que chega aos países de
origem é clara: A única forma de chegar ao El Dorado é arriscar a vida no mar.
A opção de Pedro Sanchez em
receber os imigrantes em Valência com discursos de bom samaritano, pode parecer
humanista, mas é criminosa. Se Pedro Sanchez quer que a Espanha receba os
imigrantes, dê-lhes um visto e receba-os em Barajas. Assim, é só
hipocrisia e incentivo à tragédia.
Título, Imagem e Texto: João Caetano Dias, Blasfémias,
18-6-2018
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