quarta-feira, 20 de junho de 2018

Assassinos de Bom Coração

João Caetano Dias

A Quarta Vaga de Emigração Cubana ficou conhecida como Crise dos Balseros. Em 1994, milhares de cubanos arriscaram a vida em minúsculas e precárias embarcações, as balsas, com o objetivo de alcançar a costa da Florida. A crise durou algumas semanas e durante esses dias centenas de cubanos desapareceram no mar.


A debandada terminou quando as autoridades americanas, cumprindo ameaças anteriores, decidiram transportar de volta à ilha todos os imigrantes encontrados no mar. A razão dessa recusa em aceitar os migrantes nada teve a ver com políticas de imigração.

A situação de debandada da Cuba socialista para a América capitalista era uma robusta demonstração da falência do socialismo, mais efetiva que mil discursos, debates ou artigos de opinião.

A razão pela qual os EUA devolveram os emigrantes a Cuba foi apenas uma: era preciso que a torrente estancasse. Enquanto os candidatos a balseros acreditassem que a probabilidade de sucesso era significativa, continuariam a arriscar a vida no mar. O que o presidente Clinton fez na altura foi erigir um muro no Estreito da Flórida.

O que se passa atualmente no mediterrâneo mostra que a lição não foi aprendida. A única política que poderá pôr termo à mortandade no mar é a Tolerância Zero. Todos os imigrantes devem ser recolhidos e salvos do mar, mas de imediato devolvidos ao país de origem. Só quando a convicção generalizada nos países emissores for que a probabilidade de sucesso é nula é que o Mediterrâneo deixará de ser um cemitério.

Repare-se na hipocrisia ocidental: fecham-se os aeroportos aos imigrantes, mas se eles se atiram ao mar em barcaças recebemo-los de braços abertos. E ainda lhes oferecemos dinheiro e diz-se em voz alta que são bem-vindos. A mensagem que chega aos países de origem é clara: A única forma de chegar ao El Dorado é arriscar a vida no mar.

A opção de Pedro Sanchez em receber os imigrantes em Valência com discursos de bom samaritano, pode parecer humanista, mas é criminosa. Se Pedro Sanchez quer que a Espanha receba os imigrantes, dê-lhes um visto e receba-os em Barajas. Assim, é só hipocrisia e incentivo à tragédia.
Título, Imagem e Texto: João Caetano Dias, Blasfémias, 18-6-2018

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